// Estar com Deus: 2014

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

QUEM FORAM OS REIS MAGOS?


Um ótimo apanhado do blog Ciência confirma a Igreja, publicado por Luis Dufaur.

Um antigo documento conservado nos Arquivos Vaticanos lança uma certa luz, embora indireta e sujeita a caução, sobre a pessoa dos Reis Magos que foram adorar o Menino Jesus na Gruta de Belém. A informação foi veiculada por muitos órgãos de imprensa e páginas da Internet. O documento é conhecido como “A Revelação dos Magos”. Provavelmente seja algum “apócrifo”, nome dado aos livros não incluídos na Bíblia. Portanto, não são “canônicos”, apesar de poderem ser de algum autor sagrado.

Entretanto, uma extrema ponderação em apurar a verdade faz com que a Igreja não recuse em bloco esses “apócrifos” e reconheça que pode haver neles elementos históricos ou outros que ajudem à Fé. Por isso mesmo, o Vaticano conserva a maior coleção mundial desses “apócrifos”, e os põe à disposição dos críticos de todas as religiões que queiram estudá-los.

A Igreja não tem medo de que possa sair qualquer coisa que desdoure a integridade e a santidade da Bíblia. Antes bem, deseja ardentemente encontrar qualquer dado que possa ajudar a melhor compreendê-la. 

O apócrifo “A Revelação dos Magos” aparenta ser um relato de primeira mão da viagem dos Reis do Oriente para homenagear o Filho de Deus. Só recentemente foi traduzido do siríaco antigo. O mérito é do Dr. Brent Landau, professor de Estudos Religiosos da Universidade de Oklahoma, EUA, que dedicou dois anos para decifrar o frágil manuscrito.

Trata-se de uma cópia feita no século VIII a partir de algum original perdido que, por sua vez, fora transcrito meio milênio antes. Portanto, a fonte original desse apócrifo dos Reis Magos remonta a menos de um século depois do Evangelho de São Mateus. O documento levanta questões em extremo interessantes: quem foram ao certo, os Reis Magos? Foram três? Quais eram seus nomes? De onde vieram? Por quê? 

Vejamos primeiro o que nos diz a única fonte digna de fé religiosa, o Evangelho de São Mateus: Capítulo 2, Versos 1 e subsequentes. A narração de São Mateus contém tudo o que é necessário para a Fé. Mas com o beneplácito e a aprovação da Igreja a piedade popular acrescentou muitos outros pormenores, que foram transmitidos por tradição oral e que são aceitos sem contestação.
O que diz a Tradição sobre seu número, condição, proveniência e destino?

É aqui que entra o papel do grande São Beda, o Venerável (673-735), Doutor da Igreja e monge beneditino nas abadias de São Pedro e São Paulo em Wearmouth, e na de Jarrow, na Nortumbria, Inglaterra. São Beda é uma das máximas autoridades dos primeiros tempos da Idade Média pelo fato de ter recolhido relatos transmitidos oralmente pelos Apóstolos aos seus sucessores, e destes aos seguintes. São Beda é também considerado como fonte de primeira mão da história inglesa, sendo muito respeitado como historiador. SuaHistória Eclesiástica do Povo Inglês (Historia Ecclesiastica Gentis Anglorum) lhe rendeu o título de Pai da História Inglesa.

No tratado “Excerpta et Colletanea”, o Doutor da Igreja assim recolhe as tradições que chegaram até ele:

“Melquior era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltasar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz”.

É, pois, São Beda quem por primeira vez escreveu o nome dos três. Nomes com significados precisos que nos ajudam a compreender suas personalidades. Gaspar significa “aquele que vai inspecionar”; Melquior quer dizer: “Meu Rei é Luz”, e Baltasar se traduz por “Deus manifesta o Rei”. Para São Beda – como para os demais Doutores da Igreja que falaram deles – os três representavam as três raças humanas existentes, em idades diferentes. Neste sentido, eles representavam os reis e os povos de todo o mundo.

Também seus presentes têm um significado simbólico. Melquior deu ao Menino Jesus ouro, o que na Antiguidade queria dizer reconhecimento da realeza, pois era presente reservado aos reis. Gaspar ofereceu-Lhe incenso (ou olíbano), em reconhecimento da divindade. Este presente era reservado aos sacerdotes. Por fim, Baltasar fez um tributo de mirra, em reconhecimento da humanidade. Mas como a mirra é símbolo de sofrimento, vêem-se nela preanunciadas as dores da Paixão redentora. A mirra era presente para um profeta. Era usada para embalsamar corpos e representava simbolicamente a imortalidade.

Desta maneira, temos o Menino Jesus reconhecido como Rei, Deus e Profeta pelas figuras que encarnavam toda a humanidade. Em coerência com essa visão, através da exegese podemos interpretar a chegada dos Reis Magos como o cumprimento da profecia de David:

“Os reis de Társis e das ilhas lhe trarão presentes, os reis da Arábia e de Sabá oferecer-lhe-ão seus dons. 11. Todos os reis hão de adorá-lo, hão de servi-lo todas as nações”. (Sl. 71, 10-11)

Alguns especularam que talvez pelo menos um deles veio da terra de Shir (não identificada nos mapas modernos), na antiga China. Em livro – escrito a título pessoal, Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) comenta que “a promessa contida nestes textos [N.R.: Salmo 72,10] estende a proveniência destes homens até ao extremo Ocidente (Tarsis, Tartessos em Espanha), mas a tradição desenvolveu posteriormente este anúncio da universalidade aos reinos de que eram soberanos, como reis dos três continentes então conhecidos: África, Ásia e Europa”, segundo informou “Religión Digital” de Espanha. A amplidão do leque de possibilidades geográficas fica patente neste comentário.

Tarsis ou Tartessos ficaria na Andaluzia, Espanha, especificamente em “algum lugar compreendido entre Cádiz, Huelva e Sevilha”. Segundo o “ABC” de Madri, os sevilhanos acham que se Melquior, Gaspar e Baltasar fossem andaluzes teriam se manifestado mais alegremente, teriam cantado “sevilhanas” e levado pandeiros. A reação popular suscita um amável sorriso.

O que foi depois dos Reis Magos?

De acordo com uma tradição acolhida por São João Crisóstomo, Padre da Igreja, os três Reis Magos foram posteriormente batizados pelo Apóstolo São Tomé e trabalharam muito pela expansão da Fé (Patrologia Grega, LVI, 644).  A fama de santidade dos Reis Magos chega até os nossos dias. Seus restos são venerados na nave central da Catedral de Colônia, em magnífica urna de ouro e de pedras preciosas que extasia os visitantes. As relíquias deles foram descobertas na Pérsia pela imperatriz Santa Helena e levadas à capital imperial Constantinopla. Depois foram transferidas a outra capital imperial – Milão –, até que foram guardadas definitivamente na Catedral de Colônia em 1163 (Acta SS., I, 323).

Por que eram "Magos"?

O nome “mago” era sinônimo de “sábio”. O tratamento dado a eles como grandes eruditos, prudentes e judiciosos, provinha do fato de os sacerdotes da Caldeia serem muito voltados para a consideração dos astros com uma sabedoria que surpreende até hoje. A eles devemos o início da ciência astronômica. Sem dúvida, seu caráter de “magos”, reconhecido pelo Evangelho de São Mateus, aponta para a área da civilização caldeia (cujo epicentro foi no atual Iraque, mas incluiu diversos países vizinhos, entre eles o Irã). 

Com a decadência moral, os “magos” caldeus viraram uma espécie de bruxos, divulgadores de toda espécie de superstições. Os Três Reis Magos teriam sido os últimos sacerdotes honrados daquele mundo pagão que aspiravam sinceramente conhecer o Salvador. Neste caso, foram exemplos arquetípicos do pagão de boa-fé que deseja conhecer a verdadeira religião, e que assim que a encontra adere a ela sem demoras nem restrições.

Foram "Reis"?

Discute-se também em que sentido podem ser chamados de “Reis”, pois não se lhes conhece a procedência e menos ainda a localização do reinado. Porém, na Antiguidade, os patriarcas, ou chefes de grandes clãs, ou grupos étnico-culturais, governavam com poderes próprios de um rei, sem terem esse título ou equivalente. E seu reinado se concentrava sobre sua hoste, por vezes nômade. São João Damasceno não recusava que eles fossem descendentes de Set, terceiro filho de Adão. E este pormenor nos leva de volta ao “apócrifo” do Vaticano.

A estrela que os guiou

O referido manuscrito estava na Biblioteca Vaticana havia pelo menos 250 anos, mas não se sabe mais nada de sua proveniência. Está escrito em siríaco, língua falada pelos primeiros cristãos da Síria e ainda hoje, bem como do Iraque e do Irã. O Prof. Landau acredita que no “apócrifo” entra muita imaginação. Mas, há uma muito longa descrição das supostas práticas, culto e rituais dos Reis Magos.

Feitos, pois, os devidos descontos no apócrifo, lemos nele que Set, terceiro filho de Adão, transmitiu uma profecia, talvez recebida de seu pai, de que uma estrela apareceria para sinalizar o nascimento de Deus encarnado num homem.

Prêmio a uma fidelidade de séculos

Gerações de Magos teriam aguardado durante milênios até a estrela aparecer. Mistérios da fidelidade! Milênios aguardando, gerações morrendo na esperança e transmitindo aos filhos o anúncio de um dia remoto em que o mundo receberia o Salvador!

Segundo o Prof. Landau, o “apócrifo” diz que a estrela no fim “transformou-se num pequeno ser luminoso de forma humana que foi Cristo, na gruta de Belém”. A afirmação não é procedente se a interpretarmos ao pé da letra. Mas, levando em conta o estilo altamente poético do Oriente, poderíamos supor que o brilho da estrela de Belém convergiu no Menino Jesus e desapareceu.

E, de fato, depois de encontrar o Menino Deus, os Magos não mais viram a estrela. Alertados por um anjo, voltaram por outro caminho às suas terras, como ensina o Evangelho de São Mateus, que não mais menciona a estrela no retorno.






domingo, 28 de dezembro de 2014

IMITAÇÃO DE CRISTO

Conselho do Dia
Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje:

Jesus: Filho se puseres tua paz em alguma pessoa, por conviver contigo e ser de teu parecer, achar-te-ás inconstante e embaraçado. Mas, se recorreres à verdade sempre viva e permanente, não te entristecerás pela ausência e morte de um amigo. Em mim se há de fundar o amor do amigo, e por mim se há de amar todo aquele que nesta vida te parecer bom e amável. Sem mim não vale nada, nem durará a amizade; nem é puro e verdadeiro o amor cujos laços eu não tenha dado. De tal modo deves estar morto para semelhantes afeições dos amigos que, quanto depender de ti, desejes viver sem relações humanas. Quanto mais se chegar o homem para Deus, tanto mais se afastará de todo alívio terreno. E tanto mais alto sobe para Deus, quanto mais baixo desce na sua estimação, e mais vil se reputa. ( Como não se deve procurar a paz nos homens)

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

PORQUE VOCÊ NÃO QUER MAIS IR A IGREJA

Este material, vem do espetacular livro de Wayne Jacobsen e Dave Coleman intitulado: Por que você não que mais ir a Igreja.

Trata-se de um texto, publicado na edição de maio de 2001 de BodyLife (www.lifestream.org), vem circulando pelo mundo para oferecer uma perspectiva e uma argumentação capazes de ajudar as pessoas a compreender como é possível abraçar a vida em Cristo por muitas outras formas de relacionamento além das que a tradicional vida eclesiástica costuma proporcionar. É uma resposta a todos aqueles que defendem a necessidade de pertencer a uma instituição determinada para fazer parte da Igreja.

O texto é grande, mas vale a pena lê-lo todo, Muito curioso, o mesmo pincela um trabalho de célula, que se originou na igreja primitiva. Boa leitura a todos.

Prezado irmão de fé.

Agradeço muito sua preocupação comigo e sua disposição de colocar questões que causaram essa preocupação. Você sabe que a forma como me relaciono com a Igreja é um tanto anticonvencional, e há até quem a considere temerária. Creia-me, compreendo bem sua preocupação, pois eu próprio também costumava pensar dessa maneira e cheguei mesmo a ensinar outras pessoas a fazê-lo.

Se você está satisfeito com o Status Quo da atual religião institucional talvez não goste do que vai ler aqui. Meu objetivo não é convence-lo a ver essa incrível igreja da mesma forma que eu, e sim responder as suas perguntas o mais aberta e honestamente que puder. Mesmo que acabemos não concordando, espero que entenda que nossas diferenças não distanciam necessariamente enquanto membros do corpo de Cristo.

A QUE IGREJA VOCÊ VAI?

Jamais gostei dessa pergunta, mesmo quando era capaz de responder a ela citando uma organização específica. Conheço seu significado cultural, mas ela se baseia numa falsa premissa – a de que a igreja é um lugar aonde se pode ir da mesma maneira como se vai a um evento, a uma festa ou se

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

NUM PRESÉPIO

Uma adaptação do Texto de José Antonio Pagola.

O texto de referencia é o Evangelho de São Lucas, capítulo 2 versos 1 à 14.

Segundo o relato de Lucas, é a mensagem do Anjo aos pastores que nos dá as chaves para ler, a partir da fé, o mistério que se encerra num menino nascido em estranhas circunstancias fora de Belém.

É noite. Uma claridade desconhecida ilumina as trevas que cobrem Belém. A luz não desce sobre o lugar em que se encontra o menino, mas envolve os pastores que escutam a mensagem. O menino permanece oculto na escuridão, num lugar desconhecido. É necessário fazer um esforço para descobri-lo.

Essas são as primeiras palavras que temos que escutar: "Não tenhais medo. Trago-vos a Boa notícia: a alegria grande para todo o povo". É algo muito grande o que aconteceu. Todos temos motivos para nos alegrar. Este menino não é de Maria e José. Nasceu para todos nós. Não é só para alguns privilegiados. É para todo mundo.

Nós Cristãos não temos que monopolizar essas festas. Jesus é de quem o segue com fé e de quem o esqueceu, de quem confia em Deus e de quem duvida de tudo. Ninguém está sozinho diante dos próprios medos. Ninguém está sozinho em sua solidão. Há alguém que pensa em nós.

Assim o proclama o mensageiro: "Hoje nasceu para vós um Salvador: o Messias, o Senhor". Não é o filho do imperador Augusto, dominador do mundo, celebrado como salvador e portador da paz graças ao poder de suas legiões. O nascimento de um poderoso não é boa noticia num mundo em que os fracos são vítima de toda espécia de abusos.

Este menino nasce num povo submetido ao Império. Não tem cidadania romana. Ninguém em Roma espera seu nascimento. É, porém, o Salvador de que necessitamos. Não estará ao serviço de nenhum César. Não trabalhará para nenhum império. Só buscará o reino de Deus e sua justiça. Viverá para tornar a vida mais humana. Nele encontrará este mundo injusto a salvação de Deus.

Onde está este menino? Como o podemos reconhecer? Assim diz o mensageiro: "Isto vos servirá de sinal: Encontrareis um recém-nascido envolto em faixas e deitado numa manjedoura". O menino nasceu como um excluído. Seus pais não puderam encontrar um lugar acolhedor para ele. Sua mãe deu-o à luz sem ajuda de ninguém. Ela se virou como pôde para envolvê-lo em faixas e deitá-lo num presépio.

Neste presépio, Deus começa sua aventura entre os homens e as mulheres. Não o encontraremos nos poderosos, mas nos fracos. Não está no grandioso e no espetacular, mas no pobre e pequeno. Temos que escutar a mensagem: vamos A Belém; voltemos às raízes de nossa fé. Busquemos Deus onde ele se encarnou. 


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Diferença entre orar e rezar – as "vãs repetições" o famoso cisma protestante

ASSIM COMO atestam Michaellis, Aurélio e todos os dicionários da língua portuguesa, os termos orar e rezar são sinônimos. Aliás, é importante notar que essa duplicidade de termos que expressam uma mesma realidade é característica de nossa língua pátria. 

Em vários dicionários, o significado de Rezar significa, Proferir, dizer (oração ou súplicas religiosas); fazer preces: rezar dez padres-nossos. Referir, conter escrito: isto é o que reza a lei.
Fig. Resmungar, murmurar.
Dirigir súplicas (à divindade); orar: rezar aos santos. Tratar, falar: é um dos maiores feitos de que reza a história. V.i. Fazer oração a Deus ou aos santos.

Em inglês, por exemplo, o verbo "to pray" significa exatamente o mesmo: orar ou rezar, tanto faz. Em italiano, usa-se a palavra "pregare", que poderia ser traduzida como "suplicar" e que tem o mesmo sentido de orar ou rezar em nosso idioma. 

No desenvolvimento do português, – esta língua tão complexa, – surgiram muitos termos sinônimos, como: andar e caminhar; experimentar e experienciar; trabalhar e laborar; alimentar e nutrir; orar e rezar, etc, etc... De fato, não há absolutamente nenhuma razão para se diferenciar radicalmente os termos orar e rezar. Infelizmente existe um grande cisma, e alguns membros protestantes (maior parte evangélica) vem "ensinando" em sua doutrina, que existe uma grande diferença entre orar e rezar.

Criou-se a ideia de que "rezar" seria repetir "vãs palavras", enquanto que "orar" seria, verdadeiramente, falar com Deus. O fato é porque se apegar a essa grande diferença entre palavras que são sinônimas? Vamos tentar analisar a questão, a seguir.  O que os evangélicos alegam é que rezar seria uma vã repetição de palavras decoradas, feita mecanicamente, enquanto que orar seria falar a Deus daquilo que vem do coração, com entrega, com fé e amor. – Vários teólogos tanto do lado protestante quanto do lado católico tentam desmontar essa construção um pouco distorcida, vamos ao estudo:

Na doutrina católica, não existe regra alguma de que os católicos só podem se utilizar de orações prontas para falar a Deus. Todo católico pode e deve elevar suas próprias orações espontâneas ao Criador, usando as palavras que lhe vêm ao coração, para pedir, louvar, dar graças.
O uso das fórmulas prontas sempre serviu (e serve) como uma espécie de guia, para orientar sobre a maneira correta de falar a Deus, conforme instruiu o próprio Senhor Jesus Cristo: quando um dos discípulos lhe perguntou como deveriam rezar ou orar (Lc 11,1-4. Mt 6,9-14), Jesus não ensina "falem como quiserem, digam as palavras que lhes vierem ao coração". O que Jesus fez foi ensinar a oração do Pai Nosso, dizendo: "Quando orardes, dizei assim...". – Jesus, pessoalmente, ensinou uma fórmula pronta, para que compreendêssemos o que era mais importante pedir a Deus, e em que ordem e de que maneira devemos fazê-lo.

Por meio desse modelo, Jesus nos ensinou como devem ser as nossas orações e como elas se tornam aceitáveis a Deus, nosso Pai do Céu. Vemos que pode ser muito útil usar fórmulas prontas como orientadoras para os nossos momentos de oração. Foi assim que o Cristo nos ensinou, e isso não quer dizer, de modo algum, que as orações da doutrina católica sejam feitas mecanicamente, sem entrega, sem devoção, sem amor.

Os evangélicos, colocam os termos de debate no famoso "Está na Bíblia", "não está na Bíblia", "onde é que está na Bíblia...", no segundo passo vem a famosa citação do texto do Evangelho de Mateus:

“...Orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.” (Mt 6,7)"

A tradução acima é a do protestante português J. F. de Almeida (das versões 'corrigida e revisada' ou 'revisada imprensa bíblica'), as mais usadas pelos "evangélicos". Já a versão da NVI (Nova Versão Internacional), que é um trabalho de tradução conjunto entre teólogos católicos e protestantes, traz uma diferença vital:

"...Quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos." (Mt 6,7)

Há uma diferença sutil, porém fundamental. Não fala em "vãs repetições". A NVI recebe críticas, tanto de católicos quanto de protestantes radicais, justamente pelos esforços conjuntos na tradução: ambos os lados consideram inadmissível a participação de apóstatas na tradução do texto sagrado. A lógica mais elementar, no entanto, grita o contrário: uma tradução conjunta, necessariamente descomprometida de interpretações teológicas particulares, terá que ser necessariamente próxima do que o texto original realmente diz, pois o único modo de não ferir posições contrárias é ater-se ao que está dito, sem pender nem para a direita e nem para a esquerda. Já a tradução da Sociedade Bíblica Britânica diz assim:

"Quando orardes, não useis de repetições desnecessárias como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos." (Mt 6,7)

E quando examinamos a mesma passagem numa Bíblia aprovada pela Igreja Católica (como a da editora Ave Maria), notamos a divergência:

“Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras como fazem os pagãos, que julgam que serão ouvidos à força de palavras.” (Mt 6,7)

A tradução também católica da editora Vozes é a seguinte:

"...Nas orações, não faleis muitas palavras, como os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por causa das muitas palavras." (Mt 6,7)

Observe que existe, no mínimo, uma controvérsia em se usar a expressão "vãs repetições", escolhido por Almeida e da qual os "evangélicos" mais usam, na tradução da passagem em questão. 

Vamos analisar agora o texto bíblico original, em grego:

“Προσευχόμενοι δὲ μὴ βατταλογήσητε ὥσπερ οἱ ἐθνικοί, δοκοῦσιν γὰρ ὅτι ἐν τῇ πολυλογίᾳ αὐτῶν εἰσακουσθήσονται”.

(Transliteração:'Proseukomenoi de me battaloyesete osper oi etnikoi, dokusin gar oti en te polylogia auton eisakustesontai').


O vocábulo-chave aí é πολυλογίᾳ, que se pronuncia polylogia, e se traduz da seguinte maneira: poly quer dizer muito, bastante, em grande número; logia quer dizer palavra, discurso, descrição, linguagem, estudo, teoria. No contexto em questão, o termo está mais diretamente relacionado ao sentido de palavra. O termo polylogia, portanto, quer dizer algo como tagarelice, falatório, verborragia, prolixidade. Como vemos, na fiel tradução desta passagem dificilmente caberiam as palavras “vãs” e “repetições”, tão alardeadas.

Outro ponto importantíssimo é compreender que Jesus diz que não devemos falar muito, multiplicando as palavras (atenção) do mesmo modo como fazem os pagãos. É claro que os pagãos não recitavam os salmos, nem as orações dos judeus e muito menos o Pai Nosso, que o Senhor ensinou aos seus discípulos.

Agora, se "rezar" fosse o mesmo que usar de "vãs repetições", no sentido de repetir as mesmas palavras, então Jesus mesmo rezava, como vemos no Evangelho segundo S. Marcos, que mostra o Cristo falando a Deus Pai no jardim de Getsêmani, antes de Judas o trair:

"E, afastando-se de novo, orava dizendo novamente a mesma coisa..." (Mc 14, 39)

Muitos púlpitos no Brasil, liderados por pastores evangélicos dizem que Jesus estava cometendo um erro, "rezando" em vez de "orar", usando de "vãs repetições"...

Muitos evangélicos, por se aterem somente a palavra escrita (sola scriptura) acabam memorizando palavra por palavra as escrituras e criam "as vãs repetições". O problema é entendermos o que realmente está escrito. Além disso, muitas comunidades ditas "evangélicas" procuram valorizar sempre as diferenças, por menores que sejam, aumentando cada vez mais o fosso da separação entre cristãos. Acentuando as diferenças, seja no culto ou nas palavras, imediatamente se identificam como “crentes” ou “evangélicos” e se distanciam de católicos e ortodoxos. Ainda pior, querelas fúteis como esta servem de pretexto para alimentar a confusão entre os que buscam o verdadeiro cristianismo.  

Para finalizar, observemos o Salmo 135/6, que reproduzimos abaixo (tradução protestante de J. F. de Almeida):

"Louvai ao SENHOR, porque ele é bom;
Porque a sua benignidade dura para sempre.

Louvai ao Deus dos deuses;
Porque a sua benignidade dura para sempre.

Louvai ao Senhor dos senhores;
Porque a sua benignidade dura para sempre.

Aquele que só faz maravilhas;
porque a sua benignidade dura para sempre.

Aquele que por entendimento fez os céus;
Porque a sua benignidade dura para sempre.

Aquele que estendeu a terra sobre as águas;
Porque a sua benignidade dura para sempre.

Aquele que fez os grandes luminares;
Porque a sua benignidade dura para sempre..."
E assim prossegue a oração do salmista, até o final,repetindo sempre a mesma fórmula, de novo e de novo. Assim crê-se que o argumento de que os católicos usam de vãs repetições em suas orações, junto com a suposta importante diferença existente entre os termos "orar" e "rezar" não acontece.

Tanto "rezar" quanto "orar" englobam todos os gêneros de súplicas a Deus, desde aqueles de petição e agradecimento até as orações de louvor e glorificação ao Criador. 

Não se trata de nenhum segredo escondido: o leitor pode comprovar esta simples realidade através de breve pesquisa. Tudo que precisamos fazer é deixar de dar ouvidos aqueles que se consideram donos da verdade, e buscar a Vontade de Deus com amor soberano, pureza de alma, fé desapegada e absoluta sinceridade.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

RECEITA DA ALEGRIA


Texto produzido por: Padre Otacilio Lacerda



Com certa frequência aparecem propostas de "decálogos", e podemos ver uma delas no texto da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses (5, 16-24).
 
Ao contrário de tantas falsas promessas de alegria, de felicidade, de realização em todos os âmbitos, temos dez indicações que se pode chamar de "receita da alegria":

1 - "Estai sempre alegres",
É a recomendação de São Paulo. Alegria é tarefa, virtude a ser praticada, decisão tomada com clareza, antes de ser uma efusão de barulho ou gargalhadas, quem sabe motivadas por exterioridades que não realizam as pessoas.

2 - "Orar sem cessar"
Como sabemos que quem ora se salva, temos também a certeza de que o apelo à Oração, é caminho certo para manter a verdadeira alegria.

3 - "Dai graças em todas as circunstâncias"!
Olhar ao redor e identificar os inúmeros motivos que temos para agradecer, muito maiores do que os problemas existentes. Vale a pena tomar posse, com a graça de Deus, da boa notícia de cada dia!

4 - "Não apagueis o Espírito"
É por Ele que somos conduzidos e seremos felizes se ouvirmos sempre a Sua voz, que se manifesta em nossa consciência.

5 - "Não desprezeis os dons de profecia, mas examinai tudo e guardai o que for bom"
O Senhor não nos entregou ao acaso dos acontecimentos, mas garantiu a assistência do Espírito Santo, para discernir o que é útil à nossa salvação. Vale a pena prestar atenção, porque há muita inspiração enviada por Deus aos pequeninos e aos mais jovens.

6 - "Afastai-vos de toda espécie de mal"
Não brincar com fogo para não se queimar, ensinam nossos pais. Radicalidade, fuga do pecado, seriedade na vivência da Lei de Deus.

7 - "Que o próprio Deus da paz vos santifique inteiramente"
Buscar a paz e a realização fora de Deus só conduz ao fracasso. Nosso mundo multiplica leis e regulamentos, mas falta-lhe a alma para encontrar a paz, que só pode vir de Deus.

8 - "Todo o vosso ser – o espírito, a alma e o corpo – seja guardado irrepreensível"
Não basta o cuidado do corpo, com a higiene, a alimentação, os exercícios físicos. É necessário cuidar da vida interior, se queremos ser realmente felizes e alegres!

9 - "Para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" De fato, "se é só para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, somos, dentre todos os homens, os mais dignos de compaixão" (1 Cor 15, 19). Fonte de felicidade é olhar também para a eternidade, depois de nossa Páscoa pessoal na morte!

10 - "Aquele que vos chama é fiel”, Ele mesmo fará isto. A última recomendação é a certeza de que estamos nas mãos de quem nos pode dar a verdadeira alegria!”

Agora é acolher a proposta e vivê-la: Palavra de Deus acolhida, crida e vivida é certeza de que algo novo irromperá em nossa vida.


Preparando-nos para celebrar o Natal do Senhor, não deixemos que pseudoalegrias nos deixem entorpecidos e não acolhamos a Divina Fonte da Alegria, o Menino Deus que vem ao nosso encontro, faz-Se um de nós, igual a nós, exceto no pecado, lá no presépio, na humilde manjedoura, o Seu primeiro Altar, para Se fazer presente em tantos Altares da Eucaristia pelo mundo, e de modo também muito especial no altar de nosso coração, onde fez também Sua morada.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

JAMAIS COMPARE SEUS FILHOS

Por Karine Rizzardi*
Imagine se o pé olhasse para a mão e dissesse:
- “Você não é como eu. Se não fosse por mim, ninguém ficaria em pé.”
- “E se não fosse por mim, ninguém pinçaria os objetos e as pessoas teriam dificuldade de comer, disse a mão.”
A cada atendimento clínico que faço, eu comprovo o quanto a raiz dos problemas das pessoas nasce da comparação entre elas, principalmente no período da infância. Ser comparado com seus irmãos, parentes, vizinhos e amigos, pode deixar marcas de uma identidade com resquícios de inferioridade, insegurança e até timidez.
Agir dessa forma pode esmagar as peculiaridades de cada um, podendo até estancar as habilidades natas que cada pessoa tem ao nascer. Assim como a mão não deve ser comparada com o pé (porque ambos precisam ser valorizados em suas funções), de igual forma nós também não devemos comparar os filhos, pois isso pode representar um assassinato a suas personalidades.
- “Termina de comer o que está no seu prato. Olha lá a Valentina! Ela já está quase acabando”.
- “Você viu que a filha do vizinho vai tentar medicina na faculdade?”
- “Você viu como a Amanda é educada? Você deveria fazer igual”.
- “Essa aí puxou o pai. Eles dois tem o gênio bem parecido.”
O excesso da comparação pode produzir justamente o oposto daquilo que os pais querem. Se você compara o fato de um filho ser estudioso e o outro ser mais preguiçoso, é muito provável que o preguiçoso fique com mais preguiça ainda.
Comparações, comparações e mais comparações. Por certo, nossos filhos terão que lidar com isso durante a vida, independente de ser algo positivo ou não. Ocorre que, quando se é adulto, a maturidade emocional já está formada e o impacto da comparação pode não interferir na sua auto imagem, mas enquanto se é pequeno (principalmente até os 7 anos), o filho precisa saber que é único e que não tem que ser comparado com ninguém. Eu sou eu, você é você e ponto final.
Infelizmente isto é algo tão cristalizado na nossa cultura, que a competitividade entre os irmãos pode nascer do próprio comentário dos pais. Sem perceber, os adultos igualmente assim procedem quando se comparam com seus amigos no ato de observar quem tem o melhor carro, quem se destaca mais profissionalmente ou qual amiga é mais bonita. É a comparação e a inveja que alimentam a competitividade e muitas pessoas não sabem lidar bem com isso, justamente pela imagem emocional que ficou registrada na infância.
Quando se educa os filhos respeitando as individualidades de cada um, você contribuirá para que este seja um adulto mais seguro profissionalmente, com menos complexos psicológicos, com boa dose de iniciativa e sem problemas de inferioridade, pois dentro dele ficou carimbado: “Eu não sou melhor e nem pior – apenas diferente dos outros”. 
*A autora é psicóloga especialista de casais e família.

domingo, 20 de julho de 2014

Você sabe mesmo o que é Teologia?

A Paz de Jesus!

Estamos novamente aqui para lhe dar uma 
nova visão do que é Teologia e do que é ser teólogo.

Em primeiro lugar, Teologia não é discutir religião, pois, embora seja necessário discutir alguns pontos das religiões não é, necessariamente, uma discussão sobre qual a melhor religião.

Teologia é, principalmente, apresentar os pontos de vistas teológicos das religiões e, consequentemente, relacioná-los com a sociedade onde o teólogo vive, partindo, da pergunta: o que isso contribuiu, contribui ou contribuirá para o melhoramento da sociedade em que vivemos?

Em segundo lugar, ser teólogo não é ser radical ou fundamentalista. Nada disso! Precisa-se colocar lado-a-lado a fé (para compreender Deus e sua justiça perfeita) e a razão (para suportar a fraqueza humana e levá-lo a reconhecer suas fragilidades).

Radicalismo e posicionamento teológico não podem ser confundidos. Enquanto este evidencia nossa opinião e crenças sobre determinados assuntos, aquele não nos permite enxergar o impacto de outras opiniões sobre as nossas.

Nenhuma vertente teológica cristã é um mundo em si mesmo.
Sempre dependerá de outros posicionamentos para uma fundamentação equilibrada.

Em terceiro lugar, ser teólogo não é levantar questionamentos sem aplicação prática para as pessoas, para
a Igreja ou para a sociedade.

Em quarto e último lugar: ser teólogo não é "plagiar" idéias. Além de ilegal é imoral. Isso não é teologia!

É certo que devemos ter como fundamentação teológica a Bíblia, bem como tantos outros teólogos influentes e importantes de tempos passados ou atuais... Mas, não podemos "plagiar" suas idéias... E pior, dizer que a ideia foi nossa. É ilegal e não reflete uma prática teológica cristã e equilibrada.

Ser teólogo e praticar teologia equilibrada é buscar compreender a influência que o divino exerce sobre o homem e a resposta humana mediante o poder dessa influência.

Ou seja, o teólogo levar o homem ao conhecimento das suas necessidades para empreender uma busca constante e um relacionamento sincero com Deus.

Esse trabalho também pode ser realizado no campo político, social, familiar, educacional, sentimental, profissional.

Por exemplo, você sabia que uma das áreas que mais dá visibilidade e retorno financeiro é a ÉTICA? Isso porque vivemos em tempos que a ética tem se tornado escassa.

As empresas estão loucas por profissionais éticos, as igrejas desesperadas por líderes éticos, a sociedade
manifesta seu desejo por políticos éticos, as instituições sociais buscam avidamente por indivíduos éticos...

Não sei se você percebeu o EXTENSO campo que é aberto à exploração de um teólogo. Mas vou lhe adiantar: suas chances de crescer em seu ministério ou sua profissão são MUITO GRANDES.

terça-feira, 15 de julho de 2014

A Excelência da Palavra de Deus

O vocábulo “excelência” expressa aquilo que está em primeiro lugar, o que tem a primazia, o que a tudo supera. A palavra pronunciada por Deus, sempre se coloca numa posição superior a todas e demais palavras. A razão é óbvia, quem pode proferir palavras com maior sabedoria e autoridade do que aquele que criou o universo e tudo o que nele se encontra? A Bíblia é a Palavra de Deus dirigida aos homens.
Ela é, sempre, uma palavra final, soberana e eterna – “Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor; a palavra do Senhor, porém, permanece para sempre” (I Pedro 1.24,25). O que procede de Deus é imutável e permanente, o que se origina no homem é efêmero e precário. Eis um das fortes razões para que a igreja, serva de Deus para servir ao mundo, deve conhecer e viver sob a instrução da Palavra divina.

Deus ao decidir criar o homem e a mulher, anunciou o fato com a sua própria voz – “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. Tudo se origina da palavra que Deus pronuncia. Após criar o primeiro homem, ele “os abençoou e lhes disse...” (Gênesis 1.26), isso atesta que ele busca se comunicar com o ser que criou, falando-lhe. Deus nunca deixou de se dirigir aos homens, pois, ele é o afetuoso Pai que anseia por tê-los como membros da sua família eterna.

A PALAVRA FEITA CARNE

O testemunho que encontramos no livro de Hebreus diz: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a que constituiu herdeiro de todas as cousas, pelo qual também fez o universo” (Hebreus 1.1,2). E o evangelho de João atesta: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” – “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade” (João 1.1,14). Jesus é o Verbo – a Palavra – de Deus por excelência – “Pois o enviado de Deus fala as palavras dele” (João 3.34). Jesus é a Palavra de Deus que é amor, mesmo quando ele profere um julgamento.

Na Bíblia nós encontramos - de Gênesis ao Apocalipse - testemunhos sobre a pessoa e a obra de Jesus. Essas declarações são os pontos mais altos de toda a palavra que veio de Deus, para que o homem conheça o seu propósito eterno de salva-lo, pois, está distante dele. Desde Abel, no Antigo Testamento, até os profetas, encontramos homens e mulheres que “morrem na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe” (Hebreus 11.13); eles creram nas palavras proféticas de Deus, e compreenderam que elas se realizariam com a vinda de seu Filho ao mundo – “Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele [em Jesus] o sim” (II Coríntios 1.20).

O imutável pedido de Jesus a todos que são seus discípulos é: “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (João 15.7). Essa é uma das muitas razões pela qual nós, individualmente, e a igreja, coletivamente, precisamos amar, conhecer e viver a palavra divina.

A PALAVRA E A ORAÇÃO

Assim como Jesus teve que abrir a mente dos discípulos em Emaús para que pudessem entender as Escrituras (Lucas 24.27) e, também, dos demais discípulos reunidos quando lhes apareceu após a ressurreição (Lucas 24.40), ele deseja abrir, hoje, as nossas mentes para que possamos “ouvir” e “crer” mais profundamente. Para que isso ocorra, o estudo, a leitura, o ouvir da Palavra, requerem, de nossa parte, uma atitude de oração. Assim, o Espírito Santo revelará, ao que ora, toda a riqueza que os textos bíblicos contem - “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Romanos 8.16). Nunca o Espírito Santo deixa de revelar a verdade eterna aos que são filhos de Deus e estão atentos para ouvi-lo.

O PROPÓSITO DE PALAVRA DE DEUS

II Timóteo 3.15-17 diz que as sagradas letras “podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus”, e que, “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda a boa obra” - “Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido dadas todas as cousas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo” (II Pedro 1.3,4).

A PALAVRA DE DEUS PRODUZ:

VIDA – I João 6.63 - “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida”.

PRODUZ FÉ – Hebreus 11.3 – “Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das cousas que não aparecem”.

LIMPA – João 15.3 – “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado”.

LUZ - II Pedro 1.19 – “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração”.

ENTENDIMENTO – Salmo 119.105 – “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz, para os meus caminhos”.

FIRME SEGURANÇA – Mateus 7.24,25 – “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha”.

REGENERA – I Pedro 1.23 – “pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas da incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e permanece para sempre”.

A Palavra é eterna – “a palavra do Senhor, porém, permanece para sempre” (I Pedro 1.25).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Friend A Bíblia deve ser o nosso alimento espiritual diário se desejamos ser fortes e vigorosos na fé que professamos. Precisamos ter: decisão para ler a Palavra constantemente; graça para assimilá-la; presteza para reproduzi-la no viver diário e conhecimento para darmos testemunho dela aos outros. Se alguém não possui o necessário entendimento para isso, o útil conselho que a própria Escritura dá é: “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida” (Tiago 1.5).

Não esqueçamos que a Palavra é - (a) leite que nutre – “desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” (I Pedro 2.2); (b) água que limpa – “tendo-a purificado por meio da lavagem e da água pela palavra” (Efésios 5.26); (c) espada para as lutas – “Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Efésios 6.17); (d) mel que deleita – “os juízos do Senhor são verdadeiros e igualmente justos,... são mais doces do que o mel e o destilar dos favos” (Salmo 19.10); (e) fogo e martelo – “Não é a minha palavra fogo, diz o Senhor, e martelo que esmiúça a penha?” (Jeremias 23.29); e, finalmente, “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos” (Salmo 19.7,8). Amém.

Os exemplos gritam mais que as palavras

Amigos, este fragmento de texto retirei de um livro de Augusto Cury Chamado: Ansiedade Como enfrentar  mal do século.
O Livro é um grande sucesso e já vendeu mais de 20 milhoes de exemplares.
O livro nos fala de um novo transtorno chamado SPA (Sindrome do Pensamento Acelerado) Uma doença moderna que está atacando diretamente a humanidade e adoecendo coletivamente desde as ciranças aos adultos.
O Livro nos fala da construção do nosso Eu e das janelas que compões nossas memorias, (killer, neutras e light).
Este pedaço do texto, fala sobre a criação das pesonalidade dos filhos. Vale a pena dar uma lida.
Provavelmente, mais de 90% da influência que os pais exercem no processo de formação da personalidade ds seus filhos, se deve não aquilo que falam, corrigem, apontam, mas àquilo que são, pelos comportamentos que expressam expontaneamente e que são fotografados pelo fenômeno RAM dos filhos. Quando os pais corrigem erros dos seus filhos, forma-se uma janela light solitária, e isso somente se a correção for inteligente. Porém, como vimos, as janelas solitárias não estruturam a personalidade, não formam um núcleo de habitação do Eu. Faz-se necessária uma plataforma de janelas.
Muitos pais perdem o respeito e a capacidade de educar porque não entendem que os comportamentos espontâneos  de seus filhos formarão grande parte dessas plataformas de janelas. Pais que querem ensinar seus filhos a ser pacentes mas eles mesmos são impulsivos, ou ensiná-los a a ser flexíveis quand eles mesmos são engessados e rígidos terão pouco sucesso. O exemplo não é apens uma boa forma de educar; é a mais poderosa e eficiente. O exemplo grita mais do que as palavras.
Um grande executivo conquista a admiração e influencia seus liderados muita mais pelos seus comportamentos do que pelas suas palavras. Quem trais suas palavras com suas ações precisa aumentar o tom de voz e exercer pressão para ser ouvido. É, portanto, um péssimo líder. Devemos ser plantadores de janelas Light para contribuir paraa formação de mentes livres e emoção saudável. 

CORPVS CHRISTI: Novo livro de Dom Athanasius em Português

Por Wendell Mendonça

Publicado inicialmente em italiano pela Livraria do Vaticano, já se encontra em português o novo livro de Dom Athanasius Schneider.



O autor é bispo auxiliar de Santa Maria Santíssima, em Astana (Casaquistão), e um dos bispos que apoiam nosso apostolado. Dom Athanaius escreveu ainda: "DOMINUS Est: Reflexões de um bispo da ásia sobre a Sagrada Comunhão", publicado inicialmente pela Editora do Vaticano e traduzido para diversos idiomas. Publico uma tradução do texto que se encontra na contra-capa do livro:

"A Encarnação de Deus atinge o seu verdadeiro ápice de auto-humilhação e auto esvaziamento no Mistério da Eucaristia. Neste sacramento o mistério do “Deus conosco” se revela de modo insuperável, com todas as consequências do incomensurável amor de Deus.

Cristo não é somente o “Deus conosco”, Ele é o Deus que na pequena Hóstia Consagrada se entrega de modo incondicional nas mãos dos homens, renunciado a sua própria defesa. Jesus Eucarístico na Hóstia Consagrada é verdadeiramente o mais pobre e o mais indefeso na Igreja, e isto acontece em primeiro lugar durante a distribuição da Comunhão.Durante a distribuição da Comunhão se constata nos nossos dias o fenômeno de uma surpreendente falta de sensibilidade e de cuidado diante de todas as exigências concretas da presença real e substancial do Deus Encarnado na pequena Hóstia Consagrada. Os necessários atos exteriores de adoração, de sacralidade e respeito no trato com a Hóstia Consagrada são geralmente reduzidos ao mínimo. O modo exterior de tratar a Hóstia com gestos de adoração conduzem a uma fé na Encarnação e na Transubstanciação eucarística.

A Eucaristia é o verdadeiro coração da vida da Igreja. Se o culto concreto ao Deus Eucaristia se torna objetivamente reduzido, o coração da vida da Igreja estará ferido. Para curar o coração da vida da Igreja nos nossos dias é necessário recuperar o modo de tratar Jesus Eucarístico na Hóstia Consagrada – ainda no seu menor fragmento, que não é nada menos que Nosso Senhor mesmo."

Dom Athanasius foi durante muitos anos professor de Patrística no Institutum Sapientiae, aqui no Brasil.


Maiores informações: http://www.salvemaliturgia.com/

sábado, 5 de julho de 2014

Primeiro e segundo mandamentos (Mc 12,28-34)

Jesus de Nazaré pertencia ao povo judeu. Ou seja: “Sua autocompreensão religiosa, sua ancoragem social [...] e sua restrição geográfica” são ligadas à sociedade judaica nas terras de Israel, nas primeiras décadas do século I.[1]

Ao imaginar o cotidiano do povo judeu na época de Jesus, surge como elemento característico uma vida influenciada pela Lei. E isso vale para todos os grupos de judeus, inclusive Jesus. Por mais que existam interesses práticos e compreensões diferentes, é em torno da Lei que giram, em geral, as discussões.[2]

A Lei é, em primeiro lugar, a Torá, fixada por escrito nos cinco livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Ao termo hebraico Torá – que significa, literalmente, ensino ou instrução –, são equivalentes as expressões Pentateuco – palavra grega que indica os cinco rolos/livros da Torá – e Lei (do Sinai) ou Torá/Lei de Moisés.[3] Em vista do conjunto da Torá, importa sublinhar o seguinte aspecto: “História e lei são, de forma indissolúvel, interligadas e constituem, juntamente, a primeira parte da Bíblia, a Torá de Moisés, o Pentateuco. Sem história não há lei, não há Torá, pois os mandamentos de Javé na Torá encontram-se justificados pela história, ou seja, pelas ações salvíficas de Javé, especialmente, pela salvação de Israel por Javé da escravidão no Egito e pela dádiva da terra”.[4]

Neste sentido, basta lembrar o fato de a metade dos textos no Pentateuco ser narrativas que contam a história da salvação. A outra metade, por sua vez, é formada por tradições jurídicas, ou seja, leis.

O texto da Torá chegou a sua redação final no início do quarto século antes de Cristo.[5] Contudo, o processo de elaboração das tradições contidas no Pentateuco ocupou muitos séculos, sendo que o mundo narrado, ou seja, o contexto histórico pressuposto nas narrativas dos patriarcas e do êxodo, pertence aos séculos XIX a XII a.C.

No mais, observa-se, na parte das tradições jurídicas, a elaboração de vários conjuntos de leis durante os séculos X a V a.C., no sentido de que o Pentateuco, em sua forma final, ainda apresenta complexos processos legislativos, dos quais fizeram parte diversas reformas jurídicas.

Além disso, a Torá agregou a si mesma, com o tempo, os Profetas e os demais Escritos, que formam a segunda e terceira partes na Bíblia hebraica. Já em torno de 190 a.C., atesta-se a divisão das Sagradas Escrituras do povo judeu em três partes (cf. Eclo 38,34–39,1). Contudo, Profetas e Escritos revelam-se como que centrados na Torá. Querem “manter em aberto o potencial de sentido” presente no Pentateuco, o qual ocupa o preeminente primeiro lugar.[6]

Com a Torá escrita, nasceu ainda na história do povo judeu a chamada Torá oral. Trata-se daquelas tradições que se propõem a interpretar a Torá escrita. Em sua época, Jesus participou de forma significativa desse processo. Afinal, “quem queria organizar toda a sua vida de acordo com a vontade de Deus, precisava ir, em muitas questões, além da vontade de Deus expressa na Escritura”, por causa da necessária adaptação do conteúdo das antigas leis às novas circunstâncias.[7] No decorrer da história, a Torá oral também foi fixada por escrito.

Observando tais processos, nascem as seguintes questões: até que ponto Jesus se manteve fiel à Lei antiga? Ou será que adotou uma postura marcada pela oposição às tradições mosaicas, ensinadas pelos sacerdotes e escribas? Enfim, como Jesus compreendeu, de forma mais exata, o conjunto das tradições jurídicas contidas na Torá, comumente visto como patrimônio religioso-cultural de maior importância entre seu povo?

Em vista destas perguntas, proponho-me a interpretar, neste pequeno livro, a narrativa presente em Mc 12,28-34. Nela, Jesus é convidado a destacar, dentro da Lei de Israel, o primeiro mandamento de todos. Surge, a meu ver, uma resposta capaz de revelar o sentido de toda a Lei e, com isso, de toda a religião do Antigo Israel, assim como uma visão clara da fé do próprio Jesus.

* Este texto faz parte da Introdução da obra de Matthias GRENZER: Primeiro e segundo mandamentos (Mc 12,28-34), da Ed. Paulinas.

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[1] Ekkehard W. STEGEMANN & Wolfgang STEGEMANN, Urchristliche Sozialgeschichte, p. 99.

[2] Cf. Ingo BROER, Jesus und die Tora, p. 222.

[3] Ver: Jean Louis SKA. Introdução à leitura do Pentateuco, pp. 15-17.

[4] Ansgar MOENIKES. Der sozial-egalitäre Impetus der Bibel Jesu und das Liebesgebot als Quintessenz der Tora, p. 120.

[5] Cf. Erich ZENGER et al. Einleitung in das Alte Testament, p. 128.

[6] Igual lógica vale também para a Bíblia cristã, a qual segue, na parte do Antigo Testamento, as antigas traduções da Bíblia hebraica para o grego e o latim, com a opção delas por uma subdivisão em quatro partes: Pentateuco,Livros Históricos, Livros Sapienciais e Profetas. O Pentateuco continua a ocupar a primeira posição. Tal realidade mantém-se quando o olhar recai sobre a Bíblia cristã como um todo, ou seja, o conjunto formado por Antigo e Novo Testamento. Enfim, todos os escritos bíblicos após o Pentateuco desenvolvem sua reflexão à luz deste último. Ou seja: a Torá possui uma “pré-posição constante” (Erich ZENGER. Der Pentateuch als Tora und Kanon, pp. 5-6).

[7] Ingo BROER. Jesus und die Tora, p. 221.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

O Apóstolo Paulo, Charles Spurgeon e o Declínio do Evangelho

O Evangelho como o conhecemos hoje é o mesmo de 20 anos atrás? Será o mesmo daqui a 20 anos? Afinal, o que mudou? Os homens? O Evangelho? A Igreja?
Ou terá sido apenas um erro de interpretação dos nossos queridos teólogos de 50 anos atrás, estando nós, hoje, com a razão em detrimento da opinião deles?
O Apóstolo Paulo e Spurgeon acabaram por tocar na “ferida espiritual” de muitos líderes e cristãos descompromissados com o verdadeiro Evangelho, que gera desconforto… Mas, gera vida abundante.
Descubra a opinião desses dois grandes teólogos acerca do Declínio do Evangelho.
“Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue outro evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.” (Paulo de Tarso - Gálatas 1:6-8).
“A apatia está por toda a parte. Ninguém se preocupa em verificar se o que está sendo pregado é verdadeiro ou falso.um sermão é um sermão, não importa o assunto; só que, quanto mais curto, melhor.” (Charles Haddon Spurgeon – “Preface”, The Sword and the Trowel (1888, volume completo), p. iii.).
Estas duas citações feitas por homens que por toda a sua vida teológica, religiosa e devocional foram absolutamente sérios em suas condutas e tratados, embora tenham sido feitas há muito tempo, e em épocas totalmente distintas, nos impelem a uma reflexão inevitável, ou seja, estaria mesmo o Evangelho de Jesus Cristo se diluindo ou sendo por alguns, talvez muitos, diluído?
Este assunto sempre gerou muita discussão e não poucas horas de reflexão por aqueles que se propuseram a estabelecer paradigmas acerca do mesmo, contudo uma coisa não se pode negar: essa abordagem é hoje tão ou mais necessária que nas épocas em que as citações acima foram verbalizadas.
O apóstolo Paulo, com grande coragem e determinação interpela aos gálatas por qual razão estes estavam abandonando a pureza e legitimidade do evangelho de Cristo para seguir a outro, o qual, como disse Paulo, não é outro, mas sim perturbações e desvios de homens.
Já naquela longínqua data de fundação da igreja cristã se observava o desejo do coração do homem de fazer de suas vãs filosofias caminhos para a salvação, o que por conclusão lógica não se pode acontecer.
A maioria, pra não dizer todos os escritores do Novo Testamento (pra não citar os do Antigo Testamento) teve que lidar com situações similares. Situações que sempre foram geradas pelo coração pecador do homem e que tinham como objetivo deturpar ou mesmo desmerecer o sacrifício de Cristo em prol da elevação e proeminência de seus conceitos falhos, controversos e condenadores.
Os que desejam estabelecer qualquer outro caminho ao céu além daquele revelado pelo Evangelho de Cristo estão miseravelmente errados, o apóstolo imprime aos gálatas e a todos os que abdicam do puro evangelho a devida sensação de sua culpa por abandonar o caminho da justificação segundo as Boas novas, embora a repreensão seja feita com ternura e os retrata como arrastados a isso pelas artes de alguns que os perturbavam, sem contudo desculpar-lhes da falta de fidelidade. Devemos ser fiéis quando repreendemos a outros, e dedicar-nos, não obstante, a restaurá-los com o espírito de mansidão.
Alguns desejam instalar as obras da lei, e outras tantas práticas alheias e obscuras à luz do evangelho no lugar da justiça de Cristo, e deste modo, corrompem o cristianismo. O apóstolo denuncia com solenidade, por maldito, a todo aquele que tente por um fundamento falso, seja ele qual for, ou por meio de práticas distintas dos padrões bíblicos. Todos os outros evangelhos, fora do da graça de Cristo, embora sejam mais lisonjeiros para o orgulho da justiça própria, ou mais favoráveis para as luxúrias mundanas, são invenções de Satanás. Enquanto declaremos que rejeitar a lei moral como regra de vida tende a desonrar a Cristo, e a destruir a religião verdadeira, devemos também declarar que toda dependência das boas obras para a justificação, sejam reais ou imaginárias, sejam pragmáticas ou que busquem a satisfação dos desejos carnais e infratores do coração humano é igualmente fatal para os que persistem nelas. Assim, sejamos zelosos das boas obras, tenhamos cuidado de não colocá-las no lugar da justiça de Cristo, e não propor nada que possa trair o próximo ou a nós mesmos com um engano tão horrendo.

O Posicionamento de Spurgeon Acerca do Declínio do Evangelho

Já no final do século XIX, Spurgeon vislumbrou essa tendência de se trazer diversão e outras coisas que são absolutamente alheias ao evangelho para dentro da igreja. Em meio A Controvérsia do Declínio, em 1889, Spurgeon proferiu as seguintes palavras em pregação:
“Creio não estar procurando erros onde o erro não existe; mas não consigo abrir os olhos sem ver coisas sendo feitas em nossas igrejas que, há trinta anos, não eram nem sonhadas.
Em termos de diversão, os professos têm avançado no caminho do relaxamento. O que é pior, as igrejas agora pensam que sua responsabilidade é entreter as pessoas. Discordantes que costumavam protestar contra a ida a um teatro, agora fazem com que o teatro venha a eles. Muitos [templos de igrejas] não deveriam receber licença para exigir peças teatrais? Se alguém fosse sério em exigir obediência às leis, não teriam de obter uma licença para que suas igrejas funcionassem como teatros?
Tampouco ouso falar a respeito do que tem sido feito nos bazares, jantares beneficentes etc. Se esses fossem organizados por pessoas mundanas decentes, não poderiam alcançar melhores resultados? Que extravagância ainda não foi experimentada? Que absurdo tem sido grande demais para a consciência daqueles que professam ser filhos de Deus e que não são deste mundo, mas chamados a andar com Deus em vida de separação?
O mundo considera as altas pretensões de tais pessoas como hipocrisia; e, de fato, não conheço outro termo melhor para classificá-las. Imaginem aqueles que gostam da comunhão com Deus brincando de tolos, com roupas teatrais! Falam acerca do lutar com Deus na oração em secreto, mas fazem malabarismo com o mundo em uma jogatina irreconciliável. Será que isso está correto? O certo e o errado trocaram de lugar? Sem dúvida, existe uma sobriedade de comportamento que é coerente com a obra da graça no coração, e existe uma leviandade que indica que o espírito maligno está em supremacia.
Ah! Senhores, pode ter havido uma época em que os cristãos eram por demais precisos, mas não é assim em meus dias. Pode ter existido uma coisa espantosa chamada rigidez Puritana, mas eu nunca a vi. Agora estamos bem livres desse mal, se é que ele existiu. Já passamos da liberdade para a libertinagem. Ultrapassamos o dúbio e caímos no perigoso, e ninguém pode profetizar onde haveremos de parar. Onde está a santidade de Deus hoje?… Ela não passa de algo turvo, tal qual um paio que fumega; é mais um objeto de ridicularização do que de reverência.
Será que o grau de influência de uma igreja não pode ser medido por sua santidade? Se grandes hostes daqueles que professam ser cristãos fossem , quer em sua vida familiar, quer em seus negócios, santificados pelo Espírito, a igreja se tornaria uma grande potência no mundo. Os santos de Deus poderão lamentar juntamente com Jerusalém, ao perceberem que sua espiritualidade e santidade estão em níveis baixíssimos! Outros podem considerar isto como algo que não trará qualquer conseqüência; porém, nós o vemos como o irromper de uma lepra.
Eis o desafio para a igreja de Cristo: “Purifiquemos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (II Coríntios 7:1). Não é a engenhosidade de nossos métodos, nem as técnicas de nosso ministério, nem a perspicácia de nossos sermões que trazem poder ao nosso testemunho. É a obediência a um Deus santo e a fidelidade ao seu justo padrão em nosso viver diário.
Precisamos acordar. O declínio é um lugar perigoso para ficarmos. Não podemos ser indiferentes. Não podemos continuar em nossa busca insensata por prazer e auto-satisfação. Somos chamados a lutar uma batalha espiritual e não poderemos ganhá-la apaziguando o inimigo. Uma igreja fraca precisa se tornar forte, e um mundo necessitado precisa ser confrontado com a mensagem da salvação; e talvez haja pouco tempo para isso. Como Paulo escreveu à igreja em Roma: “Já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto do que quando no princípio cremos. Vai alta a noite, e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz”. (Romanos 13:11,12).
Estas palavras do príncipe dos pregadores não poderiam ser mais atuais. As igrejas hodiernas, lógico não todas, porém muitas delas, somente o que promovem é entretenimento, oferecendo às pessoas aquilo que estas desejam sem que sejam em momento algum confrontadas com a verdade do evangelho. Mais do que isso e quem sabe ainda pior, estas igrejas estão se tornando centros de diluição, de barateamento e distorção das Sagradas Letras. Pregadores usam o púlpito para alardearem discursos impensáveis à luz do evangelho de Jesus Cristo. Tais discursos são ponto de partida para práticas odiosas quando iluminadas pela luz do evangelho.
Os dias são maus é preciso remir o tempo, é preciso dependência exclusiva de Deus bem como submissão total a Sua Palavra.
Que o Senhor da glória nos ajude, que tenha misericórdia de nós para que aquele que pensa estar em pé não caia.
Prof. Gilson Malheiros
Mestre em Teologia
Fonte: www.institutodeteologialogos.com.br

sábado, 14 de junho de 2014

Um policial pode tirar a vida de alguém?

Do original: https://padrepauloricardo.org/episodios/um-policial-pode-tirar-a-vida-de-alguem#at_pco=smlwn-1.0&at_si=539cb75bbd3b1d82&at_ab=per-2&at_pos=0&at_tot=1

A pergunta dessa semana vem de um policial militar e ele quer saber se é possível tirar legitimamente a vida de alguém. Para responder a essa pergunta primeiro é preciso distinguir duas situações: a) tirar a vida de um malfeitor; b) tirar a vida de um malfeitor agressor.

O policial lida a todo momento com celerados e, para prendê-los, evitar que fujam ou outra situação similar é preciso que utilize de uma certa força física, de uma certa coerção, mas nem a força física e nem a coerção devem ser de intensidade tal que lhes tirem a vida.

Todavia, se um malfeitor, no anseio de fugir ou eximir-se da responsabilidade de seu ato criminoso, atacar o policial ou a força policial, é permitido que o policial atacado lhe tire a vida, pois seria o caso da legítima e proporcionada defesa.

O que não se permite é que o policial, sem ter sua incolumidade física ameaçada gravemente, tire a vida de um malfeitor apenas por ele ter cometido algum crime, ainda que esse tenha sido chocante, hediondo. Isso equivaleria à pena de morte e para tanto, é preciso que se recorra à instância adequada, ou seja, o Poder Judiciário. Ora, o policial pertence ao Poder Executivo e não ao Judiciário.

Quanto à pena de morte, a Igreja tem bem clara a sua posição (conforme explicado no RC nº 128) de que, embora seja possível em determinados casos, existem outras formas de defender o bem comum e a sociedade nos tempos atuais.

Assim, a resposta à questão levantada pelo policial militar é a seguinte: não é permitido tirar a vida de um celerado se a sua própria não estiver em grave perigo, ou seja, se o malfeitor não o estiver agredindo (ou em vias de) com tal gravidade que corra o risco de ele mesmo morrer.

Contudo, uma questão deve ser levantada. Espiritualmente falando, é de se supor que o criminoso não esteja em estado de graça, muito pelo contrário, é bem possível que ele esteja em pecado mortal. Deste modo, tirar-lhe a vida equivale a condená-lo ao inferno e isso é muito grave.

Desta forma, quando um malfeitor é condenado à morte deve ser dada a ele toda a oportunidade para confessar-se e arrepender-se de seu pecado. Tirar a vida de uma pessoa, sem dar a ela a chance do arrependimento e da confissão, deve ser o último recurso a ser utilizado.

O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota

Do original: https://padrepauloricardo.org/episodios/o-minimo-que-voce-precisa-saber-para-nao-ser-um-idiota#at_pco=smlwn-1.0&at_si=539cb5ed6f98d301&at_ab=per-2&at_pos=0&at_tot=1

O livro do professor Olavo de Carvalho, "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota" (Editora Record, 2013), tornou-se um fenômeno de vendas instantâneo. Mesmo sendo um livro compendioso, de 615 páginas, a obra figurou em todas as listas dos mais vendidos da Internet, desde a semana de lançamento. Isso mostra o quanto o público brasileiro está sedento de informações – e informações verdadeiras.

O professor Olavo de Carvalho é um filósofo, no sentido genuíno da palavra. Além de possuir um pensamento filosófico próprio, ele procura a verdade de forma "cruel", com uma sinceridade destemida, de quem sai em sua busca sem medo do que irá encontrar ao final da investigação. Além de ter uma vasta obra filosófica – elaborada em livros como "A nova era e a revolução cultural", "O jardim das aflições" e "O imbecil coletivo" –, ele também dá a conhecer ao grande público algumas de suas reflexões e análises da realidade política, econômica e cultural do dia a dia brasileiro.

O trabalho intelectual do Padre Paulo Ricardo foi profundamente influenciado por Olavo de Carvalho. Como sacerdote fiel à Tradição e ao Magistério da Igreja, Padre Paulo tinha dificuldades para entender por que havia tantos empecilhos, fora e até dentro da Igreja, para transmitir a fé e a moral católicas. A partir de 2002, quando entrou em contato com o professor Olavo, ele começou a entender o motivo e, deste encontro profícuo com Olavo, nasceu o conhecido curso "Revolução e Marxismo Cultural".

Em "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota", estão compilados 20 anos de trabalho jornalístico do professor Olavo. Sistematicamente organizada e repleta de inúmeras notas explicativas, esta edição, realizada por Felipe Moura Brasil, tem a virtude de oferecer um corpo bem organizado – e até enciclopédico, poder-se-ia dizer –, procurando introduzir o leitor no universo filosófico de Olavo de Carvalho.

O título pode parecer ofensivo a um olhar desatento, mas trata-se de um convite para que as pessoas saiam de seu mundo fechado e subam ao encontro da realidade. Como explica o próprio Olavo, "em grego, idios quer dizer ‘o mesmo’. Idiotes, de onde veio o nosso termo ‘idiota’, é o sujeito que nada enxerga além dele mesmo, que julga tudo pela sua própria pequenez"[1]. A atmosfera cultural do Brasil está tragicamente contaminada por este alheamento à própria realidade, consequência de um processo epidêmico de idiotice coletiva.

As 615 páginas desta ótima edição são apenas a superfície do pensamento de Olavo de Carvalho. A quem estiver disposto a conhecer a fundo a sua obra e aprender verdadeiramente a pensar, recomenda-se o ingresso no Seminário de Filosofia (www.seminariodefilosofia.org). Quem está acostumado com a linguagem filosófica, pode ter uma noção do pensamento do professor através do texto "Elementos da filosofia de Olavo de Carvalho"[2], escrito por Ronald Robson, um de seus alunos, que faz uma espécie de mapeamento da sua filosofia, condensando-a em oito grandes blocos e orientando os leitores de "O mínimo" para os textos correspondentes a cada um destes blocos.

Aos demais interessados no livro, mas menos afeitos à filosofia, recomenda-se a recensão do jornalista Reinaldo Azevedo, publicada em seu blog[3]. Ele comenta que os artigos presentes no livro "impactam ainda hoje e podiam ser verdadeiros alumbramentos há 10, 12, 13 anos, quando o autor, é forçoso admitir, via com mais aguda vista do que todos nós o que estava por vir".

Assim como o contato com Olavo de Carvalho mudou por completo a atividade intelectual do Padre Paulo Ricardo, "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota" transformará totalmente a forma como seus leitores enxergam e concebem o mundo.
Referência

Olavo de Carvalho,Professores de corrupção, Diário do Comércio, 7 de maio de 2012. In O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, p. 281.
Ronald Robson,Elementos da filosofia de Olavo de Carvalho, 24 de agosto de 2013. In Ad Hominem.
Reinaldo Azevedo,"O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota", 2 de setembro de 2013. In Blog do Reinaldo Azevedo.
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