// Estar com Deus

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

A volta do profeta Elias: o que a unção de Elias representa para as famílias e para o mundo político nestes últimos dias

O profeta Elias era um homem de Deus profundamente envolvido em atividades políticas. Ele não era um político, mas exortava e repreendia os políticos.

Elias inicia seu ministério sem medo de entregar uma palavra dura para o rei Acabe (criatura política semelhante ao presidente Lula do Brasil e ao ex-presidente Clinton dos EUA):

“Você e o seu pai… são criadores de problemas, pois abandonaram os mandamentos do SENHOR Deus e adoraram as imagens de Baal”. (1 Reis18:18 NTLH)
Elias continuou confrontando o rei Acabe posteriormente, com muitas outras palavras proféticas. (Para ver como Deus usou Elias na esfera nacional de Israel, leia os capítulos 17, 18, 19 e 21 do livro de 1 Reis e o capítulo 1 do livro de 2 Reis, no Antigo Testamento.)

Depois de cumprir missões proféticas incríveis na política de Israel, Elias foi levado por Deus (veja o capítulo 2 do livro de 2 Reis). Mas ele não experimentou a morte. Pelo que se indica no livro do profeta Malaquias, Elias voltará. Deus diz: “Vejam, eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e temível dia do SENHOR. Ele fará com que os corações dos pais se voltem para seus filhos, e os corações dos filhos para seus pais; do contrário, eu virei e castigarei a terra com maldição”. (Malaquias 4:5-6 NVI)

Entretanto, mesmo antes da volta de Elias, já houve um cumprimento parcial inesperado (assim como é possível que ocorram outros cumprimentos parciais inesperados):

“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas; Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara de João o Batista”. (Mateus 17:11-13 ACF, o destaque é meu.)

Quando Jesus disse que Elias restaurará todas as coisas, ele também quis dizer que Elias colocará tudo em ordem — principalmente na esfera política. O Novo Testamento Philips diz que Elias “iniciará a reforma do mundo”. O mundo político, com toda a sua corrupção, hipocrisia e maldade, precisa de ordem, e Deus enviará Elias para esse propósito.

João Batista: o primeiro homem a ter a unção de Elias?

Na vida de João Batista, o próprio Jesus reconheceu e explicou que houve um cumprimento parcial para essa profecia, isto é, além da vinda de Elias, João Batista também era um Elias de Deus para o mundo. Provavelmente, o ministério de João Batista também mostra que Deus pode levantar homens na unção de Elias. Recebendo a unção de Elias, João Batista fez o que Elias fazia. O que Elias fazia? Ele repreendia os governantes conforme a poderosa Palavra de Deus.

Assim como Elias, João Batista passava sua vida num isolamento profético “nos desertos”, para poder buscar melhor a Deus, para poder ouvir melhor a voz do Espírito Santo e ser um instrumento poderoso de Deus na sociedade.

Com a unção de Elias, João Batista confrontou Herodes (outra criatura política semelhante ao presidente Lula e ao ex-presidente Clinton dos EUA) por causa de um pecado sexual em sua vida:

João dizia a Herodes: “Não te é permitido viver com a mulher do teu irmão”.(Marcos 6:18 NVI)

Outras versões da Bíblia revelam que João fazia essa repreensão frequentemente a Herodes. Não só uma, duas ou três vezes, porém toda vez que via Herodes, João abria a boca. Ele não perdia a oportunidade de dizer que o rei havia quebrado os limites legais de Deus.

De forma estranha, o que João estava fazendo era cumprimento parcial da promessa de Deus em Malaquias. No entanto, ninguém poderia imaginar que incluída nessa promessa estava também a volta da unção de Elias. João Batista pode ter sido o primeiro servo do Senhor a desfrutar essa unção.

A missão profética de João Batista era preparar o coração do povo de Deus para a maior visitação do Senhor na história humana. É claro que, espiritualmente, o Senhor continuará visitando seu povo, para operar grandes obras, e servos do Senhor ajudarão a preparar o coração do povo de Deus para as visitações do Espírito Santo nestes últimos dias. Se o Senhor continuar derramando a unção de Elias, veremos homens ousados no Espírito Santo, prontos para, conforme a Palavra de Deus, repreender governantes que estão em pecado e corrupção.

O que João Batista fazia frequentemente diante de Herodes é um contraste surpreendente com a realidade de nossos dias, onde é comum homens e mulheres que professam ser de Deus apoiarem políticos e governantes com um comportamento moral e sexual pior do que o comportamento de Herodes. Contudo, o envolvimento político de João ia até onde esses homens e mulheres não ousam ir. Seu envolvimento político não adulava os poderosos, mas refletia fielmente a perspectiva de Deus para lidar com problemas morais específicos e sérios.

Onde entra a unção de Elias, entra a cobrança profética diante de autoridades políticas, a fim de que as políticas se alinhem com as políticas de Deus e a fim de que os políticos se alinhem moralmente com a vontade e leis de Deus.

Enquanto Elias no Antigo Testamento cobrava dos governantes judeus um estilo de vida justo que agradasse a Deus, no Novo Testamento João cobrou de Herodes (que nem judeu era) um comportamento sexual justo. Herodes tinha muitos problemas sérios (inclusive desonestidade, corrupção e violência) que mereciam forte reprovação. João poderia ter confrontado todos esses pecados, pois ele tinha conhecimento, através de seus pais que eram de famílias de sacerdotes, do importante papel dos profetas do Antigo Testamento na denúncia contra a corrupção e opressão contra os pobres praticadas por autoridades políticas.

No entanto, ele agiu de acordo com a prioridade de justiça que Deus colocou em seu coração, talvez porque não fizesse muito sentido pressionar um político a tentar “consertar” as coisas na sociedade quando sua vida particular precisava de “conserto” moral. Ele não dispersou suas energias atacando todos os pecados de um político. Ele começou atacando de frente o pecado que sua visão espiritual via como mais grave no momento. Sua prioridade absoluta era lidar diretamente com a questão moral, muito embora ele também condenasse outros pecados na vida do rei Herodes. Por sua atitude de repreender o pecado sexual de um homem da política, João acabou sofrendo prisão e morte.

Jesus aprovou o comportamento profético de João. Enquanto João estava na prisão pagando pelo “crime” de condenar o pecado sexual de Herodes, Jesus só teve comentários de elogio sobre ele. “Eu afirmo a vocês que isto é verdade: De todos os homens que já nasceram, João Batista é o maior… E, se vocês querem crer… João é Elias, que estava para vir.” (Mateus 11:11,14 BLH, o destaque é meu.)

Se estivesse vivo em nossa época, não há dúvida de que João abriria a boca diante de políticos como Lula, que promovem ativamente a agenda do aborto e do homossexualismo na sociedade. Contudo, quem poderia dizer que a unção de Elias não pode ser dada a homens de Deus no Brasil? Enquanto não se vê o derramamento dessa unção, nada impede o povo de Deus de clamar incessantemente: “Senhor, o Brasil tem no governo Herodes e Acabes, mas onde estão os teus Elias para o Brasil?”

Restaurando e reformando o mundo político

Ao mesmo tempo em que declarou que João simbolizou Elias, Jesus também deixou claro que Elias realmente virá para restaurar tudo e iniciar a reforma do mundo. Há muitas coisas tortas, pervertidas e diabólicas nas lideranças políticas e nas próprias políticas e leis criadas por eles, e Elias virá com a poderosa Palavra do Senhor para reprovar o mundo político, para manifestar aos arrogantes governantes mundiais que Deus exige que os governos e as nações se conduzam conforme a justiça da Palavra de Deus.

Talvez, a exemplo de João Batista, Deus poderá também levantar nestes últimos dias homens que simbolizem Elias. Afinal, há muitos Acabes e os Herodes nos governos de hoje e eles também precisam ser repreendidos conforme a Palavra do Senhor. Eles precisam saber e reconhecer que Deus não age só dentro das igrejas cristãs, mas também entre os arrogantes governantes mundiais. Eles precisam sentir, através da unção profética de Elias nos servos escolhidos de Deus, que suas políticas e condutas são abominação diante de Deus.

Os Acabes que promovem a idolatria estatal, a feitiçaria, a prostituição e o homossexualismo precisam conhecer o poder de Deus através de seus profetas. Os Herodes que vivem condutas sexuais erradas precisam ser repreendidos pelos profetas com a unção de Elias.

Os governantes do mundo não têm direito nenhum de fazer o que bem quiserem, pois Deus lhes deu a obrigação específica de servirem a Deus castigando os maus e elogiando os bons. A Palavra de Deus deixa claro que os governantes são “enviados para castigo dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem.” (1 Pedro 2:14 ACF)

Todo governo humano foi chamado para ser servo de Deus nesta obrigação fundamental:

“Porque [o Estado] é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal.” (Romanos13:4 ACF)

Entretanto, o governo hoje invade até mesmo a esfera de Deus, prometendo dar tudo (saúde, educação, etc.) à população e suprir-lhe todas as necessidades, como se fosse o próprio Deus! Gerald Ford, presidente dos EUA na década de 1970, disse uma grande verdade sobre o governo:

“Se o governo é grande o suficiente para lhe dar tudo o que você quer, é grande o suficiente para lhe tirar tudo o que você tem”.

Quando o governo deixa de ser servo de Deus na missão que Deus lhe deu de castigar os maus e elogiar os bons e invade áreas que Deus não lhe permitiu (o controle das crianças e da educação), então o Estado se torna um Monstro.

O governo brasileiro vem falhando sistematicamente na área da segurança, que é sua obrigação e também o dever que Deus lhe impôs. Vem falhando também sistematicamente na área da educação e saúde, que Deus não lhe autorizou. Resultado: o governo tira quase tudo de seus cidadãos, mas não lhes dá quase nada, e o pouco que o povo recebe é precário e ruim.

Quando o Estado quer fazer tudo, acaba não conseguindo fazer quase nada, a não ser sobrecarregar a população com um número grande de impostos elevados e injustos. Tanto dinheiro para impostos de segurança, saúde e educação e, no final, os cidadãos ficam sem dinheiro e sem os “produtos” estatais que foram obrigados a pagar a preços tão elevados.

Nenhum governo tem chamado de Deus para se envolver no controle de famílias, crianças e promoção de políticas de aborto, homossexualismo e outras perversões. A responsabilidade fundamental que Deus deu ao governo é “castigar o que faz o mal”. O que passa dessa obrigação é intromissão estatal e pode seriamente cair dentro da categoria de ilegalidade diante de Deus. Os Elias de Deus confrontarão os presidentes, governadores, prefeitos e outros políticos na negligência à sua obrigação e os repreenderão por invadirem áreas que não lhes competem.

No entanto, onde estão os Elias de Deus para avisar os presidentes e outros governantes que seu governo e suas políticas são ilegais aos olhos de Deus? Onde estão os Elias de Deus para dizer ao governo que sua responsabilidade é apenas a segurança? Onde estão os homens de Deus para imitar João Batista e dizer aos Herodes modernos: “O que você está fazendo é contra a Lei de Deus”? É bem fácil chegar até um presidente ou outra autoridade corrupta e imoral e limitar-se a elogios e cumprimentos. Multidões de líderes religiosos que se encontram com elevadas autoridades agem exatamente assim. Não buscam a face de Deus e quando estão face a face com um governante, só têm elogios, para quem com justiça merece uma palavra de repreensão e aviso. Há aduladores em abundância. Mas onde estão os Elias? Onde estão os homens com a coragem ungida de dizer aos presidentes que seu governo passou dos limites que Deus deu?

A chave para cultivar a unção de Elias: o envolvimento direto dos pais na criação e educação dos filhos

Onde estão os Elias de Deus? Eles estão, ou poderão estar, no ambiente espiritual ideal para seu desenvolvimento. Deus diz:

“Vejam, eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e temível dia do SENHOR. Ele fará com que os corações dos pais se voltem para seus filhos, e os corações dos filhos para seus pais; do contrário, eu virei e castigarei a terra com maldição”. (Malaquias 4:5-6 NVI, o destaque é meu.)

Em nossa época, o Estado vem levando os filhos a se distanciar dos pais, porque os pais não estão se investindo devidamente na vida dos filhos. Com esse distanciamento, fica bem fácil pais se voltarem contra filhos e filhos contra pais.

O Estado, que Elias e João Batista tanto repreendiam e confrontavam, hoje tem como uma de suas metas prioritárias controlar as crianças — por meio das escolas. O controle estatal sobre as crianças e a educação é uma novidade recente na história da humanidade. É claro que o Estado alega defender o “direito à educação” das crianças. Contudo, mesmo que os pais tenham formação universitária pós-graduada na área da educação, o Estado brasileiro, por exemplo, não dá a esses pais o direito de dar a seus filhos educação escolar em casa, sob o pretexto de querer “os melhores interesses das crianças” — que são, na verdade, apenas uma camuflagem para proteger os melhores interesses estatais.

Um filho aprendendo em casa pode receber uma boa educação, se os pais têm meios para se sacrificar nessa educação, e será difícil semear novos e estranhos valores neles com os pais por perto. Na escola, mesmo que as crianças não recebam uma educação adequada — e pesquisas indicam que a saúde da educação no Brasil não anda nada bem —, o importante, para o Estado, é que longe dos pais pelo menos fica mais fácil colocar as crianças em contato com valores diferentes dos pais, valores aprovados pelos critérios estatais. O deus estatal exige o sacrifício de crianças no altar da doutrinação governamental.

O que está em jogo é a direção de vida e valores das crianças. O Estado bem sabe que o controle sobre a educação e as crianças é fundamental. Por isso, o governo não abre mão de sua própria lei que exige que as crianças freqüentem a escola institucional. A meta em si não é a educação. É distanciar a criança do lar e mantê-la no ambiente institucional — longe da família e seus valores — o máximo de tempo possível. O resultado? Depois de alguns anos expostos à doutrinação estatal, muitos adolescentes de famílias evangélicas começam a se desviar. Quando terminam uma faculdade, a grande maioria se desapega de Deus e seus valores ou da família e seus valores. Terminam “educados” e imorais, “educados” e rebeldes, “educados” e distantes de Deus, “educados” e longe dos valores da família.

“Educados” é uma expressão praticamente vazia de seu real sentido, pois a maioria dos alunos que saem da escola hoje é funcionalmente analfabeta, escrevendo e lendo de modo precário, porém muito bem “educada” em assuntos totalmente desnecessários, como namoro com sexo livre e educação sexual pornográfica com direito à imoralidade homossexual.

O fato é que os filhos estão se desviando dos pais e de seus valores, porque os pais os entregaram à influência nociva da doutrinação estatal das escolas institucionais.

De que adianta então uma grande formação “educacional” com o preço da vida e valores espirituais de nossos filhos? Provavelmente, os apóstolos do Senhor Jesus Cristo prontamente sacrificariam tais oportunidades acadêmicas, em vez de sacrificar seus filhos por amor a esse tipo de educação. Eles jamais veriam a educação como mais importante do que a vida e valores espirituais de seus filhos.

Se os apóstolos tivessem apenas essas duas opções, é claro que eles escolheriam proteger seus filhos. Entretanto, não há apenas essas duas opções. No que se refere à educação, a escola institucional não é a única escolha! Quando o coração dos pais se volta para os filhos, assumindo a supervisão direta de sua educação e formação e recusando-se a entregá-los ao Monstro estatal, o coração dos filhos volta-se — não para as drogas, rebelião e comportamentos errados. O coração deles volta-se para seus pais. Não é à toa que no movimento de educação escolar em casa a maioria dos filhos admire e respeite os pais, um comportamento cada vez mais difícil quando os filhos já estão frequentando uma escola institucional há alguns anos. A educação é a chave. O Estado sabe disso. A Palavra de Deus ensina isso. Resta aos pais agora descobrirem essa importante verdade.

Quem tiver controle sobre a educação de uma criança terá influência decisiva sobre seus valores. É por isso que o Estado exige esse controle, por mais preparo acadêmico que os pais tenham. O Estado precisa controlar a educação, a fim de que tenha total liberdade de pregar e ensinar seus valores “democráticos” — que nada mais são do que seu “evangelho” do humanismo, socialismo, feminismo, homossexualismo e liberalismo. O Estado precisa controlar as crianças, a fim de que tenha total liberdade de torná-las discípulas desse “evangelho”.

O Monstro estatal usa o sistema de educação para formar monstrinhos e monstros conforme a sua própria imagem e semelhança, para que aprendam com os mestres estatais que o que é abominação aos olhos de Deus é normal para o Monstro estatal, e o que é justo e certo aos olhos de Deus é abominação para o Monstro estatal. Há exemplos abundantes dessa realidade. O Monstro estatal do Brasil vê como abominação a orientação do livro de Provérbios que dá aos pais o direito e a plena liberdade de disciplinar, com a vara da correção, o mau comportamento dos filhos. Mas vê como normal e justo entregar, em adoção, crianças para casais homossexuais.

O programa Brasil Sem Homofobia do governo Lula quer que todos os brasileiros respeitem a sodomia. Os pais que não respeitarem a sodomia estarão arriscados a perder a guarda dos filhos — a qual poderá ser entregue a um “casal” homossexual. Só um Monstro poderia fazer agir assim. E tal Monstro existe: é o Estado.

O Monstro estatal vê como normal entregar crianças em gestação ao extermínio do aborto legal. Para ele, é normal ensinar crianças de escola que o homossexualismo e o sexo fora do casamento são opções de vida e merecem respeito.

O Monstro estatal exige que, nas aulas de religião das escolas públicas, Jesus Cristo seja colocado no mesmo nível dos deuses do candomblé e outras religiões afro-brasileiras e pagãs.

O Monstro estatal exige a exclusão de Deus e seus valores das escolas e da esfera pública, com a desculpa de que o Estado é laico. A exclusão é propositada, a fim de que o lugar de Deus seja ocupado pelo Monstro estatal. Assim, o Estado moderno é semelhante aos reinos antigos, onde o paganismo usurpava o lugar que pertencia a Deus. Hoje quem usurpa é o humanismo, o estatismo, o secularismo, o socialismo e ideologias afins.

Mesmo com um controle tão forte e com políticas e leis draconianas na área da educação, o governo Lula, depois de vários anos de investimento na “melhoria” da educação, reconhece que seu “objetivo fracassou” e que na educação brasileira o “quadro é negativo”. Aliás, reconhece também que, embora a educação institucional seja compulsória e a educação escolar em casa seja proibida, o analfabetismo está relativamente alto e que as crianças terminam a escola primária praticamente sem saber ler e sem entender o que lêem. Em outras palavras, o próprio governo está dizendo que sua educação é um desastre!

Apesar desse fracasso muito bem reconhecido, o governo Lula conseguiu abaixar a idade da obrigatoriedade escolar, modificando a lei para que os pais sejam forçados agora a mandar os filhos para a doutrinação estatal da escola institucional não mais aos 7 anos de idade, mas aos 6. Contudo, a meta estatal é muito mais ambiciosa:

Dados divulgados pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação mostram números preocupantes no Brasil. De acordo com a Campanha… mais de 50% das crianças entre 0 e 6 anos não estão na escola… 

Esses dados apontam para uma realidade assustadora: apesar do fracasso estatal da educação para crianças acima de 6 anos que são obrigadas por lei a frequentar uma escola institucional, agora o Estado se preocupa com o fato de que, abaixo de 6 anos, só 50% das crianças frequentam escolas. A solução? Tornar a frequência escolar abaixo dos 6 anos compulsória também! O Estado está considerando medidas legais e políticas para estender seu controle sobre essas criancinhas.

O governo pode não estar feliz com seu desempenho na área da alfabetização, mas pelo menos contenta-se com o fato de que suas próprias leis mantêm as crianças mais sob seu próprio controle e supervisão do que sob o controle e supervisão dos pais. O que então o governo pode fazer quando as crianças estão longe da supervisão direta dos pais?

O próprio governo Lula confessou não está conseguindo alfabetizar os alunos de forma minimamente satisfatória, mas quer garantir que eles tenham acesso a camisinhas e cartilhas pornográficas dentro das escolas. O Estado brasileiro quer compensar seu fracasso educacional com camisinhas e pornografia. Assim, os alunos não se preocuparão com suas notas baixas, pois estarão embriagados de sexo livre e de uma auto-estima induzida por técnicas psicológicas de lavagem cerebral. Eles se tornarão burros e idiotas alegres.

Os pais que desejarem se investir em seus filhos por amor a Jesus, criando filhos que tenham o coração voltado para os pais, precisarão da unção de Elias, para desafiar as imorais imposições estatais que exigem controle das crianças na esfera da educação. Aliás, o Superior Tribunal de Justiça, percebendo o “perigo” da educação escolar em casa para as ambições estatais, chegou a afirmar que “os filhos não pertencem aos pais”, numa decisão judicial contra uma família que educava em casa. O Estado moderno, assim como os reinos pagãos do passado, exige o sacrifício de crianças em seus altares, e todo esforço dos pais cristãos para resgatar seus filhos desse sacrifício secularista e pagão exige a unção de Elias, exige o sacrifício dos pais na vida dos filhos, assumindo a educação deles e a supervisão e formação de seus valores.

A unção de Elias é para estes últimos dias. É para os pais — para capacitá-los a enfrentar o absolutismo estatal. É para os pais — para capacitá-los a se dedicarem à educação total de seus filhos. É para os pais — para lhes dar coragem de não entregar seus filhos no altar da educação do Monstro estatal. É para os pais — para capacitá-los a criar filhos proféticos, na unção de Elias e João Batista.

Elias (e sua unção profética dos últimos dias) convencerá os pais a assumirem completamente a criação e educação de seus filhos e os filhos a respeitarem e admirarem os pais. Essa meta já está se cumprindo de forma espantosa no movimento de educação escolar em casa, onde pais se voltam para os filhos e filhos se voltam para os pais.

O movimento de educação escolar em casa oferece excelentes oportunidades de criar homens e mulheres na unção profética de Elias e João Batista

Elias (e sua unção profética dos últimos dias) convencerá os pais a rejeitarem as imposições estatais injustas na área de criação e educação de filhos. Como sempre, ele desafiará governos e políticos. Será unção para abalar o que precisa há muito ser abalado. Diante da determinada oposição estatal à educação escolar em casa, não há como os pais se envolverem nesse movimento profético sem desafiar o Estado corrupto, pagão e imoral.

Entretanto, o preço vale a pena. Não existe bênção maior, para uma família, do que ter os filhos aos pés do Senhor Jesus, não debaixo das patas do Monstro estatal e seus valores imorais. Para que tal bênção seja realidade, o povo de Deus, a exemplo de Elias, terá de confrontar governos e autoridades.

A característica fundamental do estilo de vida profético de Elias, que entrará em ação nos últimos dias, é o isolamento profético. Elias se isolava completamente dos pecados da sociedade. Certamente, se houvesse escolas públicas (estatais) em Israel na época dele e se ele tivesse família, ele não enviaria os filhos à escola. Ele assumiria a educação deles, no Senhor. Esse isolamento necessário é parte da educação escolar em casa, onde as crianças cristãs recebem uma boa educação, sem a doutrinação estatal e sem as pressões e influências de colegas de classe que têm comportamentos moralmente problemáticos.

Em seu isolamento, Elias sempre buscava a Deus e se preparava para atender toda vez que Deus o chamava para ir ao meio da sociedade e confrontar seus líderes políticos e valores errados. Na educação escolar em casa, os pais dedicados têm a oportunidade de investir fortemente na formação espiritual, moral e educacional dos filhos, preparando-os para atender ao chamado de Deus na esfera social, combatendo valores nocivos. Assim como Elias, o movimento de educação escolar em casa oferece excelentes oportunidades para os pais criarem e educarem filhos que desafiarão o moderno sistema político secularista, pagão, abortista, homo sexualista e imoral.

Enquanto a meta do Senhor na educação é que os pais formem seus filhos na unção de Elias nestes últimos dias, a meta do Monstro estatal é formar a nova geração na anormalidade ética, sexual e espiritual de Acabe e Herodes.

O Brasil e o mundo precisam da volta de Elias e de muitos outros homens como ele e João Batista.

Não sabemos como ou quando Elias virá, mas Elias ou as pessoas com a unção de Elias que virão farão um trabalho profético de restauração nos governos, abalando as estruturas de pecado e arrogância. Essas pessoas terão um preparo de vida semelhante ao próprio preparo de vida que tiveram Elias e João Batista.

É bem possível que Deus tenha escolhido o movimento de educação escolar em casa para dar aos pais a oportunidade de criar filhos na unção de Elias. Essas crianças, criadas e educadas de modo isolado da doutrinação estatal, serão fortalecidas em valores bíblicos que lhes darão condições de serem instrumentos de Deus para repreenderem futuramente líderes políticos, seus comportamentos imorais e suas políticas injustas.

A educação escolar em casa, onde pais se voltam para os filhos e filhos e voltam para os pais, é o terreno ideal para o “cultivo” de novos Elias. É só desse modo que será possível escapar da maldição que sobrevirá como castigo à nação por causa do distanciamento entre pais e filhos e entre filhos e pais e por causa das pervertidas políticas do Monstro estatal que provocam e facilitam esse distanciamento. (Cf. Malaquias 4:6)

As oportunidades de bênçãos são muitas no movimento de educação escolar em casa, mas os pais que quiserem a unção de Elias para seus filhos precisarão pagar um preço elevado em face das ameaças violentas dos Acabes, Herodes, Lulas e outros lacaios do Monstro estatal. Eles exigem total controle sobre a educação de nossos filhos, um controle que Deus não lhes deu autoridade nem permissão de exigir.

No passado, o Monstro estatal exigia o sacrifício de crianças. Essa exigência não mudou. O Monstro estatal continua sedento de crianças.

A quem então entregaremos nossos filhos? Em que altar os ofereceremos?

Seja através da educação escolar em casa ou outros movimentos do Espírito Santo, o Deus que agiu através de Elias vai mostrar ao mundo que não parou suas atividades no mundo da política. Ele vai mostrar que não parou de confrontar os políticos em sua imoralidade e injustiça.

O melhor de Deus ainda está para vir.

Elias voltará.

Fonte - Julio Severo



segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Breve Comentário do Evangelho João 18,1-19,42

 Quem conviveu com Jesus foi testemunha que nele havia uma fonte de vida a jorrar para todos.

Com sua morte na Cruz, a fonte parecia-lhes extinta. Os poderes deste mundo, civil e religioso tentaram destruir a sua credibilidade, julgando-o blasfemo e subversivo, e promoveram sua morte. Contudo, haverá maior ilusão do que esta? Achar que Deus pode ser morto?

É o próprio Jesus, e seu espírito, que iluminarão a comunidade: o dom e a participação na vida eterna de Deus não estão na comunidade temporal, mas na permanência na existência de Deus, na comunhão do amor que gera a vida.

A vida eterna se manifesta no confronto com a morte. É a vida que teima em resistir e se manifestar em um mundo onde os ambiciosos do poder acumulam riquezas e provocam a exclusão, a pobreza, a miséria a guerra e a morte.

sábado, 6 de março de 2021

A INTELIGÊNCIA NO CENTRO DA PERSONALIDADE.


Tratar do tema da personalidade sem passar pelo conceito de pessoa seria mais ou menos como explicar um axioma da geometria euclediana sem dominar conceitos básicos desta ciência, como reta, curva, ponto, intermediação, congruência, superfície, ângulo, etc.

Desgraçadamente, em psicologia, assim como em pedagogia, isto é muito comum do que o vulgo imagina: estudiosos da alma humana adeptos de escolas diversas discorrem de maneira temerária sobre questões relativas à personalidade, negligenciando definições e postulados elementares (Indico como leitura "Corrientes de Psicologia Contemporânea", de Martin F. Echavarría).

Em regra, o resultado de seu trabalho é uma babel terminológica e conceitual - e, como diz Tomáz de Aquino seguindo Aristóteles, parvus error in principio magnus est in fine (Um pequeno erro no princípio torna-se grande no fim).

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

JEJUM E ORAÇÃO

Versículos Bíblicos sobre Jejum nas Sagradas Escrituras.

“O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo? Isaías: 58.6)"

INTRODUÇÃO.


O jejum é uma forma de nos aproximarmos de Deus.
Quando jejuamos estamos deixando de alimentar o nosso corpo, porém estamos fortificando o nosso espírito. Jejuar pode ter propósitos diferentes, tais como: para uma resposta de Deus, por um milagre, para libertação, para mostrar tristeza e arrependimento, e outros.

Versículos sobre jejum no Antigo Testamento:

Nós, pois, jejuamos e pedimos isso ao nosso Deus, e moveu-se pelas nossas orações.(Esdras:8.23)
Moisés ficou ali com o Senhor quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão e sem beber água. E escreveu nas tábuas as palavras da aliança: os Dez Mandamentos. (Êxodo: 34.28)Não comi nada saboroso; carne e vinho nem provei; e não usei nenhuma fragrância perfumada, até se passarem as três semanas. (Daniel: 10.3)Ainda assim, agora mesmo diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração e isso com jejum, com choro e com pranto. (Joel: 2.12)
Quando ouvi essas coisas, sentei-me e chorei. Passei dias lamentando-me, jejuando e orando ao Deus dos céus. (Neemias: 1.4)Por isso me voltei para o Senhor Deus com orações e súplicas, em jejum, em pano de saco e coberto de cinza. (Daniel: 9.3)Decretem um jejum santo, convoquem uma assembleia sagrada. Reúnam as autoridades e todos os habitantes do país no templo do Senhor, o seu Deus, e clamem ao Senhor. (Joel: 1.14)

Mais versículo sobre o tema no Antigo Testamento:

Ali, junto ao canal de Aava, proclamei jejum para que nos humilhássemos diante do nosso Deus e lhe pedíssemos uma viagem segura para nós e nossos filhos, com todos os nossos bens. (Esdras: 8.21)‘Por que jejuamos’, dizem, ‘e não o viste? Por que nos humilhamos, e não reparaste?’ Contudo, no dia do seu jejum vocês fazem o que é do agrado de vocês e exploram os seus empregados. (Isaías: 58.3)Seu jejum termina em discussão e rixa, em brigas de socos brutais. Vocês não podem jejuar como fazem hoje e esperar que a sua voz seja ouvida no alto. (Isaías: 58.4)Será esse o jejum que escolhi, que apenas um dia o homem se humilhe, incline a cabeça como o junco e se deite sobre pano de saco e cinzas? É isso que vocês chamam jejum, um dia aceitável ao Senhor? (Isaías: 58.5)

Versículo sobe jejum nos Evangelhos:

Quando jejuarem, não mostrem uma aparência triste como os hipócritas, pois eles mudam a aparência do rosto a fim de que os homens vejam que eles estão jejuando. Eu lhes digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa. (Mateus: 6.16)Assim, depois de jejuar e orar, impuseram-lhes as mãos e os enviaram. (Atos: 13.3)
Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará. (Mateus: 6.6)
E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos. (Mateus: 6.7)E eles lhe disseram: “Os discípulos de João jejuam e oram frequentemente, bem como os discípulos dos fariseus; mas os teus vivem comendo e bebendo. (Lucas: 5.33)
“Leia também: Deus nos observa por inteiro”.Jesus respondeu: “Podem vocês fazer os convidados do noivo jejuar enquanto o noivo está com eles”? “Mas virão dias quando o noivo lhes será tirado; naqueles dias jejuarão”. (Lucas: 5.35)
Depois de Jesus ter entrado em casa, seus discípulos lhe perguntaram em particular: “Por que não conseguimos expulsá-lo? ” (Marcos: 9.28)Ele respondeu: “Essa espécie só sai pela oração e pelo jejum”. (Marcos: 9.29)
Então Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. (Mateus: 4.1)
Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. (Mateus: 4.2)

Versículos sobre jejum em Atos dos Apóstolos:

Paulo e Barnabé designaram-lhes presbíteros em cada igreja; tendo orado e jejuado, eles os encomendaram ao Senhor, em quem haviam confiado. (Atos: 14.23)
E servindo eles, ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. (Atos: 13.2)Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram. (Atos: 13.3)

Versículos sobre jejum nas Cartas de Paulo:

Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e nudez. (2 Coríntios: 11.27)

terça-feira, 8 de outubro de 2019

A PARÁBOLA DA PORTA

O texto a seguir foi retirado do livro: Por trás das palavras. 5ª. ed. Carlos Mesters. Petrópolis: Vozes, 1984. p. 13-19.
 A parábola da porta
I. No povoado havia uma casa. Era chamada Casa do Povo. Muito antiga, bem construída. Tinha uma porta bonita e larga, que dava para a rua por onde o povo passava.
Porta estranha. Seu limiar parecia eliminar a separação que havia entre a casa e a rua. Quem por ela entrava parecia continuar na rua. Quem passava na rua parecia ser acolhido e envolvido pela casa. Nunca ninguém se deu conta desse fato, pois era uma coisa tão natural, como é natural haver luz e calor, quando o sol brilha no céu.
A casa fazia parte da vida do povo, graças àquela porta que unia a casa à rua e a rua à casa. Era a praça da alegria, onde a vida se desenrolava, onde tudo se discutia, onde o povo se encontrava. A porta ficava aberta, dia e noite. Seu limiar era gasto pelo uso no tempo. Muita gente, todo mundo por aí passava.
II. Certo dia, chegaram dois estudiosos. Vinham de fora. Não eram de lá. Não conheciam a casa. Só tinham ouvido falar da sua beleza e antiguidade. Vieram para ver. Eram estudiosos que sabiam julgar as coisas antigas. Viram a casa e logo perceberam o seu grande valor. Pediram licença para ficar. Seu desejo era estudar.
Procuraram e encontraram uma porta do lado. Por aí entravam e saíam, para fazer seus estudos. Não queriam ser importunados pelo barulho e borbulho do povo na porta da frente. Queriam ter a tranqüilidade necessária para fazer as suas reflexões.
Ficavam lá dentro, longe da porta do povo, num canto escuro, absortos na investigação do passado da casa.
O povo, entrando na sua casa, via os dois com grandes livros e máquinas complicadas. Chegando perto deles, a gente humilde ficava calada. Silenciava, para não perturbá-los. Tinha por eles uma grande admiração: “eles estudam a beleza e a história da nossa casa! São estudiosos!”
III. Os estudos avançavam. Os dois descobriram coisas lindas que o povo não conhecia, embora as visse na sua casa, todos os dias. Obtiveram licença para raspar algumas paredes e descobriram pinturas antigas que representavam a história da vida do povo, história que o povo não conhecia. Fizeram escavações junto às colunas e conseguiram retraçar a história da construção da casa, história de que ninguém se lembrava.
O povo não conhecia o passado da sua vida e da sua casa, porque o passado estava dentro dele, atrás dos seus olhos que não se enxergam a si mesmos, mas que enxergam todo o resto, orientando a vida para a frente.
À noite, nos serões, misturados com o povo, os dois estudiosos contavam as suas descobertas. Crescia no povo a admiração pela sua casa e pelos dois.
IV. Os dias iam passando. O povo, quando entrava na casa, já ficava calado. Uma casa tão rica e nobre, tão discutida e falada no mundo inteiro, merecia respeito. Era diferente da vida barata da rua ao lado. Tinham de respeitá-la um pouco mais. Aquilo não era lugar de conversa. Assim todos diziam. Assim todos faziam.
E algumas pessoas daquele povoado já nem mais entravam pela porta barulhenta da frente. Preferiam o silêncio da porta lateral dos estudiosos. Evitavam o barulho do povo. Entravam na casa, já não para encontrar-se e falar com os outros, mas para poder conhecer melhor a beleza da sua casa, a Casa do Povo. Recebiam explicações dos estudiosos sobre a casa que tanto conheciam e pareciam não conhecer mais.
V. Assim, pouco a pouco, a Casa do Povo deixou de ser do povo. O povo inteiro preferiu a porta dos estudiosos.
O povo convenceu-se de que era ignorante mesmo. Os estudiosos é que sabiam e conheciam as coisas do povo melhor do que o próprio povo. Assim pensavam todos.
Agora, entrando na sua própria casa, o povo ficava silencioso e acanhado. Como se estivesse numa casa estranha, dos tempos passados, que não conhecia. Observava e estudava, em grupos pequenos, rodando na quase escuridão. Já nem mais se lembrava dos tempos de outrora, quando juntos falavam e brincavam  no lugar onde agora estudavam, olhando sério, imitando os estudiosos, repetindo suas lições.
VI. Pouco a pouco, a porta da frente foi esquecida. Uma tempestade de vento a fechou. Ninguém a notou. Mas não fechou de todo. Uma fresta estreita ficou.
Cresceu o capim na frente. A mata vegetou, cobrindo a entrada, por falta de uso. Até o aspecto da rua mudou. Agora era só rua. Nada mais. Triste e deserta, um beco sem saída, sem os encontros do povo que por aí passava.
A porta do lado acolhia o povo, que entrava e olhava, admirado e extasiado. Tanta riqueza que não conhecia!
Por dentro, a casa ficou mais escura, por falta da luz que vinha da rua. Lâmpadas e velas supriam a falta. Mas a luz artificial modificava as cores.
VII. O tempo foi passando. A alegria da descoberta arrefeceu. Diminuía o fluxo do povo que visitava a casa pela porta do lado, porta dos estudiosos. E a porta do povo que ficava na frente já não existia. Dela ninguém mais se lembrava.
O povo sabido, um punhado de gente, com visitantes ilustres de outros lugares, continuava a frequentar a casa do povo, pela porta dos estudiosos. Lá dentro, fazia as suas reuniões, discutindo as coisas antigas da casa, coisas do passado.
O povo sofrido, a gente humilde, passava na rua, deserta e triste. Não se interessava pelas coisas antigas. Não entendia das brigas dos estudiosos. Vivia a vida, só isso fazia. Mas parecia que algo faltava. Não sabia o quê, pois não mais se lembrava. Faltava uma casa que fosse do povo.
VIII. Os estudiosos, alegres com as descobertas, continuavam os estudos. Fundaram até uma escola, para educar os meninos do povoado na ciência do passado. Seriam os seus sucessores na defesa da Casa do Povo. Assim pensavam.
Mas um dos dois ficou apreensivo com a falta crescente do interesse da gente. A massa do povo já não aparecia. Notou que a vida do povo já não era a mesma. Era menos alegre. Diferente de quando chegou. Cada um, agora, só pensava em si. Não havia mais encontros. Tentaram, é verdade, encontrar-se em outros lugares. Mas não deu certo. Os encontros programados levavam a um desencontro maior. Algo faltava. Ele não sabia o quê. Procurava sabê-lo.
E ele se perguntava: “Por que é que o povo já não comparece em sua própria casa?  Por que é que não vem mais aqui para conhecer as coisas que nós dois descobrimos e defendemos para ele? Por que é que não vem mais aqui para conversar e encontrar-se, para brincar, falar e cantar?” Não tinha resposta para as perguntas que se fazia.
O outro estudioso nada disso notou, absorto, como estava nos seus estudos do passado. Reclamava até do colega: “Você anda muito distraído! Sua pesquisa não vale mais nada. Ela é muito superficial!” Exigia dele maior aplicação no estudo do passado e menor atenção para o povo da rua. Pois, afinal, era ele que mandava na expedição.
IX. Certa noite, aconteceu que um velho mendigo, sem casa, sem ter onde morar, entrou na mata que crescia ao lado da rua, à procura de um abrigo. E lá ele viu, sem saber o que era, uma fresta aberta, e por ela entrou. Na sua frente, se abriu uma casa enorme. Casa tão boa que o deixou logo à vontade. Parecia estar na rua e, no entanto, estava bem abrigado.
Na noite seguinte, voltou para lá. Voltava sempre. Foi dizê-lo aos seus amigos, todos mendigos, pobres como ele. Contava a descoberta como se fosse um segredo. Foram com ele. Entraram todos, um por um, pela fresta estreita da porta da frente, que um dia o vento bateu, sem conseguir fechá-la por inteiro.
De tanto entrar e sair pela porta da frente, o capim foi pisado, o mato abatido. Uma trilha estreita apareceu no chão, um caminho novo se abriu.
Sendo tantos os amigos que queriam entrar, empurraram a porta, e ela cedeu. Ficou um pouco mais larga a entrada, para o povo passar, para o sol entrar. A casa iluminou-se por dentro, ficou mais bonita. Ficaram mais à vontade. Grande foi alegria do povo.
X. A descoberta correu de boca em boca da gente humilde. Nada contavam aos outros. Era o segredo deles. “Aquela casa é nossa”, assim eles diziam. Mas a descoberta não podia ficar escondida. Era uma ingenuidade do povo simples que pouco reflete e não tem malícia.
De manhã, quando o relógio marcava a hora da abertura da porta do lado, para receber os visitantes ilustres, os faxineiros encontravam lá dentro sinais da presença do povo humilde. Ouviam até as suas risadas e conversas. Conversas de gente contente, bem à vontade, que não se incomodava com as coisas antigas, nem pagava para entrar. Risadas de gente que se sentia em casa, na casa que começava a ser, de novo, a Casa do Povo.
O fato foi levado ao conhecimento dos dois estudiosos. Um ficou bravo, o outro calou-se. O primeiro reclamou: “Como é possível tanta ignorância! Vão estragar e profanar a nossa casa! E o nosso esforço? O estudo de tantos anos? Onde ficou? Falou como se fosse o dono da casa. O outro retrucou: “A casa não é sua!”  Os dois brigaram por causa da casa, por causa do povo.
XI. O outro estudioso escondeu-se, de noite, num canto da casa. Viu o povo entrar, sem pedir licença, para brincar, falar e cantar, para sentir-se à vontade e encontrar-se com os outros. Gostou de ver essa alegria na casa e esqueceu-se, por um momento, das riquezas antigas. Gostou tanto, que entrou na roda e brincou. Brincou, falou e cantou, a noite inteira. Coisa que de há muito não mais fazia. Nunca se sentira tão feliz na vida.
Descobriu, naquela hora, que tudo aquilo que tanto estudara, tinha sido feito pelo povo, para o povo poder alegrar-se na vida. Descobriu, então, a resposta para as perguntas que antes fizera. O erro estava na porta do lado. Esta desviou o povo da porta da frente, separou a rua da casa e a casa da rua, fez a casa ficar mais sombria, estranha ao povo, fez a rua tornar-se deserta e triste, um beco sem saída.
Também ele passou a entrar pela porta da frente. E assim fazia, todas as noites. Passava a ser conhecido e acolhido pelo povo que não distingue as pessoas que nele se misturam. Era um do povo.
XII. Entrando pela porta da frente, olhava a riqueza e a beleza da casa de um ângulo novo que ainda não conhecia. Vista à luz que vinha da rua e da alegria do povo, a casa revelava coisas lindas que os livros não ensinavam e as máquinas não descobriam.
Para ele, a casa tornou-se como a montanha majestosa que o sol ilumina, de repente, com seus raios gratuitos, vermelho-amarelos, no raiar de um novo dia. Tudo mudou, embora nada tivesse mudado. Tudo era como antes, e tudo era tão diferente. Uma nova esperança nasceu.
Começou a estudar os seus livros com um novo olhar e descobria coisas que o colega nem suspeitava. Seu gosto pelo estudo até aumentou, mas o colega não acreditou.
Estando no meio do povo e participando da sua alegria, o estudioso falava ao povo das riquezas da casa. Falava das coisas lindas que a casa possuía e que ele descobria à luz que vinha dos livros e do passado, e à luz que vinha da rua e da alegria do povo. Falava segundo a oportunidade que se dava. Sua voz não pesava nem abafava. Não fazia calar a gente humilde pelo peso da ciência e da sabedoria. Ensinava o povo, no meio da alegria, e aumentava nele o prazer de viver.
E ele dizia consigo: “Diante da vida do povo sofrido, a gente não fala, só sabe calar; esquece as ideias do povo sabido e fica humilde, começa a pensar…”

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

O que Tomás de Aquino pode nos ensinar sobre o consumismo


O que Tomás de Aquino diria sobre o consumismo? 
Com um pouco de imaginação e algumas referências à Summa Theologiae (Suma teológica), podemos compreender melhor a loucura pelo dinheiro em nossa sociedade, segundo a análise que o grande teólogo faz do pecado capital da gula. 

Tomás de Aquino discute cinco dimensões do pecado da gula:


Ardenter – ansioso: Minha mãe costumava dizer: “Esse dinheiro está queimando no bolso!” Corremos para as lojas como se os melhores ou os únicos bens pudessem ser encontrados lá. Nada que podemos comprar pode durar; nada que compramos satisfará nossas almas – então, por que a pressa?

Praepropere – precipitado (a primeira forma de devassidão): essa é a ilusão sedutora do “Compre agora, pague depois!” Essa é a armadilha do cartão de crédito – usá-lo para comprar agora e deixar para pagar depois, quando não se pode.

Laute – dispendioso (a segunda forma de devassidão): esta é uma forma de desperdício. Não se endividou, mas se gastou muito em relação a outras obrigações. Para uma pessoa consumista, “bom o suficiente” nunca é “bom o suficiente”.

Nimis – em grande parte do tempo (a terceira forma da devassidão): isso é a “terapia das compras” ou comprar como hobby. Aqui se é consumido pelo consumo. 

Studiose – consumindo de forma muito detalhista: entra aqui o logotipo como símbolo de status; a marca como uma medida do nosso valor. Quando a identidade e o valor da pessoa não estão enraizados no espiritual, falta um sentimento de pertença. Consequentemente, surge uma estratégia (às vezes uma estratégia consciente, às vezes não) para nos adornar com os símbolos de uma marca cobiçada. Pode significar falta de valorização pessoal.

Os termos de Tomás de Aquino podem não ser familiares. E essa adaptação pode soar estranha. Mas vejamos um exemplo de excesso de consumismo: hoje se pode até contratar um “consultor de closet” para aconselhá-lo a reorganizar seu armário para abrir espaço para mais coisas.

Não seria sinal de um vício? Não seria um indicador de que estamos desesperadamente infelizes e não sabemos por quê? Que fome estamos tentando alimentar? Quão profunda é o vazio que estamos tentando preencher?

Deus fala através do profeta Isaías: “Por que gastar dinheiro naquilo que não é pão e o seu trabalho árduo naquilo que não satisfaz? Escutem, escutem-me, e comam o que é bom, e a alma de vocês se deliciará na mais fina refeição.” Essa é a chave, não é? Construímos uma economia, uma cultura e uma mania de consumir bens materiais para satisfazer a fome espiritual. Isso nunca vai funcionar.

O que fazer? Bem, podemos falar sobre desejos versus necessidades – isso não é ruim, mas não é suficiente. Isso só aborda a dimensão material. Precisamos de um senso adequado de prioridades. O filósofo Kierkegaard disse: “O que é relativo deve ser tratado relativamente; o que é absoluto deve ser tratado absolutamente”. O único absoluto é Deus. Temos de limpar o altar de nossos corações para encontrar o único digno de adoração, o único bem que pode satisfazer nossos corações e completar nossas vidas.

domingo, 28 de abril de 2019

Por que há demônios esculpidos nas catedrais de Notre-Dame e Sevilha?

DIABEŁ
Professor Felipe Aquino - 25 de Abril de 2019.

No tempo em que essas catedrais foram erguidas tinha-se bem presente uma verdade sobre o diabo que hoje anda esquecida



Não apenas as catedrais de Notre Dame de Paris e de Sevilha têm demônios esculpidos na fachada. Todas as catedrais medievais os trazem. E não só na fachada, mas também no interior, esculpidos, pintados ou nos vitrais. E não apenas as catedrais: as igrejas dos Séculos XI ao XIV os representam em múltiplas formas e aspectos. Era um hábito muito salutar dos construtores das igrejas de então. Por quê?
Naquele tempo os livros eram raros. A Igreja utilizava seus edifícios sagrados para instruir os fiéis a respeito das verdades da Fé. Assim, as fachadas são cheias de cenas bíblicas, de símbolos históricos, de personagens de legenda. Nelas se vêm fatos cotidianos referentes à vida profissional, à vida de família, religiosa ou guerreira – a Igreja com isso ensinava os comportamentos virtuosos e condenava os maus hábitos. Vêm-se os eleitos entrando na glória eterna e os condenados sendo lançados no fogo eterno, bem como alegorias evocando virtudes e vícios. Entre as evocações dos vícios estão os demônios.
Na igreja que frequento em Paris – Saint Julien le Pauvre – vê-se, no interior, um demônio no alto da ogiva, exatamente sobre o altar do celebrante. Como um gato, pronto a dar um bote, com cara de esperto e aliciador, o demônio encara o público. É o demônio da distração. Aqueles que não assistem à Missa atentamente põem-se ao alcance de seu bote. E é incrível: quando nos distraímos durante a celebração e o olhar perdido vagueia pela igreja, os olhos caem invariavelmente sobre ele. Não há então quem não se corrija, voltando a atenção à celebração. Sabedoria da Igreja. Em Notre Dame os demônios mais famosos são em forma de gárgulas; isto é; terminais das canaletas que lançam na rua a água de chuva, escorrida dos telhados. São medonhos. Neste momento a França se encontra sob fortes chuvas.
A Bretanha foi inundada, os rios transbordam. Outro dia, mostrava a catedral a amigos brasileiros e chovia. Do lado de fora esses demônios despejavam água sobre as calçadas, espirrando em todos, impedindo-nos assim de contemplar os belos detalhes das fachadas laterais. Se não fossem esses demônios, as canaletas levariam as águas até os esgotos, e nós tranquilamente terminaríamos a visita. O demônio só atrapalha. Fizemos um ato de detestação a ele: é o que a Igreja deseja. Seu objetivo, colocando ali aquelas figuras monstruosas estava alcançado: escapar de satanás e de suas tentações. Mais uma vez, sabedoria da Igreja.
O clero do tempo da catedrais tinha bem presente uma verdade hoje esquecida: a maior esperteza do demônio consiste em fazer crer que ele não existe. Recentemente ouvi um sermão dizendo que, se o Inferno existe, deve estar vazio. Veja como o sentimentalismo mole daqueles que não quererem se compenetrar de que esta vida é um combate, conduz a clamorosos erros contra a Fé. Isso se dá até mesmo com personagens que deveriam ensinar a verdade inteira. E esses demônios são hediondos. Nada têm dos demoninhos engraçadinhos, do tipo Brasinha, que se vêm com frequência por aí, fazendo gracinhas. Os tempos de fé não mascaravam a hediondez dos infernos.
Por Dr. Nelson Fragelli, traduzido por Nelson Barreto e republicado do Blog do Prof. Felipe Aquino 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

O NATAL EM NOSSAS VIDAS

Hoje é véspera de Natal, Ano de 2018.

Neste dia, proponho um exercício: Tentem responder questões como estas?

1 – Que significado tem para nós o Natal e tudo o que o envolve: Cartões, votos de “Um feliz Natal”, presentes, a festa.

2 – Que dizem para nós os enfeites que colocamos em casa, na igreja, nas lojas, arvores, presépios, papai Noel, as músicas natalinas?

3 – Que conteúdo e que implicações existenciais traz consigo a celebração do Natal para nós e para os nossos e para a sociedade?

O Natal está enraizado na vida de nosso povo. É um momento magico que impulsiona nosso coração a salientar os mais caros valores morais e espirituais que acreditamos serem inteligentes indispensáveis para a felicidade de qualquer pessoa neste mundo.

Nos cartões, e-mails, redes sociais, cartas, telefonemas e nos encontros pessoais, nossa saudação se transforma em oração: “Feliz Natal”; “Desejo-lhe um Feliz Natal”; “Que o Natal lhe traga saúde e paz”. Por toda parte são estimulados gestos concretos de solidariedade, que levem consigo, simbolicamente, o mais importante: nosso desejo de que o mundo seja habitado pela Fraternidade, justiça e paz.

E até mesmo o mundo do consumo, por mais interessado que esteja no lucro, trabalha muito em cima da importância simbólica da troca de presentes e da ceia de Natal, favorecendo o estreitar dos laços mais preciosos no ser humano: os da família e da amizade. Natal é festa de família, nova esperança permanente de um mundo novo, justo, solidário, carregado de amor e paz. 

O Natal de Jesus Cristo, conforme o relato dos evangelistas Mateus e Lucas, é rico de fatos e nos apresentam: a anunciação de Maria, a visita de Maria a sua prima Isabel, o nascimento de Jesus numa gruta em Belém, a presença da estrela, a adoração dos pastores e dos sábios do oriente, a apresentação de Jesus no Templo, a perseguição de Herodes e a fuga para o Egito.

Mais tarde à tradição Cristã, por influências várias, foram acrescentados elementos que hoje são indispensáveis na comemoração e na decoração da festa de Natal, dando-lhe uma identidade única. Deturpados ou não pela sociedade secularizada e dominada pelo mercado, eles constituem o eco do maior evento da história: a encarnação do Filho de Deus.

Cabe aos que que Creem em Cristo, relembrar continuamente que essa festa e os ingredientes que a identificam nasceram da fé apontam para a fé, se concretizam em demonstrações amor, solidariedade para com os mais necessitados e luta por uma vida mais digna para todos, e principalmente a paz. 

Os que tem o dom da fé devem alertar, por todos os meios possíveis que: Natal tem a ver é com Jesus de Nazaré, com a referência histórica do nascimento de Jesus Cristo: Afinal é a celebração de seu aniversário!

Fazemos festa porque, como diz o profeta Isaías, “um menino nos foi dado”. O Natal celebra o nascimento de Cristo, e nesta festa adquire-se um novo sentido, no nascimento de qualquer pessoa, surge uma nova vida para o mundo.

É por isso que no Natal cresce em todos a consciência de que todo atentado contra a vida é uma agressão ao próprio Deus.

Para aqueles que Creem, o Natal implica em nascimento em dois níveis: o da comunhão com o evento histórico do nascimento de Jesus e o da decisão atual de renascer, de modo renovado, para a vida nova em Cristo.

Essa vida nova, no contexto de hoje, explode necessariamente na luta por um equilíbrio pessoal nas dimensões da vida humana: a relação harmoniosa consigo mesmo, com os outros, com a natureza e com Deus e, também, do modo incisivo de se engajar na luta pelo direito à vida, à vida digna e de qualidade para todos. 

Desejo a todos um Feliz Natal e que deixem seus corações livres e abertos para aceitar Cristo que está em vocês. Vocês podem não concordar ou entender, mas ele está aí, pronto para nos dar vida.

O verbo se fez um de nós para trazer vida e vida em abundância – Livro de São João Capitulo 1:1-18.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

SERÁ QUE É NECESSÁRIO INTERPRETAR A BÍBLIA?

Ao começar o próprio estudo da hermenêutica, devemos nos perguntar se é realmente necessário interpretar a Bíblia. Algumas pessoas afirmam que não. Alguns acham que a Bíblia já foi escrita numa linguagem pura e simples de entender. Afinal, a Bíblia não é a Palavra de Deus para o povo de Deus? Deus nos mandaria uma mensagem difícil de entender?
Estas mesmas pessoas às vezes dizem “A Bíblia diz o que significa e significa o que diz.” Ou seja, não há necessidade de interpretar a Bíblia porque ela é clara. Segundo este raciocínio a mensagem da Bíblia não precisa ser explicada. Existe até medo de que no próprio processo de interpretar a Bíblia pensamentos humanos poderiam contaminar a mensagem original.
Vale a pena notar que as pessoas que afirmam que a Bíblia não precisa ser interpretada às vezes estão afirmando isso por causa de preocupações sinceras. Vamos examinar três destas preocupações.
  1. Alguns tem a preocupação de que alguém poderia tentar se tornar intermediador oficial da Palavra de Deus.
Uma preocupação que algumas pessoas tem é por causa do medo de que alguém possa tentar se posicionar entre o Cristão e Deus como intermediador na forma de um intérprete oficial. Efetivamente, isto já aconteceu entre certas denominações nos primeiros séculos depois de Cristo. Até hoje, há grupos em que uma interpretação “oficial” é dada por alguns líderes e é esperado que todos os membros aceitem esta interpretação “oficial”.
Segundo esta preocupação, dizer que a Bíblia precisa ser interpretada é praticamente igual a dizer que o homem comum não tem acesso por meio da Bíblia a Deus Pai. Mas este raciocínio teria razão apenas se disséssemos que nenhuma parte da Bíblia poderia ser compreendida sem a ajuda da interpretação. São poucos os interpretes hoje em dia que ousaria tal afirmação.
A verdade é que o que é de mais importante na Bíblia, o evangelho puro e simples, é tão simples que pode ser compreendida por qualquer pessoa com as condições básicas de lógica e raciocínio. O evangelho foi divulgado no começo apenas verbalmente e até hoje continua sendo a mesma história simples e poderosa. Mas, isto não muda o fato de que há partes da Bíblia que são difíceis mesmo de compreender. Nestes casos, sim, precisamos de pessoas treinadas e preparadas para interpretar aquela mensagem.
O próprio apóstolo Pedro afirma isto em relação às cartas do apóstolo Paulo quando ele diz, falando de Paulo: “… como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas cousas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam…” (2 Pedro 3:15b – 16 ARA).
Aqui vemos Pedro afirmando três verdades importantes:
  1. Nem tudo nas cartas de Paulo era complicado, mas –
  2. Há certas coisas “difíceis de entender” nas cartas dele.
  3. Sempre existe a possibilidade de alguém “deturpar” a Palavra de Deus (ou seja, corromper ou perverter). Se a Palavra de Deus fosse inteiramente simples e clara para compreender, jamais seria possível alguém deturpá-la.
Se o próprio apóstolo Pedro, com todo seu conhecimento e experiência, poderia dizer que havia coisas nas cartas de Paulo que até ele admitia serem difíceis de entender, então é para ser esperado que um Cristão leigo e sem treinamento hoje teria também dificuldade em entender estas e outras coisas. Devemos lembrar aqui, que Pedro, diferente de nós hoje, não tinha que lidar com as mesmas diferenças de cultura ou língua quando ele lia as cartas de Paulo.
Estas barreiras que dificultam a compreensão de qualquer obra escrita são enfrentadas por todo Cristão que lê a Bíblia hoje em dia. Se o apóstolo Pedro tinha dificuldade em entender Paulo quando falava numa língua conhecida por ele, na sua própria cultura nativa, quanto mais difícil será para um Cristão dois mil anos depois numa outra língua e cultura muito distante daquela?
Também, devemos lembrar que sempre que um evangelista, missionário ou pastor prega uma mensagem para a igreja, ele já passou por um processo de interpretar a mensagem de Deus para daí formular o conteúdo da sua pregação. A única maneira de evitar qualquer interpretação seria se o pregador apenas lesse alguma passagem sem comentários. Na verdade, nem isso seria totalmente sem interpretação, porque o próprio ato da ênfase verbal é passível, por mais sutil que seja, de uma forma de interpretação.
Lendo a seguinte frase do Salmo 23 com a ênfase nas palavras em itálica podemos notar uma diferença de interpretação devido esta ênfase.
            – O Senhor é o meu pastor e nada me faltará.
            – O Senhor é o meu pastor e nada me faltará.
            – O Senhor é o meu pastor e nada me faltará
Também, lembramos que, mesmo lendo o texto com o mínimo de ênfase nosso pregador ainda não escaparia do processo de interpretação desde que ele esteja lendo uma versão da Bíblia que fora uma tradução. Vamos examinar isto em mais detalhes um pouco mais adiante, mas é válido notar aqui, que toda e qualquer tradução passou por um processo de interpretação por parte dos tradutores e portanto aquele que lê a Bíblia fora o hebraico e grego original, quer queira, quer não, está sujeito àquele processo de interpretação.
Exemplos de traduções infelizes:
1 Cor 6:10:
NVI
“nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus.”
ARA
nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus.”
Heb 13:17
NVI
Obedeçam aos seus líderes e submetam-se à autoridade deles….
ARA
Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles;…
(A palavra traduzida “autoridade” na NVI não consta no original.)
Podemos ver como as traduções necessariamente interpretam a Palavra e podem levar os leitores a uma conclusão equivocada. Não podemos deixar de usar traduções. Mas, não devemos confiar em nenhuma tradução como completamente perfeita. É por isso que há necessidade de quem interpreta a Palavra. É por isso que é necessário reconhecer que, mesmo usando apenas a Bíblia, estamos sendo influenciado por decisões de interpretação, pois toda tradução é o fruto do processo de interpretação. Então, não há como escapar da necessidade de interpretação.
Sendo assim, é melhor o Cristão se preparar para lidar com a necessidade de interpretação. Podemos concluir também que, apesar de haver a necessidade de interpretação, não precisamos e nem devemos admitir que alguém se torne o intérprete oficial. A melhor proteção contra isso é o Cristão se preparando para examinar e confirmar as traduções e interpretações que ele certamente vai ouvir. Sendo assim, como os Bereanos que vamos avaliar tudo que ouvimos e verificar se o ensino e a doutrina que estamos recebendo é de fato a plena verdade de Deus.
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