// Estar com Deus: O Apóstolo Paulo, Charles Spurgeon e o Declínio do Evangelho

quinta-feira, 19 de junho de 2014

O Apóstolo Paulo, Charles Spurgeon e o Declínio do Evangelho

O Evangelho como o conhecemos hoje é o mesmo de 20 anos atrás? Será o mesmo daqui a 20 anos? Afinal, o que mudou? Os homens? O Evangelho? A Igreja?
Ou terá sido apenas um erro de interpretação dos nossos queridos teólogos de 50 anos atrás, estando nós, hoje, com a razão em detrimento da opinião deles?
O Apóstolo Paulo e Spurgeon acabaram por tocar na “ferida espiritual” de muitos líderes e cristãos descompromissados com o verdadeiro Evangelho, que gera desconforto… Mas, gera vida abundante.
Descubra a opinião desses dois grandes teólogos acerca do Declínio do Evangelho.
“Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue outro evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.” (Paulo de Tarso - Gálatas 1:6-8).
“A apatia está por toda a parte. Ninguém se preocupa em verificar se o que está sendo pregado é verdadeiro ou falso.um sermão é um sermão, não importa o assunto; só que, quanto mais curto, melhor.” (Charles Haddon Spurgeon – “Preface”, The Sword and the Trowel (1888, volume completo), p. iii.).
Estas duas citações feitas por homens que por toda a sua vida teológica, religiosa e devocional foram absolutamente sérios em suas condutas e tratados, embora tenham sido feitas há muito tempo, e em épocas totalmente distintas, nos impelem a uma reflexão inevitável, ou seja, estaria mesmo o Evangelho de Jesus Cristo se diluindo ou sendo por alguns, talvez muitos, diluído?
Este assunto sempre gerou muita discussão e não poucas horas de reflexão por aqueles que se propuseram a estabelecer paradigmas acerca do mesmo, contudo uma coisa não se pode negar: essa abordagem é hoje tão ou mais necessária que nas épocas em que as citações acima foram verbalizadas.
O apóstolo Paulo, com grande coragem e determinação interpela aos gálatas por qual razão estes estavam abandonando a pureza e legitimidade do evangelho de Cristo para seguir a outro, o qual, como disse Paulo, não é outro, mas sim perturbações e desvios de homens.
Já naquela longínqua data de fundação da igreja cristã se observava o desejo do coração do homem de fazer de suas vãs filosofias caminhos para a salvação, o que por conclusão lógica não se pode acontecer.
A maioria, pra não dizer todos os escritores do Novo Testamento (pra não citar os do Antigo Testamento) teve que lidar com situações similares. Situações que sempre foram geradas pelo coração pecador do homem e que tinham como objetivo deturpar ou mesmo desmerecer o sacrifício de Cristo em prol da elevação e proeminência de seus conceitos falhos, controversos e condenadores.
Os que desejam estabelecer qualquer outro caminho ao céu além daquele revelado pelo Evangelho de Cristo estão miseravelmente errados, o apóstolo imprime aos gálatas e a todos os que abdicam do puro evangelho a devida sensação de sua culpa por abandonar o caminho da justificação segundo as Boas novas, embora a repreensão seja feita com ternura e os retrata como arrastados a isso pelas artes de alguns que os perturbavam, sem contudo desculpar-lhes da falta de fidelidade. Devemos ser fiéis quando repreendemos a outros, e dedicar-nos, não obstante, a restaurá-los com o espírito de mansidão.
Alguns desejam instalar as obras da lei, e outras tantas práticas alheias e obscuras à luz do evangelho no lugar da justiça de Cristo, e deste modo, corrompem o cristianismo. O apóstolo denuncia com solenidade, por maldito, a todo aquele que tente por um fundamento falso, seja ele qual for, ou por meio de práticas distintas dos padrões bíblicos. Todos os outros evangelhos, fora do da graça de Cristo, embora sejam mais lisonjeiros para o orgulho da justiça própria, ou mais favoráveis para as luxúrias mundanas, são invenções de Satanás. Enquanto declaremos que rejeitar a lei moral como regra de vida tende a desonrar a Cristo, e a destruir a religião verdadeira, devemos também declarar que toda dependência das boas obras para a justificação, sejam reais ou imaginárias, sejam pragmáticas ou que busquem a satisfação dos desejos carnais e infratores do coração humano é igualmente fatal para os que persistem nelas. Assim, sejamos zelosos das boas obras, tenhamos cuidado de não colocá-las no lugar da justiça de Cristo, e não propor nada que possa trair o próximo ou a nós mesmos com um engano tão horrendo.

O Posicionamento de Spurgeon Acerca do Declínio do Evangelho

Já no final do século XIX, Spurgeon vislumbrou essa tendência de se trazer diversão e outras coisas que são absolutamente alheias ao evangelho para dentro da igreja. Em meio A Controvérsia do Declínio, em 1889, Spurgeon proferiu as seguintes palavras em pregação:
“Creio não estar procurando erros onde o erro não existe; mas não consigo abrir os olhos sem ver coisas sendo feitas em nossas igrejas que, há trinta anos, não eram nem sonhadas.
Em termos de diversão, os professos têm avançado no caminho do relaxamento. O que é pior, as igrejas agora pensam que sua responsabilidade é entreter as pessoas. Discordantes que costumavam protestar contra a ida a um teatro, agora fazem com que o teatro venha a eles. Muitos [templos de igrejas] não deveriam receber licença para exigir peças teatrais? Se alguém fosse sério em exigir obediência às leis, não teriam de obter uma licença para que suas igrejas funcionassem como teatros?
Tampouco ouso falar a respeito do que tem sido feito nos bazares, jantares beneficentes etc. Se esses fossem organizados por pessoas mundanas decentes, não poderiam alcançar melhores resultados? Que extravagância ainda não foi experimentada? Que absurdo tem sido grande demais para a consciência daqueles que professam ser filhos de Deus e que não são deste mundo, mas chamados a andar com Deus em vida de separação?
O mundo considera as altas pretensões de tais pessoas como hipocrisia; e, de fato, não conheço outro termo melhor para classificá-las. Imaginem aqueles que gostam da comunhão com Deus brincando de tolos, com roupas teatrais! Falam acerca do lutar com Deus na oração em secreto, mas fazem malabarismo com o mundo em uma jogatina irreconciliável. Será que isso está correto? O certo e o errado trocaram de lugar? Sem dúvida, existe uma sobriedade de comportamento que é coerente com a obra da graça no coração, e existe uma leviandade que indica que o espírito maligno está em supremacia.
Ah! Senhores, pode ter havido uma época em que os cristãos eram por demais precisos, mas não é assim em meus dias. Pode ter existido uma coisa espantosa chamada rigidez Puritana, mas eu nunca a vi. Agora estamos bem livres desse mal, se é que ele existiu. Já passamos da liberdade para a libertinagem. Ultrapassamos o dúbio e caímos no perigoso, e ninguém pode profetizar onde haveremos de parar. Onde está a santidade de Deus hoje?… Ela não passa de algo turvo, tal qual um paio que fumega; é mais um objeto de ridicularização do que de reverência.
Será que o grau de influência de uma igreja não pode ser medido por sua santidade? Se grandes hostes daqueles que professam ser cristãos fossem , quer em sua vida familiar, quer em seus negócios, santificados pelo Espírito, a igreja se tornaria uma grande potência no mundo. Os santos de Deus poderão lamentar juntamente com Jerusalém, ao perceberem que sua espiritualidade e santidade estão em níveis baixíssimos! Outros podem considerar isto como algo que não trará qualquer conseqüência; porém, nós o vemos como o irromper de uma lepra.
Eis o desafio para a igreja de Cristo: “Purifiquemos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (II Coríntios 7:1). Não é a engenhosidade de nossos métodos, nem as técnicas de nosso ministério, nem a perspicácia de nossos sermões que trazem poder ao nosso testemunho. É a obediência a um Deus santo e a fidelidade ao seu justo padrão em nosso viver diário.
Precisamos acordar. O declínio é um lugar perigoso para ficarmos. Não podemos ser indiferentes. Não podemos continuar em nossa busca insensata por prazer e auto-satisfação. Somos chamados a lutar uma batalha espiritual e não poderemos ganhá-la apaziguando o inimigo. Uma igreja fraca precisa se tornar forte, e um mundo necessitado precisa ser confrontado com a mensagem da salvação; e talvez haja pouco tempo para isso. Como Paulo escreveu à igreja em Roma: “Já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto do que quando no princípio cremos. Vai alta a noite, e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz”. (Romanos 13:11,12).
Estas palavras do príncipe dos pregadores não poderiam ser mais atuais. As igrejas hodiernas, lógico não todas, porém muitas delas, somente o que promovem é entretenimento, oferecendo às pessoas aquilo que estas desejam sem que sejam em momento algum confrontadas com a verdade do evangelho. Mais do que isso e quem sabe ainda pior, estas igrejas estão se tornando centros de diluição, de barateamento e distorção das Sagradas Letras. Pregadores usam o púlpito para alardearem discursos impensáveis à luz do evangelho de Jesus Cristo. Tais discursos são ponto de partida para práticas odiosas quando iluminadas pela luz do evangelho.
Os dias são maus é preciso remir o tempo, é preciso dependência exclusiva de Deus bem como submissão total a Sua Palavra.
Que o Senhor da glória nos ajude, que tenha misericórdia de nós para que aquele que pensa estar em pé não caia.
Prof. Gilson Malheiros
Mestre em Teologia
Fonte: www.institutodeteologialogos.com.br

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