O centro do ano litúrgico é a comemoração pascal em seu
ritmo diário, semanal e anual.
O ritmo diário acompanha o sol, símbolo de Cristo. O povo
faz memoria de Jesus nas horas do dia, celebrando o oficio divino de manha, o
sol evoca o mistério da ressurreição, novo dia para a humanidade. De tarde, o
sol poente evoca a morte, na esperança da ressurreição. De noite celebramos em
espera vigilante, a volta do Senhor.
O ritmo semanal é marcado pelo Domingo. “No primeiro dia de
cada semana, que é o chamado dia do Senhor ou Domingo, a igreja, por uma
tradição que vem dos apóstolos e que tem origem no próprio dia da ressurreição
de Cristo, celebra o mistério pascal. Por isso, o domingo deve ser tido como
principal dia de festa”. “Domingo” vem do latim DOMINUS, que significa “Senhor”.
A celebração eucarística dominical é a nossa páscoa semanal. A páscoa de Cristo, sua morte e ressurreição, será progressivamente assumidas em nossa vida. Em cada celebração nossa resposta de fé será cada vez mais verdadeira, pois aprendemos a oferecer nossa vida, nossa doação e serviço aos irmãos como oferta de louvor até chegarmos à páscoa final, quando veremos Deus face a face.
O ritmo anual do ano litúrgico é composto basicamente de
três tempos, sendo dois tempos fortes: A Páscoa e o Natal. O ciclo Pascal
compreende o Tríduo como ponto central, a Quaresma como preparação e o Tempo
Pascal como prolongamento. Por sua vez, o ciclo natalino conta com o advento
como tempo de preparação, e prolonga-se até a festa do batismo do Senhor. Além
do Tempo Pascal e do Tempo de Natal, há também o Tempo Comum.
CICLO PASCAL.
Tempo da quaresma
– vai de quarta feira de cinzas até a ceia do Senhor, exclusive. São quarenta
dias dedicados à preparação para a celebração da Pascoa, que a igreja relaciona
com os quarenta anos de peregrinação do povo Hebreu rumo à terra prometida; os
quarenta dias de jejum total de Moisés no Monte Sinai se preparando para
receber a Lei da Aliança (Ex 24,12-18.34); os quarenta dias em que Elias seguia
o caminho do Monte Horeb, fugindo da perseguição (1RS 19,8); e o retiro de
Jesus no deserto onde passa quarenta
dias e quarenta noites em Jejum, se preparando para a sua vida pública. (Mt
4,1-2). A quaresma é o tempo que precede e predispõe à celebração da Páscoa.
Tempo de escuta da Palavra de Deus e de conversão, de preparação e de memoria
do batismo, de reconciliação com Deus e com os irmão, de recorrer com mais frequência às “armas da penitencia
cristã”: a oração, o jejum, a esmola (cf. Mt 6,1-6. 16-18).
A cor litúrgica própria é o roxo e não se canta o glória,
nem Aleluia, que voltarão a ser entoados somente na Vigília Pascal. Nesse período, devemos nos abrir para acolher
a Palavra de Deus e intensificarmos a Prática da caridade em busca da conversão
de nossos pecados.
O povo cristão percebe claramente que durante a Quaresma é
preciso orientar os ânimos para as realidades que verdadeiramente contam. Por
isso se exige empenho evangélico e coerência de vida, traduzida em boas obras, em formas de
renuncia aquilo que é supérfluo e de luxo, em manifestações de solidariedade
com os sofredores e os necessitados.
A igreja do Brasil desenvolve neste tempo de Quaresma a Campanha
da Fraternidade. Trata-se de um grande movimento de evangelização e de
conscientização daqueles pecados mais gritantes da sociedade brasileira que nos
impedem de celebrar a Páscoa do Senhor mais plenamente.
Tríduo Pascal –é o
ponto culminante, o eixo gravitacional em torno do qual gira todo o Ano
Liturgico, quando fazemos memória da paixão, morte e ressurreição do Senhor.
Começa na Quinta-feira Santa, com a missa vespertina da Ceia do Senhor. Na
sexta-feira Santa celebra-se a Paixão do Senhor. No Sábado santo, a solene
vigília Pascal, que, nas palavras de Santo Agostinho, “é a mãe de todas as
vigílias”, porque celebra a morte e ressurreição do Senhor. A Vigília abre o
Tempo Pascal com o retorno do Glória e do Aleluia. O Tríduo é concluído nas
vésperas do Domingo da Páscoa da Ressurreição.
Páscoa é “Deus que passa” (Ex 12 e Dt 16), é mistério de sua passagem pela terra e pela existência
humana a fim de proporcionar a passagem da morte para a vida plena; da perdição
do pecado para a salvação.
Tempo Pascal – compreendem
os cinquenta dias entre o Domingo da Páscoa da Ressurreição e o Domingo de Pentecostes.
Usa-se a cor branca. Esse período deve ser celebrado como um grande Domingo; é
tempo de alegria e exultação! Os primeiros oito dias deste período são chamados
oitava de Páscoa e são celebrados como solenidade do Senhor. No sétimo Domingo
do Tempo pascal , no Brasil, celebra-se a festa da Ascenção do Senhor. Este tempo
está relacionado com a experiência que os apóstolos fizeram do Ressuscitado
naqueles dias que se sucederam o domingo da ressurreição. A primeira leitura
dos domingos deste tempo será sempre extraída dos Atos dos Apóstolos, no qual
se concentra a história da igreja nascente. A semana que antecede Pentecostes é
dedicada à Semana de Oração pela Unidade dos cristãos e marcada pela preparação
para a vinda do Espírito Santo – o grande dom do Ressuscitado e criador do novo
Israel que agora se configura como a Igreja de Jesus Cristo, nascida na Páscoa.
CICLO DO NATAL.
Tempo do Advento –
é formado por quatro Domingos. Apesar da cor roxa, o Advento não é um tempo
penitencial, mas sim de alegria e piedosa gratidão por nossa salvação. “Possui
dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do
Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é
também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a
expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos” (Ver normas
universais do ano litúrgico, n. 39).
Tempo do natal –
vai das vésperas do Natal até a festa do Batismo do Senhor. A cor litúrgica é o branco. Da véspera do
Natal do Senhor até a festa do batismo do Senhor comemoramos o nascimento do
Senhor, em que celebramos “a troca de dons entre o céu e a terra”, pedindo que
possamos “participar da divindade daquele que uniu ao Pai a nossa humanidade”. A
salvação entra definitivamente em nossa historia através do menino que nasceu
em Belém e que se revela ao ser visto pelos pastores e pelos magos e ao ser
batizado, por João Batista, nas águas do Jordão. A finalidade da encarnação não
pode ser outra senão a redenção do ser humano, que se cumprirá na Páscoa. A
noite santa de Natal, que inaugura e prepara a noite de Páscoa, é iluminada
pela luz da ressurreição. O verbo feito
homem é a luz que nos leva ao conhecimento de Deus. A transformação que a
Igreja comtempla no mistério do Natal é o fato de Deus possibilitar à
humanidade a participação na vida divina por meio da filiação adotiva que Jesus
nos concedeu: “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher... para todos
recebermos a dignidade de filhos” (GL 4,4).
TEMPO COMUM.
São 33 ou 34 semanas em que evocamos o mistério de Cristo em
sua plenitude: o que Cristo fez e disse para nossa salvação, sua pregação e os
sinais, sua morte e ressurreição. Durante o tempo comum são celebradas quatro
solenidades: Santíssima Trindade, Corpo e Sangue de Cristo, Sagrado coração de
Jesus e Cristo Rei do Universo, que encerra o Tempo Comum, aprofundando a
realeza de Cristo e o tema da parusia.
A Cor litúrgica é o verde, que simboliza a esperança. Dia após
dia, o cristão converte-se e conscientiza-se de seus deveres através da
participação nas celebrações dominicais.
COMEMORAÇÃO DA
VIRGEM MARIA DOS SANTOS.
“No ciclo anual, a Igreja, Celebrando o mistério de Cristo,
venera também com particular amor a Santa Virgem Maria, mãe de DEUS, e propõe à
piedade dos fiéis as memorias dos Mártires e outros Santos”.
Na liturgia reformada depois do concilio Vaticano II, Maria
foi recolocada em Intima relação com o mistério de Cristo e da Igreja. No correr
do ano litúrgico, há três tipos de celebrações marianas: as solenidades, as
festas e as memorias.
As solenidades, como o nome indica, constituem as
celebrações mais importantes, com um sabor especial. Em todo o mundo elas são
quatro: Maria, mãe de Deus (1° de Janeiro), Anunciação (25 de Março), Assunção
(15 de Agosto) e Imaculada Conceição (8 de Dezembro).
No Brasil, celebra-se a padroeira Nossa Senhora da Conceição
Aparecida, em 12 de outubro . As primeiras festas Marianas são a visitação (31
de Maio) e o nascimento de Maria (8 de Setembro). Para a América Latina, a
memoria de Nossa Senhora de Guadalupe (12 de dezembro) se transformou em festa,
pois ela foi proclamada padroeira do continente.
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