// Estar com Deus: VERDADE DA BÍBLIA.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

VERDADE DA BÍBLIA.

1) Por que verdade e não inerrância bíblica?

A terminologia inerrância é pré-conciliar e se refere a uma forma de compreender o texto bíblico como sendo um “ditado de Deus” e, portanto, isento de qualquer tipo de erro. Entretanto, as incoerências e erros são vários nos textos bíblicos, mas não é na “letra dos textos” que está a verdade da Bíblia e sim, na Palavra de Deus que pela inspiração fala nas palavras humanas.

2) A verdade Bíblica em S. Justino, Sto. Agostinho e S. Tomás de Aquino.

S. Justino – não concebia que as Escrituras pudessem opor-se entre si, preferia confessar que não as compreendia do que admitir uma possível contradição, ele procurava persuadir a todos que não era possível uma contradição na Bíblia.
S. Agostinho – da mesma forma concebia que nas Escrituras não havia nada contrário a verdade de Deus. Para ele Deus queria antes de tudo cristãos e não cientistas, Deus falava pelos autores sagrados e não quis ensinar nada aos homens que não fosse para sua salvação.
S. Tomás – para ele a verdade da Escritura é uma questão de direito, pois, deriva do conhecimento profético dos autores que foram beneficiados, o dado da fé da verdade na Escritura deve ser objeto de exame crítico, ou seja, quando a Escritura permitir interpretações diversas, a razão deve mostrar o caminho a ser seguido.

Devido a ausência de conhecimentos científicos mais elaborados, os padres recorriam geralmente à interpretação alegórica da Bíblia.

3) Verdade Bíblica nas encíclicas Providentissimus Deus, Divino Afflante Spiritu e no Concílio Vaticano II.

Providentissimus Deus – a inspiração divina é incomparável com qualquer erro, é totalmente ilícito conceder que a inspiração se restrinja a algumas partes da Escritura ou mesmo que um autor sagrado tenha errado.
Divino Afflante Spiritu – repete a mesma perspectiva, contudo, dá um passo além admitindo que quando há algum tipo de inexatidão ou erro histórico na Escritura deve-se aos modos usuais e nativos de dizer e narrar que os antigos costumavam usar em sua convivência humana. Ela admite pela primeira vez uma variedade no gênero literário histórico e convida os exegetas a um amplo e correto uso dos gêneros literários para resolver o problema da variedade bíblica nas narrações históricas.
Concílio Vaticano II – o número 11 da constituição Dei Verbum, afirma que tudo o que é afirmado pelos autores bíblicos e hagiógrafos se deve ter como afirmado pelo Espírito Santo. Em contraponto a tradição pré-conciliar, o Vaticano II concebe a verdade da Bíblia como “verdade de Salvação”, ou seja, Deus se revela nas Escrituras em vista da nossa salvação, este é o princípio formal segundo o qual se deve julgar o que Deus quer comunicar e o que o hagiógrafo quis exprimir.

4) Objeto formal da revelação e da verdade Bíblica (P. Grelot), os gêneros literários, o progresso da Revelação e a verdade das afirmações bíblicas: ponto de vista moral e ponto de vista dogmático.

Segundo Grelot, quanto a metafísica a Bíblia não tem nada a dizer, pois, não pretende emitir uma explicação racional das coisas, apenas ratifica os dados racionais obscurecidos relacionando-os com o desígnio salvífico. Do mesmo modo, a Bíblia não trás instruções sobre a realidade física das coisas. Já no âmbito histórico os autores bíblicos experimentam a história como um “mistério”, consideram os acontecimentos históricos sob o ponto de vista da relação do homem com Deus, como atos de Deus no tempo. Isto porque a Revelação nas Escrituras não se apresenta na forma de verdades abstratas, mas como um fato histórico encarnado, Cristo.
De acordo com a Divino Afflante Spiritu, o exegeta deve através dos gêneros literários, buscar o sentido que o hagiógrafo segundo as condições de seu tempo e sua cultura pretendeu exprimir em seu texto usando gêneros literários próprios.
Ponto de vista dogmático – uma vez que nenhum texto do AT apresenta uma doutrina dogmática elaborada e completa, é necessário relê-los a partir de Cristo.
Ponto de vista moral – a revelação da lei de perfeição só veio com Cristo e o Espírito Santo. Contudo, o antigo testamento apresenta o relato de alguns problemas morais concretos como: o costume de herém do interdito sobre as cidades inimigas de Israel (Js 6-8; 10,28; 11,20), a matança do monte Carmelo (1Rs 18) e a discussão em torno da lei de talião superada somente por Jesus Cristo que revela um Deus que é amor, cuja ação é a misericórdia, e a justiça definitiva acontece apenas no Reino escatológico.

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