AS BASES DO FUTURO
Conhecimento, inovação e espírito empreendedor são o tripé do progresso e do bem-estar da humanidade. A associação de elementos científicos disponíveis, a busca pelo novo e a ousadia estão presentes desde a descoberta do fogo até o desenvolvimento das modernas tecnologias, e abriram as portas para a globalização da economia.
A convicção de que a educação de qualidade e a inovação são requisitos para o Brasil construir uma economia competitiva e sustentável norteia as ações da indústria brasileira. O estudo Engenharia para o Desenvolvimento – inovação, sustentabilidade e responsabilidade social como novos paradigmas é mais uma contribuição de empresas como o CNI e o SENAI para orientar a reflexão e a construção de uma agenda centrada no desenvolvimento tecnológico e na educação de qualidade.
A avaliação dos modelos econômicos da China, Índia, Escócia, Irlanda e Coreia do Sul apresentadas neste estudo, feito em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio, confirma a necessidade do Brasil em adotar tal agenda. Ao fazer pesados investimentos em educação e concentrar esforços na formação de engenheiros, esses países atraíram laboratórios de ponta de grandes conglomerados internacionais. Hoje, desenvolvem tecnologias próprias, que garantem a competitividade de seus produtos.
Além disso, a CNI lidera a Mobilização Empresarial pela Inovação, que pretende fazer da indústria a protagonista da Iniciativa Nacional pela Inovação, movimento que ampliará de forma significativa a capacidade de gestão da inovação nas empresas. Com educação de qualidade e inovação, reuniremos as condições necessárias para construir um País comprometido com um modelo de desenvolvimento baseado na produtividade, na conservação do ambiente e na responsabilidade social.
Na recente Encíclica Caritas in Veritate(n. 69), o papa Bento XVI escreveu:
Hoje, o problema do desenvolvimento está estreitamente unido com o progresso tecnológico, [de modo especial] com as suas deslumbrantes aplicações no campo biológico. A técnica – é bom sublinhá-lo – é um dado profundamente humano, ligado à autonomia e à liberdade do homem. Nela exprime-se e confirma-se o domínio do espírito sobre a matéria. O espírito, «tornando-se assim mais liberto da escravidão das coisas, pode facilmente elevar-se ao culto e à contemplação do Criador». A técnica permite dominar a matéria, reduzir os riscos, poupar fadigas, melhorar as condições de vida. Dá resposta à própria vocação do trabalho humano: na técnica, considerada como obra do gênio pessoal, o homem reconhece-se a si mesmo e realiza a própria humanidade. A técnica é o aspecto objetivo do agir humano, cuja origem e razão de ser estão no elemento subjetivo: o homem que atua. Por isso, aquela nunca é simplesmente técnica, mas manifesta o homem e as suas aspirações ao desenvolvimento, exprime a tensão do ânimo humano para uma gradual superação de certos condicionamentos materiais. Assim, a técnica insere-se no mandato de «cultivar e guardar a terra» (Gn. 2, 15) que Deus confiou ao homem, e há de ser orientada para reforçar aquela aliança entre ser humano e ambiente, em que se deve refletir o amor criador de Deus.
É nesse panorama de um desenvolvimento tecnológico acelerado que se enquadra o programa iNOVA. Para não nos ver arrastados por uma tecnologia desumanizante, temos de nos perguntar Sobre o sentido de nosso progresso. Em primeiro lugar, precisamos fugir de visões parciais. Por isso, o nosso programa envolve o setor produtivo, o acadêmico o governamental e o profissional, num esforço conjunto para construir um projeto de nação. O processo foi liderado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e pelo SENAI. O grande mérito foi articular um sujeito coletivo capaz de indicar um rumo inovador para o desenvolvimento nacional. Como não pretendemos reinventar a roda, houve um estudo de modelos exitosos em países de recente desenvolvimento acelerado. Sobre esse pano de fundo, procurou-se identificar paradigmas para a estruturação de uma solução compatível com a magnitude dos desafios atuais. Estudaram-se, assim, a Coreia do Sul, a China, a Índia, a Irlanda e a Escócia. O resultado foi a constatação de que esses países basearam seu modelo de desenvolvimento na Ciência, na Tecnologia e na Inovação, com base na Engenharia. Ainda mais, tal base gerou um Comportamento empreendedor muito forte.
Após esse estudo, ao analisar a crise mundial, que se instalou a partir de setembro do ano passado, chegou-se à conclusão de que, embora ela tenha claros contornos financeiros, não será totalmente debelada, se não forem incluídas na solução as dimensões de sustentabilidade social e ambiental.Em outras palavras, o estudo mostra que a presente crise não invalida a proposta de um desenvolvimento baseado na Engenharia. Ao contrário, indica que, no momento em que a sustentabilidade e a equidade social se Tornaram fatores importantíssimos na visão do futuro, o desenvolvimento tecnológico adquiriu um caráter de urgência inquestionável, para a manutenção da democracia e para o respeito a nosso planeta, já tão Fragilizado.
A consequência óbvia é a urgente necessidade de uma revisão profunda das habilidades a ser desenvolvidas pelo engenheiro, a fim de capacitá-lo para a nova sociedade, através de uma educação orientada para a solução dos problemas de nosso tempo. A presente publicação constitui-se, assim, num marco de referência e numa série de propostas concretas que permitam uma maior tomada de consciência da Relevância, no tempo atual, das Engenharias para um desenvolvimento sustentado e socialmente responsável.
Pe. Jesus Hortal Sánchez, S.J.
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