// Estar com Deus: 2013

sábado, 7 de dezembro de 2013

O QUE SÃO FRANCISCO DIRIA AOS JOVENS DE HOJE

Meus queridos jovens, irmãos e irmãs.

Alegro-me que o Papa Francisco que leva meu nome entrá entre vocês.
Ele quer propor a toda Igreja o sonho que eu vivi em Assis há mais de 800 anos com meus companheiros e minha querida amiga Clara: uma vida segundo o evangelho de Jesus, na simplicidade, na pobreza voluntária, na sobriedade compartida, amando a todos, especialmente os mais pobres, e considerando a todos os seres da natureza como meus irmãos e irmãs.

Deixem-me que me transporte para o vosso tempo e lhes diga o que o Espírito de Deus me inspirar.

Amar e cuidar da Mãe Terra.
Em primeiro lugar lhes suplico: amem e cuidem da irmã e Mãe Terra. Ela está doente e com febre. Já há muito tempo que a estamos superexplorando. Para repor o que lhe tiramos num ano ela precisa de um ano e meio. Para vocês do Brasil a Terra lhes entregou talvez a herança mais preciosa: A Floresta amazônica, a abundancia de água doce, a diversidade dos seres vivos e a grandes extensos solos férteis. Guardai essa herança para vossos filhos e filhas e toda a humanidade.

Devemos urgentemente fazer uma aliança global e cuidar da Terra e uns dos outros, caso não quisermos conhecer grandes dizimações que afetarão toda a comunidade de vida. Corremos, portanto, grande risco. Mas se assumirmos uma responsabilidade solidária em um comportamento de cuidado com tudo o que existe, poderemos escapar desta tragédia. E vamos escapar.

Estar do lado dos pobres e oprimidos.
Muitos filhos e filhas da Mãe Terra, irmãs e irmãos de vocês, são pobres e passam fome. Milhões foram tirados da pobreza e podem ter uma vida minimamente digna. Mesmo assim, há tantos caídos nas estradas, por causa das doenças, das drogas, da falta de um teto. Sejam o bom samaritano que se curvou diante deles e os ajudou a se levantar. Jesus continua crucificado nos crucificados deste mundo. Precisamos baixá-lo da cruz e faze-lo ressuscitar.

Resgatar os direitos do coração.
Há uma coisa que me vem do fundo do meu coração e que preciso dizer-lhes: temos que mudar a nossa mente e o nosso coração.

Mudar a mente para olhar a realidade com outros olhos. Os estudiosos hoje nos comprovam que a Terra é viva e não apenas algo morto e sem propósito, uma espécie de baú de recursos ilimitados que podemos usar como queremos. Eles são limitados, como a energia fóssil do carvão e do petróleo, a fertilidade dos solos e as sementes. Precisamos poupar estes bens e serviços para que sejam suficientes para nós e para as futuras gerações.

Os astronautas, lá da lua ou de suas naves espaciais, nos testemunharam: Terra e Humanidade são inseparáveis; formam uma unica entidade, indivisível e complexa. Por isso, nós seres humanos, somos aquela porção da Terra que sente, que pensa, que ama e que venera. Somos Terra e tirados da Terra como nos dizem as primeiras páginas da Bíblia. Mas recebemos uma missão unica, a de cuidar e guardar todas as bondades naturais. Somos os guardiães da herança que Deus e o universo nos confiaram para que possam durar e atender as nossas necessidades e as de nossos filhos e netos.

Além da mente devemos mudar também o nosso coração. O coração é o lugar do sentimento profundo, do afeto caloroso e do amor sincero. O coração é o nicho de onde crescem todos os valores. Precisamos resgatar os direitos do coração.

Junto com a razão intelectual que vocês tanto exercitam na escola, no trabalho e na condução da vida, existe a inteligencia cordial e sensível. Só com a razão intelectual sem a razão cordial não vamos sentir o grito dos pobres, da Terra, das florestas e das águas. Sem a razão cordial não nos movemos para ir ao encontro dos que gritam e sofrem para socorre-los, oferecer-lhes um ombro e salva-los.

Por isso, meus queridos jovens, vocês que naturalmente são sensíveis para os grandes sonhos e para o voo da águia na direção das alturas, cultivem um coração que sente, que se comove, que não tem vergonha de chorar diante do demasiado sofrimento de muitos irmãos e irmãs.

Aprender a habitar de maneira diferente a Terra.
Mais uma coisa gostaria de dizer-lhes confiadamente: importa inaugurarmos uma nova maneira de habitar o planeta Terra. assim como estamos, não podemos continuar. Até agora habitávamos dominando com o punho fechado e submetendo tudo ao nosso interesse. Sonhávamos comum progresso ilimitado. Hoje estamos conscientes de que a Terra, pequena e limitada, não aguenta um projeto ilimitado. Encostamos nos seus limites. Porque continuamos a forçar estes limites, a Terra responde com tufões, enchentes, secas, terremotos e tsunamis. Temos que mudar, se quisermos sobreviver.

No lugar do punho fechado devemos ter a mão aberta para o cuidado essencial, para o entrelaçamento dos dedos numa aliança de valores e princípios que poderão sustentar um novo ensaio civilizatório. Nele, o centro será ocupado pela vida da natureza, pela vida humana e pela vida da terra. A economia e a política estarão a serviço mais da vida do que do mercado e do lucro.

A mudança começa por vocês.
Caros jovens: sejam vocês mesmo a mudança que querem para os outros. Comecem vocês mesmos a viver o novo, respeitando cada um dos seres da natureza, cada planta, cada animal, cada paisagem, porque eles possuem um valor em si mesmo, independente do uso racional que fizermos deles, São nossos irmãos e irmãs. Com eles fundaremos uma convivência de respeito, de reciprocidade e de mutua ajuda para que todos possam continuar vivos neste planeta, também os mais vulneráveis para os quais devotaremos mais cuidado e amor.

Resistam à cultura da acumulação e do consumo. Vivam uma sobriedade compartida; façam a experiência de que com menos poderão ser mais, livres e felizes.

Mantenham sempre viva dentro de vocês a chama sagrada.
Por fim, caros jovens, irmãos e irmãs meus queridos: nada disso tudo que refletimos terá eficácia, se não misturarmos Deus em todos os nossos empreendimentos. Dentro de cada um de vocês queima uma brasa viva e arde uma chama sagrada: é a presença misteriosa e amorosa de Deus. Ele emerge de forma sensível no fenômeno do entusiasmo, tão forte na idade de vocês. Entusiasmo significa ter um Deus dentro: é o Deus interior, Deus companheiro e amigo, Deus de amor incondicional.

Reservem cada dia um momento para pensar nele, conversar com ele, queixar-se com ele e chorar diante dele e dirigir-lhe uma súplica. Às vezes não digam nada. Coloquem-se apenas em silêncio diante dele. Ele poderá lhes falar e lhes suscitar bons sentimentos e luminosas intuições. Nuca abandonem Deus, porque Ele nuca os abadona e abandonará. Vivam como quem se sente na palma de sua mão.

Deus é o "soberano amante da vida" e o nosso grande aliado.
Desde que o Filho de Deus por Jesus assumiu a nossa humanidade, ele assumiu também uma parte do cosmos, da Terra e dos elementos do universo. Portanto, estes já foram divinizados e eternizados. Nunca mais serão ameaçados. Mas nós podemos colocá-los em risco de extinção. Consolam-nos, entretanto, as palavras da revelação que nos dizem que Ele, Deus, é "o soberano amante da vida" (Sab, 11,24). Ele sempre ama tudo o que um dia criou. Não se esquece de nenhuma criatura que nasceu do seu coração. Por isso, confiemos todos, que Ele vai aliviar a vida dos pobres, atender o grito da nossa querida Mãe Terra e garantir o futuro da vida que é o futuro de vocês todos.

Não desperdicem o tempo, porque ele é urgente. Desta vez não podemos chegar atrasados nem cometer erros, pois corremos o risco de não termos volta nem forma de correção dos erros cometidos. Mas não percam o entusiasmo nem esmoreça a alegria do coração. A vida sempre triunfa porque Deus é vivo e nos enviou Jesus que disse: "Eu vim para trazer vida e vida em abundancia".

Era o que queria, do fundo de meu coração, lhes falar.

Por fim, faço-lhes um pedido muito especial: rezem, apoiem, colaborem com o Papa que leva o meu nome, Francisco. Ele vai restaurar a Igreja de hoje como eu tentei restaurar a Igreja do meu tempo. Sem a ajuda de vocês, se sentirá fraco e terá grades dificuldades. Mas com o entusiasmo e o apoio de vocês, nos seus grupos e movimentos, ele vai cumprir a missão que Jesus lhe confiou: de confirmar a todos na fé e na esperança e de conferir um rosto confiável a nossa Igreja. Com vocês ele será forte e irá conseguir.

Agora, antes de nos despedirmos, lhes darei a benção que um dia dei ao meu intimo amigo Frei Leão, a ovelhinha de Deus:

Que Deus vos abençoe e vos guarde.
Que Ele mostre a sua face e se compadeça de vós.
Que devolva o seu rosto para vós e vos dê a paz.
Que Deus vos abençoe.
Paz e Bem.

Francisco,
O Poverello e Fratello de Assis.

Leonardo Boff *
C.P. 92144
25750-970 Petrópolis, RJ
e-mail: lboff@leonardoboff.com


* Por muitos anos o Autor foi professor de teologia na atual Faculdade de Teologia do Instituto Teológico Franciscano, de Petrópolis, e é autor de: Francisco de Assis: ternura e vigor (Vozes-CEFEPAL/1981) e Francisco de Assis e Francisco de Roma (Mar de Ideias/2013), de onde foi tirado este texto.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Ainda vale a pena ler "A Imitação de Cristo"?

O livro "A Imitação de Cristo" foi um dos mais traduzidos no mundo. Alguns dizem que entre os livros religiosos, depois da Bíblia, ele foi o mais traduzido. Escrito antes da invenção da imprensa, é de surpreender que milhares de cópias estavam espalhadas pelas bibliotecas da Europa.

Apesar de sua popularidade, não se tinha conhecimento de quem o escrevera, de seu autor. Não é de se admirar, pois no Capítulo II lê-se: "estima ser ignorado e tido em nenhuma conta" ou no original em latim: "ama nesciri et pro nihilo reputari". O Capítulo V adverte os leitores a não procurar quem disse, mas a prestarem atenção ao que foi dito: "non quaeras quis hoc dixerit: sed quid dicatur attende", ou seja, não importa quem escreveu "A Imitação de Cristo", mas tão somente a sua mensagem.

Todavia, como a pergunta é se ainda vale a pena lê-lo, saber quem o escreveu pode ser de alguma valia. Conforme os estudos dão conta, foi escrito pelo padre Thomas Hemerken, nascido na cidade alemã de Kempen que, ao ser colocada na forma latina torna-se Kempis, assim diz-se que o livro foi escrito por "Thomas de Kempis".

Kempen ou Kempis estava localizada na região da fronteira com a Bélgica e a Alemanha atuais, na área de cultura conhecida como flamenga, ou seja, holandesa. Naquela área surgiu o movimento denominado devotio moderna para contrapor a devotio antiqua em voga. A devotio antiqua era praticada por um clero decadente, o qual não punha mais o próprio coração nas celebrações litúrgicas e nas práticas devocionais. Lembrando que se trata do século XV, pouco antes da Revolução Protestante. Além disso, apresentava uma mística intelectualizada, mais preocupada com questões abstratas que com as dificuldades cotidianas. Ela era praticada sobretudo na região do Rio Reno e seu representante mais ilustre foi o dominicano Mestre Eckhart, mais tarde acusado como herege e que teve parte de seus escritos condenados. Por fim, ela apresentava uma ascese inalcançável. As pessoas se propunham penitências dificílimas, iam em busca de heroísmo ascéticos tão terríveis que se tornava impossível cumpri-las.

Nesse cenário, surgiu a devotio moderna propondo que sacerdotes e religiosos empenhassem o coração no culto a Deus, saindo do automatismo. Para fugir da intelectualidade exacerbada, centralizaram a devoção em Cristo. Ela rapidamente se tornou popular, pois, além de cristocêntrica, oferecia a todos práticas de penitência e de mortificação mais acessíveis.

Assim, Thomas de Kempis encontrou campo fértil para escrever a belíssima obra "A Imitação de Cristo" que traz orientações práticas para a vida do fiel. O livro é divido em capítulos (ou fichas) independentes, ou seja, cada um possui começo, meio e fim, portanto, pode ser lido de modo autônomo. Isso justifica o tradicional costume de se fazer uma oração e abrir o livro aleatoriamente. Sua característica é colocar o fiel em contato com Cristo, ajudando-o em seu processo de conversão, o qual exige uma ruptura com o mundo. Justamente nesse ponto a obra é criticada, pois a separação do mundo que ele sugere faz com que seja tachado de individualista, ou seja, com uma espiritualidade desencarnada, fora do mundo real.

No entanto, é possível superar esse obstáculo, esse efeito colateral de tão excelente remédio, recordando que o livro foi escrito para monges, ou seja, pessoas que já viviam apartadas do mundo. Para tanto, basta adaptá-lo ao dia a dia. Apesar disso, não deixa de ser um livro de extraordinária importância, posto que nesses tempos atuais em que muitos na própria Igreja abraça a mentalidade mundana, "A Imitação de Cristo" coloca as coisas em perspectiva cristocêntrica. A centralidade em Nosso Senhor Jesus Cristo, a ruptura com o mundo e com o pecado, numa espiritualidade que engaja a pessoa pelo coração e faz com que viva para o que realmente importa: o Céu.

No Brasil, existem várias edições disponíveis, inclusive na internet. A Editora Paulus possui uma excelente tradução da obra, num português bastante refinado e requintado, feita pelo Padre Cabral. Depois de cada capítulo, breves reflexões acerca daquele conteúdo, escritas por um padre francês. Contudo, para quem tem dificuldade com o português talvez não seja a edição mais indicada. Uma versão mais fácil e tão fiel quanto pode escolher a edição da Editora Paulinas, cuja tradução foi feita por Francisco Catão, o qual conseguiu adaptar o texto para para uma linguagem mais corrente. Finalmente, a edição da Vozes que traz além de um português requintado, comentários de São Francisco de Sales. Ela é interessante pois coloca em língua portuguesa, um trabalho feito em 1989, por um padre francês que, ao estudar a obra daquele grande santo, relacionou-as aos temas abordados em "A Imitação de Cristo".

O livro está dividido em quatro grandes seções, sendo as duas primeiras introdução do leitor à vida espiritual. A terceira parte é um diálogo entre Cristo e a alma. Trata-se da parte devocional, meditativa. A quarta parte refere-se à Eucaristia, ensinando como recebê-la, adorá-la e a como aproximar-se dela de maneira adequada.

"A Imitação de Cristo" deveria ser o livro de cabeceira de todo católico. Trata-se de uma espiritualidade válida, especialmente nesse tempo em que a Igreja, em vez de ser missionária e evangelizar o mundo, está sendo justamente "evangelizada" por ele. "A Imitação de Cristo" poderá, sem dúvida, ajudar a impedir a mundanização da Igreja e de cada um.


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O Batismo das Crianças

Ai vai um tema que cria muitos debates teológicos e cismas entre Católicos e Protestantes. Neste texto podemos ver que o fundamento é mais concreto e histórico não se atendo apenas a Sola Scriptura. A fonte é o site VS (Veritatis Esplendor) - www.veritatis.com.br , de autoria de Alessandro Lima - O autor é arquiteto de software, professor, escritor, articulista e fundador do Apostolado Veritatis Splendor.

A Sagrada Escritura

A Sagrada Escritura cita vários exemplos de pagãos que professaram a fé cristã e que foram batizados "com toda a sua casa". A palavra "casa" ("domus", em latim; "oikos", em grego) designava o chefe de família com todos os seus domésticos, inclusive as crianças:
"Disse-lhes Pedro: 'Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo. A promessa diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos que estão longe - a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar'." (Atos 2,38-39)
"E uma certa mulher chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia. E, depois que foi batizada, ela e a sua casa rogou-nos dizendo: 'Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali'. E nos constrangeu a isso." (At 16,14-15)
"Tomando-os o carcereiro consigo naquela mesma noite, lavou-lhes os vergões; então logo foi batizado, ele e todos os seus." (At 16,33)
"Crispo, principal da sinagoga, creu no Senhor, com toda a sua casa; e muitos dos coríntios, ouvindo-o, creram e foram batizados." (At 18,8)
"Batizei também a família de Estéfanas; além destes, não sei se batizei algum outro." (1Cor 1,16)

Argumentos Protestantes

Os protestantes costumam argumentar dizendo que Jesus foi apresentado no tempo quando criança e somente foi batizado na idade adulta, e por isto eles apresentam suas crianças no altar e batizam os adultos. Só que se esquecem que o Batismo faz parte do ministério de Jesus, que se iniciou com 30 anos. Como Jesus poderia ser batizado quando criança se ainda seu ministério nem havia iniciado? Os ritos da lei mosaica só deixariam de valer após a ressurreição de Cristo (cf. Mt 26,61). Por isto, Jesus foi apresentado no tempo quando criança, pois a lei mosaica ainda valia e o batismo ainda não.

A circuncisão que era o sinal da iniciação do Judeu na vida religiosa, era realizado também nas crianças. A circuncisão (sinal da Antiga Aliança), foi substituída pela Batismo (Sinal da Nova Aliança). Desta forma o batismo também pode ser ministrado às crianças:

"Nele também fostes circuncidados com a circuncisão não feita por mãos no despojar do corpo da carne, a saber, a circuncisão de Cristo, tendo sido sepultados com ele no batismo, nele também ressurgistes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos." (Col 2,11-12)

Através do batismo o Espírito Santo nos dá um novo nascimento, nos regenerando. Por isto, as crianças também devem ser batizadas, pois já nascem pecadores. "Todos pecaram" em razão do pecado de Adão, inclusive as crianças:
"Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3,23)
"Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram." (Rm 5,12)
"Certamente em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu a minha mãe." (Sl 51,5)

Outro argumento protestante é que as crianças não podem crer, e que o batismo deve ser um ato consciente de quem está sendo batizado. Como já dissemos em artigo anterior, o batismo regenera o homem. Por acaso se um filho de um protestante estiver doente, seu pai vai esperar que ele cresça para escolher tomar a vacina, ou vai lhe dar a vacina? Todo bom pai faria daria logo a vacina. O mesmo acontece com o batismo. Mas de qualquer forma, vamos mostrar pela Sagrada Escritura que as crianças podem crer:
"E quem escandalizar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse lançado ao mar" (Mc 9,42)
"Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre, e Isabel foi cheia do Espírito Santo. Exclamou ela em alta voz: 'Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. De onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor? Ao chegar-me aos ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre.'" (Lc 1,41-44)
"Contudo, tu me tiraste do ventre; tu me preservaste, estando eu ainda aos seios de minha mãe. Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre da minha mãe." (Sl 22,9-10)

Testemunhos Primitivos

Nosso Senhor Jesus Cristo garantiu que a Igreja nunca pregaria o erro (cf. Mt 16,18), e garantiu a Sua Assistência Divina à Igreja todos os dias até o final dos tempos (cf. Mt 28,20). Para desmentir o que os protestantes pregam, dizendo que a Igreja modificou a doutrina, ou apostatou, transcreveremos abaixo alguns dos testemunhos primitivos, que provam que a Igreja ensina hoje o mesmo que ensinava nos tempos mais remotos do cristianismo:

"Ele (Jesus) veio para salvar a todos através dele mesmo, isto é, a todos que através dele são renascidos em Deus: bebês, crianças, jovens e adultos. Portanto, ele passa através de toda idade, torna-se um bebê para um bebê, santificando os bebês; uma criança para as crianças, santificando-as nessa idade...(e assim por diante); ele pode ser o mestre perfeito em todas as coisas, perfeito não somente manifestando a verdade, perfeito também com respeito a cada idade" (Santo Irineu, ano 189 - Contra Heresias II,22,4).

"Onde não há escassez de água, a água corrente deve passar pela fonte batismal ou ser derramada por cima; mas se a água é escassa, seja em situação constante, seja em determinadas ocasiões, então se use qualquer água disponível. Dispa-se-lhes de suas roupas, batize-se primeiro as crianças, e se elas podem falar, deixe-as falar. Se não, que seus pais ou outros parentes falem por elas" (Hipólito, ano 215 - Tradição Apostólica 21,16).

"A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de dar Batismo mesmo às crianças. Os apóstolos, aos quais foi dado os segredos dos divinos sacramentos sabiam que havia em cada pessoa inclinações inatas do pecado (original), que deviam ser lavadas pela água e pelo Espírito" (Orígenes, ano 248 - Comentários sobre a Epístola aos Romanos 5:9)

"Do batismo e da graça não devemos afastar as crianças" (São Cipriano, ano 248 - Carta a Fido).

Conclusão

O batismo é uma graça regenerativa para a vida humana. Ninguém deve ser privado desta graça. O batismo deve ser principalmente ministrado para as crianças. E esta sempre foi a prática da Igreja.

Somente o Papa possui a autoridade para ligar e desligar (na terra e no céu, cf. Mt 16,19). Fora isto, ninguém tem o direito de negar esta graça às crianças. É através do batismo que temos nossa primeira experiência com Jesus. Creio que Jesus está fazendo o seguinte apelo aos protestantes: "Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais" (Lc 18,16).




A Sagrada Tradição e os Protestantes

Boa Noite.

Pessoal, como vão as coisas, tudo bem! Então parei um pouco de escrever ou publicar por causa do nascimento de meu filhinho Lorenzo. Mas agora ele deu uma folga e estou postando novamente.
Voltando a área de Apologética, aqui está um assunto muito interessante cuja a fonte é o site VS (Veritatis Esplendor) - www.veritatis.com.br , de autoria de Alessandro Lima - O autor é arquiteto de software, professor, escritor, articulista e fundador do Apostolado Veritatis Splendor.


Os protestantes que se dizem voltar ao cristianismo primitivo, que se dizem conhecedores da Palavra de Deus e seus fiéis seguidores, renegam duas parcelas importantíssimas da Palavra de Deus: A Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério.
O escopo de nosso artigo está na Sagrada Tradição, em outra oportunidade trataremos do Sagrado Magistério.

A Ordem Apostólica

Os adeptos da "Sola Scriptura" (Somente as Escrituras), na verdade são adeptos da "Sola alguns versículos da Scriptura". Negam verdades bem explícitas da Sagrada Escritura como a real presença do Senhor no pão e no vinho da Eucaristia (cf. Jo 6,51-56), negam também que a autoridade apostólica não se encerrou com a geração dos apóstolos, mas se perpetuou em seus legítimos sucessores (cf. At 1,15-26; 1Tm 5,1.19-20; Tt 1,5; 2,9-10.15), negam o preço que o Senhor e São Paulo possuiam pelos celibatários (cf.Mt 19,12; 1Cor 7,1.26-27) e entre outras coisas. Mas se tratando da Sagrada Tradição, fecham seus olhos para a seguinte instrução de São Paulo:

"Assim, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavra, seja por carta nossa" (2Tes 2,15).

Verter por escrito a Revelação era uma preocupação secundária

Vejam que São Paulo nos manda guardar toda doutrina apostólica, seja ela oral ou escrita. A Sagrada Tradição é maior que a Escritura, pois foi ela que deu origem à Escritura. A ordem do Senhor foi: "Ide, e pregai o Evangelho a toda criatura" (cf. Mt 28,19-20) e não "Ide e imprimi as Escrituras".

A preocupação da Igreja era anunciar o Evangelho. E fizeram isto de viva voz. Somente em circunstância especiais é que os apóstolos se viram obrigados a colocar algo por escrito. Mas de forma alguma se preocuparam em colocar tudo por escrito (cf. Jo 21,25; 1Cor 11,12; 2Jo 1,12; 3; 3Jo 1,13-14).

Veja o testemunho de Eusébio, Bispo de Cesaréia e historiador da Igreja nos tempos primitivos:

"[Os Apóstolos] Anunciaram o reino dos céus a todo orbe habitado, sem a menor preocupação de escrever livros.

Assim procediam porque lhes cabia prestar um serviço maior e sobre-humano. Até Paulo, o mais potente de todos na preparação dos discursos, o mais dotado relativamente aos conceitos, só transmitiu por escrito breves cartas, apesar de ter realidades inúmeras e inefáveis a contar [...] Outros seguidores de nosso Salvador, os primeiros apóstolos, os setenta discípulos e mil outros mais não eram inexperientes das mesmas realidades. Entretanto, dentre eles todos, somente Mateus e João deixaram memória dos entretenimentos do Salvador. E a Tradição refere que estes escreveram forçados pela necessidade. [...] Quanto a João [o Apóstolo], diz-se que sempre utilizava o anúncio oral. Por fim, também ele pôs-se a escrever pelo seguinte motivo. Quando os três evangelhos precedentes já se haviam propagado entre todos os fiéis e chegaram até ele, recebeu-os, atestando sua veracidade. Somente careciam da história das primeiras ações de Cristo e do anúncio primordial da palavra. E trata-se de verdadeiro motivo." (História Eclesiástica Livro III, 24,3-7. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C)

Pois o Cristianismo não é baseado num manual de instruções, mas sim no Magistério Vivo da Igreja. E é disto que as Sagradas Escrituras (cf. 2Cor 3,6) e os antigos deram testemunho.

Motivos que os protestantes alegam para abandonar a Sagrada Tradição

Os protestantes normalmente apresentam 3 motivos para justificar seu abandono à Sagrada Tradição:

1) O que está na Bíblia é suficiente

Normalmente citam 2Tm 3,16. Mas o referido versículo não diz que a Escritura é suficiente, diz apenas que é útil, para ensinar, e redargüir o homem para toda boa obra. Isto é claro pois na Sagrada Escritura só existe Verdade, mas nem toda Verdade está na Sagrada Escritura.

2) Que Jesus condenou o uso da Tradição

Alguns protestantes alegam que as palavras do Senhor registradas em Mc 7,9 justificam o abandono à Sagrada Tradição. Se isto fosse verdade São Paulo não nos deixaria a ordem que também guardar o ensino oral dos apóstolos. O problema que é os Fariseus ensinavam informalmente sua própria tradição em vez da Tradição que foi comunicada desde Abraão até os Profetas. É isso mesmo que o leitor leu, ensinavam informalmente sua doutrina, pois ensino formal, isto é, o ministério da Palavra era feito nas Sinagogas aos Sábados. Se os Fariseus ensinassem sua doutrina formalmente, o Senhor não teria dito ao povo que os ouvisse quando estes estivessem ensinando da Cadeira de Moisés, isto é, ensinando formalmente como legítimos sucessores de Moisés (cf. Mt 23,2).

É por isto que todo católico deve observar apenas o que a Igreja ensina oficialmente. A opinião do Padre Zezinho, do Frei Beto, do Padre Marcelo, ou até mesmo do Santo Padre João Paulo segundo, de forma alguma é norma de fé e prática para católico.

3) A Tradição pode ser muito bem deturpada com o tempo como a brincadeira do telefone-sem-fio

Outro motivo apresentado pelos protestantes para negarem a Tradição Apostólica, é de que o ensino oral pode ser deturpado com o tempo. Se São Paulo não confiasse na fidelidade da Igreja em guardar toda doutrina apostólica, seja oral ou escrita, não teria dito a Timóteo: "E o que de mim, através de muitas testemunhas ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros." (2 Tm 2,2). São Paulo disse isto pq sabia que a Igreja é a Coluna e o Fundamento da Verdade (cf. 1Tm 3,15) e que ela guardaria fielmente a doutrina revelada (cf. Mt 16,18-19)

Fora este fato, não só protestantes, mas o que muitos católicos também não sabem, é que a Sagrada Tradição não foi conservada pela Igreja apenas oralmente, mas também foi sendo vertida por escrito pelas gerações que sucederam os santos apóstolos.

Mesmo durante a era apostólica, muitos já queriam se separar da Igreja, pregando um Evangelho diferente. Mas todas estas heresias caíram por terra, por causa do testemunho vivo dos Apóstolos. Coma morte dos Apóstolos, seus legítimos sucessores se preocuparam em escrever aquilo que os Apóstolos não deixaram por Escrito, para combater heresias nascentes, e para deixar para a posteridade a memória cristã.

Vejam os testemunhos primitivos:

"Em primeiro lugar [Inácio de Antioquia], acautelava-se a conservar firmemente a tradição dos apóstolos que, por segurança, julgou necessário fixar ainda por escrito. Estava já prestes a ser martirizado." (História Eclesiástica Livro III, 36,4. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Em teu favor, não hesitarei em aditar às minhas explanações que aprendi outrora dos presbíteros e cuja lembrança guardei fielmente, a fim de corroborar a manifestação da verdade." (Pápias Bispo de Hierápolis, - ou - 120 d.C).

"Pápias, de quem nos ocupamos agora, reconhece ter recebido as palavras dos apóstolos por meio dos que com eles conviveram; declara, além disso, ter sido ele mesmo ouvinte de Aristion e do presbítero João. De fato, cita-os com freqüência nominalmente em seus escritos, referindo as palavras que transmitiram.Não foi ocioso ter dito tais coisas. É justo acrescentar às palavras supramencionadas de Pápias umas narrações ainda de fatos extraordinários e outras que chegaram até ele por meio da tradição." (História Eclesiástica Livro III, 39,7-8. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Floresciam nesta época na Igreja [tempo do Imperador Vero, por volta de 140 d.C], Hegesipo, já conhecido pelas narrações precedentes; Dionísio, bispo de Corinto; Pintos, bispo de Creta. Além disso, Filipe, Apolinário, Melitão, Musano e Modesto, e sobretudo Ireneu. Através de todos eles, chegou até nós por escrito a ortodoxia da tradição apostólica, a verdadeira fé." (História Eclesiástica Livro IV, 21. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Ora, sob [o episcopado de] Clemente, grave divergência surgiu entre os irmãos de Corinto. A Igreja de Roma enviou aos coríntios importante carta, exortando-os à paz e procurando reavivar-lhes a fé, assim como a tradição que, há pouco tempo, ela havia recebido dos apóstolos." (História Eclesiástica Livro IV, 6,3. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Esses mestres [Policarpo, Ireneu, Pápias, Justino, Clemente de Roma, Clemente de Alexandria, entre outros pois a lista é grande], que guardaram a verdadeira tradição da feliz doutrina recebida, como que transmitida de pai a filho, oriunda imediatamente dos santos Apóstolos Pedro e Tiago, João e Paulo (poucos são, contudo os filhos semelhantes aos pais), chegaram até nossos dias, por dom de Deus, a fim de lançar as sementes de seus antepassados e dos apóstolos em nossos corações" (História Eclesiástica Livro V, 11,5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Impossível enumerar nominalmente todos os que então, desde a primeira sucessão dos Apóstolos, tornaram-se pastores ou evangelistas nas Igrejas pelo mundo. Nominalmente confiamos a um escrito apenas a lembrança daqueles cujas obras ainda agora representam a tradição da doutrina apostólica" (História Eclesiástica Livro III, 37,4. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

Onde a verdadeira Tradição dos Apóstolos pode ser encontrada

Eusébio não só é testemunha que os sucessores dos apóstolos deixaram por escrito a legítima Tradição Apostólica, como dá testemunho que a genuína Tradição Apostólica só pode ser encontrada na Igreja Apostólica, isto é, na Igreja que possui sua origem na legítima sucessão dos bispos.

Para combater o erro de ontem e de hoje, os antigos sempre apontavam para as Igrejas Apostólicas, isto é, para aquelas que tinham bispos legitimamente instituídos pelos Apóstolos e seus sucessores, pois segundo eles eram elas que guardavam a legítima Tradição Cristã. Para eles somente na Igreja Apostólica é se pode encontrar a Verdade.

Da mesma forma como a pregação paulina foi confiada a Timóteo (cf 2 Tm 1,13-14) e este confiou a seus sucessores, da mesma forma Tradição Apostólica foi conservada pela Igreja, através da legítima sucessão dos bispos. Veja os testemunhos primitivos:

"Mas a Igreja de Éfeso, fundada por Paulo e onde João permaneceu até o tempo de Trajano, é também testemunha genuína da tradição dos apóstolos" (Contra as Heresias, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C).

"Nesta ocasião [tempo do Imperador Vero. Meados do segundo século e início do terceiro], muitos homens da Igreja lutaram em prol da verdade com eloqüência e defenderam as proposições apostólicas e eclesiásticas. Alguns até, com seus escritos, deixaram aos pósteros uma profilaxia contra as heresias que acabamos de citar" (História Eclesiástica Livro IV, 7,5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

Depois Eusébio nos remete a uma imensa lista de autores e seus respectivos livros, pelos quais deixaram para a memória cristã a autêntica pregação Apostólica.

"A Clemente [3º sucessor de São Pedro na Cáthedra de Roma] sucedeu Evaristo; a Evaristo, Alexandre, depois, em sexto lugar desde os apóstolos, foi estabelecido Xisto; logo, Telésforo, que prestou glorioso testemunho; em seguida, Higino; após este, Pio, e depois, Aniceto. Tendo sido Sotero o sucessor de Aniceto, agora detém o múnus espiscopal Eleutério, que ocupa o duodécimo lugar na sucessão apostólica. Em idêntica ordem e idêntico ensinamento na Igreja, a tradição proveniente dos apóstolos e o anúncio da verdade chegaram até nós." (História Eclesiástica Livro V, 6,4-5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"E quando, por nossa vez, os levamos [os hereges] à Tradição que vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela sucessão dos presbíteros, então se opõe à Tradição, dizendo que, sendo eles mais sábios do que os presbíteros, não somente, mas até dos apóstolos, foram os únicos capazes de encontrar a pura verdade." (Contra as Heresias, III,2,1, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C)

"Portanto, a tradição dos apóstolos, que foi manifestada no mundo inteiro, pode ser descoberta e toda igreja por todos os que queiram ver a verdade. Poderíamos enumerar aqui os bispos que foram estabelecidos nas igrejas pelos apóstolos e seus sucessores até nós; e eles nunca ensinaram nem conheceram nada que se parecesse com o que essa gente [os hereges] vai delirando. [...] Mas visto que seria coisa bastante longa elencar numa obrar como esta, as sucessões de todas as igrejas, limitar-nos-emos à maior e mais antiga e conhecida por todos, à igreja fundada e constituída em Roma, pelos dois gloriosíssimos apóstolos, Pedro e Paulo, e, indicando a sua tradição recebida dos apóstolos e a fé anunciada aos homens, que chegou até nós pelas sucessões dos bispos, refutaremos todos os que de alguma forma, quer por enfatuação ou vanglória, que por cegueira ou por doutrina errada, se reúnem prescindindo de qualquer legitimidade. Com efeito, deve necessariamente estar de acordo com ela, por causa da sua origem mais excelente, toda a igreja, isto é, os fiéis de todos os lugares, porque nela sempre foi conservada, de maneira especial, a tradição que deriva dos apóstolos." (Contra as Heresias, III,3,1-2, Santo Ireneu Bispo de Lião, + ou - 202 d.C)

Acho também interessante citar a observância de Eusébio quanto à degeneração doutrinária das seitas, assim como acontece no Protestantismo:

"Extinguiram-se, pois rapidamente as maquinações dos inimigos, confundidas pela atuação da Verdade. As heresias, uma após outras, apresentavam inovações; as mais antigas continuamente desvaneciam e desvirtuavam-se, de diferentes modos, para dar lugar a idéias diversas e variadas. Ao invés, ia aumentando e crescendo o brilho da única verdadeira Igreja católica, sempre com a mesma identidade, e irradiando sobre gregos e bárbaros o que há de respeitável, puro, livre, sábio, casto em sua divina conduta e filosofia. [...] Além do mais, na época de que tratamos, a verdade podia apresentar numerosos defensores, em luta contra as heresias atéias, não somente através de refutações orais, mas também por meio de demonstrações escritas." (História Eclesiástica Livro IV, 7,13.15. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

Conclusão

Pois é esta mesma memória cristã que nós Católicos Romanos, Gregos, Russos, Orientais, Coptas, Nestorianos e Maronitas, guardamos. E é por causa dela é que apesar de separados por um cisma de 1000 anos (com exceção dos Católicos Maronitas que até hoje estão em plena comunhão com a Igreja Católica Romana), possuímos praticamente a mesma fé e doutrina. Divergimos mais em questões disciplinares. E é esta mesma memória que um dia colocou por terra as heresias do passado, é que eu nós que congregamos nas legítimas Igrejas Apostólicas (aquelas que guardam a legítima sucessão dos bispos), trazemos à luz para combater as heresias de hoje também.

E como se pode ver o Protestantismo ao se ao abandonar a Tradição Apostólica, berço das Sagradas Escrituras, comete o mesmo erro as primeiras seitas, e identificamos nele o mesmo diagnóstico delas. Acabam pregando sua própria tradição em vez da Tradição Divina, erro que Jesus condenou dos Fariseus.

Com qual o quê você vai ficar? Com a Tradição dos Apóstolos ou com a tradição de Lutero, Calvino, John Knox, Ellen White, Tasse Russel, Edir Macedo, David Miranda, etc?

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

MEDITANDO NA PALAVRA!

Leitura do Evangelho de João 1,19-28

"Este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: Quem és tu? Ele confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. Então, lhe perguntaram: Quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Respondeu: Não. Disseram-lhe, pois: Declara-nos quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes a respeito de ti mesmo? Então, ele respondeu: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.
Ora, os que haviam sido enviados eram de entre os fariseus. E perguntaram-lhe: Então, por que batizas, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? Respondeu-lhes João: Eu batizo com água; mas, no meio de vós, está quem vós não conheceis, o qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias. Estas coisas se passaram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando."

Comentário.

João desempenha um papel fundamental no plano salvífico de Deus. Ele rejeita qualquer título messiânico, Cristo, Elias ou profeta. João inaugura o batismo, sacramento de iniciação de nossa vida cristã. É o batismo da conversão à prática da Justiça, para o perdão dos pecados. Seu anúncio, a partir do deserto, entra em choque frontal com o Templo de Jerusalém.
Era neste que, segundo a Lei, se purificava os pecados, mediante ofertas preceituadas. Com o seu batismo e seu anuncio, João cumpre sua missão de "endireitar o caminho para o Senhor". Ele deixa a expectativa quando à chegada de alguém que está entre nós e nós não o conhecemos, o qual superará o próprio João.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O que é Igreja Apostólica?

Introdução


Hoje em dia está na moda as novas seitas protestantes adicionarem o adjetivo "apostólica" ao seus nomes. Como por exemplo: Igreja Nova Apostólica, Igreja Evangélica Apostólica das Águas Vivas, Igreja Apostólica Ministério Comunidade Cristã, Igreja Apostólica do Avivamento, Igreja Apostólica Renascer em Cristo, Igreja Apostólica Cristã, Igreja Apostólica Ministério Resgate, Igreja Apostólica Batista Viva e etc.

Mas será que toda igreja é apostólica? Será que toda igreja tem que ser apostólica? Será toda "igreja" pode adotar para si o adjetivo "apostólica", sem detrimento de seu real significado?

O Ensinamento da Igreja Católica

O Catecismo da Igreja Católica ensina:

§861 "Para que a missão a eles [aos apóstolos] confiada fosse continuada após sua morte [de Jesus], confiaram a seus cooperadores imediatos, como que por testamento, o múnus de completar e confirmar a obra iniciada por eles, recomendando-lhes que atendessem a todo o rebanho no qual o Espírito Santo os instituíra para apascentar a Igreja de Deus. Constituíram, pois, tais varões e administraram-lhes, depois, a ordenação a fim de que, quando eles morressem outros homens íntegros assumissem seu ministério."

§862 "Assim como permanece o múnus que o Senhor concedeu singularmente a Pedro, o primeiro dos apóstolos, a ser transmitido a seus sucessores, da mesma forma permanece todos Apóstolos de apascentar a Igreja, o qual deve ser exercido para sempre pela sagrada ordem dos Bispos." Eis por que a Igreja ensina que "os bispos, por instituição divina, sucederam aos apóstolos como pastores da Igreja, de sorte quem os ouve, ouve a Cristo, e quem os despreza, despreza a (aquele por quem Cristo foi enviado".

Os protestantes em contrapartida alegam que nunca houve sucessão apostólica, e que a Igreja Apostólica é simplesmente aquela fiel á doutrina bíblica. Afirmam ainda que a reunião dos fiéis constitui a Igreja.

O que ensina a Bíblia?
A Bíblia ensina que Nosso Senhor Jesus Cristo, deu o governo da Igreja aos Santos Apóstolos: "Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e, quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou" (Lc 10, 16). Aqui vemos o testemunho da autoridade dos apóstolos sobre toda a Igreja dada pelo próprio Cristo.

A Bíblia dá testemunho de que os apóstolos claramente escolheram sucessores que, por sua vez, possuíram a mesma autoridade de ligar e desligar. A substituição de Judas Iscariotes por Matias (cf. At 1,15-26) e a transmissão da autoridade apostólica de Paulo a Timóteo e Tito (cf. 2 Tm 1,6; Tt 1,5) são exemplos de sucessão apostólica.

A Mística de São Tomás de Aquino

As controvérsias animadas desses últimos anos conferiram ao estudo da mística uma nova e singular atualidade1. Muitos dos fiéis piedosos, até em meio ao mundo, encontram com que alimentar a alma nos ensinamentos substanciosos de São Tomás; apresentar a síntese pacificada da doutrina mística do Mestre, para além de toda a polêmica, é prestar-lhe grande homenagem.

Para caracterizá-la, recorremos aos grandes pontífices Bento XV e Pio XI. Bento XV, conhecido sobretudo como o Papa da Caridade e por conseguinte imortal, segundo aquilo do Apóstolo: Charitas numquam excidit – dizíamos, Bento XV salientou a mística de São Tomás na missiva enviada ao Pe. Bernadot, Diretor da revista La Vie Spirituelle, a 15 de setembro de 1921:
“Expôs com muita clareza São Tomás, disse ele, a doutrina dos Padres acerca da elevação da vida sobrenatural e das condições do progresso na graça das virtudes e dons do Espírito Santo, cuja perfeição ou florescimento se acha na vida mística: ...ac praterea quibus conditionibus proficiat gratia virtutum et domorum Spiritus Sancti, quorum perfectio vita mystica continetur2.”

Escrevia Pio XI, cujo pontificado já de si tão fecundo se nos antolha em frutos que sobejarão da promessa das flores, na bela encíclica Studiorum ducem, de 29 de junho de 1923: “Para bem conhecer os princípios fundamentais da teologia ascética e mística, é mister tomar São Tomás como guia e aderir ao que ele ensina sobre a extensão do preceito do amor a Deus e o aumento da caridade e dos dons do Espírito Santo – que lhe são conexos –, bem como sobre os diversos estados (o estado de perfeição, a vida religiosa, o apostolado), as diferenças que os distinguem e a natureza verdadeira de cada um deles.”
Assim resumem os Papas a espiritualidade de São Tomás com este conceito claríssimo: a vida mística é o florescimento definitivo da vida da graça e dos dons do Espírito Santo ou, noutros termos, é a vida sobrenatural e completa do homem que se elevou ao estado sobrenatural.
Segundo essa definição, logo se vê que o estado místico não é fenômeno estranho nem estrangeiro às condições normais do cristão, mas é a vida plena e intensa, que é desejável em si e para a qual chama Deus seus verdadeiros amigos.

O QUE ELE PEDE É CONVERSÃO



Ninguém é verdadeiro cristão se não tiver o apostolado como prática constante a caminho do céu

"E portanto, se os degredados, que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta gente é boa e de boa simplicidade."01 São palavras de Pero Vaz de Caminha, dirigidas ao então rei de Portugal, sobre os nativos e as terras que acabara de encontrar: os índios do Brasil. Lê-se nestas linhas a vontade imensa de espalhar a todos os povos a boa-nova de Cristo. De fato, a evangelização sempre foi uma preocupação da Igreja, encontrando eco também entre leigos, governantes e qualquer um que se deixasse tocar pela beleza da fé católica.
A necessidade do anúncio cristão decorre do "encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo."02 Se é verdade que Deus é amor, quem o encontrou não pode fazer Dele assunto particular, mas alimento comum a todas as almas. Os santos são um modelo de apostolado eficaz porque carregavam em suas faces a experiência da entrega ao Senhor. Somente uma alma profundamente apaixonada consegue transmitir a intensidade da Palavra de Deus. Por isso dizia o Cardeal Ratzinger num debate com o ateu Paolo Flores D’Arcais que "nós, os crentes, acreditamos que temos algo a dizer ao mundo (...) estamos convencidos de que em Jesus surgiu a verdade, e a verdade não é propriedade privada de alguém; deve ser compartilhada, deve ser conhecida."03
Todavia, nestes tempos de secularismo exacerbado, que não poupa nem mesmo os púlpitos de muitas paróquias, parece que já não existe mais tal certeza. Ao contrário dos primeiros cristãos, para a geração atual a fé se tornou apenas um pressuposto banal, que, em muitos casos, acaba até negado. Com efeito, a ênfase da Igreja na evangelização é vista como um programa retrógrado - até mesmo preconceituoso -, sobre o qual não valeria a pena discutir. A via adequada seria então a do diálogo desinteressado, aquele destinado não à conversão das pessoas, mas à promoção da "tolerância", do pluralismo religioso.
Disso se depreende a crise de fé à qual se referia Bento XVI na Carta Apostólica Porta Fidei. Uma Igreja que não quer evangelizar não merece ser chamada Igreja, já que "anunciar o Evangelho não é glória para mim" - dizia São Paulo -; "é uma obrigação que se me impõe" ( Cf. I Cor 9, 16). Ora, uma pessoa que se diz católica, mas não encontra razão para levar a fé aos demais pode ser tudo, menos uma autêntica seguidora de Cristo. Jesus deixou sua Igreja nesta terra para exortar os povos à Palavra de Deus, não para a filantropia ou assistencialismo social. Mas se os próprios filhos da Igreja padecem na "incredulidade e dureza de coração", renegando as verdades eternas a propósito de uma pastoral exclusivamente humana, como querer atrair os descrentes se a eles é apresentado uma Igreja com cara de ONG? Por conseguinte, acabam agindo como os discípulos que, diante da notícia de Maria Madalena, "não quiseram acreditar". Ou seja, ainda precisam encontrar-se com Jesus verdadeiramente para somente assim assumirem as palavras do Senhor: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Cf. Mt 28, 19).
É imperioso para a vida cristã a prática do apostolado. Nela, encontram-se tanto o meio para atingir os incrédulos, como também o fim ao qual todos são chamados: a salvação. Sim, porque aqueles que se empenham no anúncio da boa-nova sabem que não podem prescindir da graça sem correr sério risco de fracassar. "A Igreja, o Papa, os fiéis, assim como os teólogos" - recorda o patriarca de Veneza, Dom Francesco Moraglia -, "não são a origem do ato de fé e da vida do crente"04, são instrumentos da messe do Senhor. E como instrumentos devem sempre ter em mente o testamento espiritual de Maria, deixado nos Evangelhos: "Fazei tudo o que Ele vos disser" (Cf. Jo 2, 5). E o que Ele pede é conversão!
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Referência

  1. Carta de Pero Vaz de Caminha
  2. Deus Caritas Est
  3. RATZINGER, Joseph, D’ARCAIS, Paolo F. Deus Existe. Editora Planeta
  4. Voltemos a Santo Agostinho, entrevista com o Patriarca de Veneza, Dom Francesco Moraglia

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

CARACTERÍSTICAS DAS HERESIAS




No ano 144 d.C., durante um dos momentos mais difíceis da História da Igreja Católica, surgiu a heresia Marcionita que logo se estenderia principalmente pelo Império Bizantino e sobreviveria pelos próximos três séculos, até ser absorvida pelo Maniqueísmo e desaparecer. É possível que seu fundador, Marcião, fosse filho de um dos primeiros bispos de Sinope, uma diocese da Ásia Menor, de onde Marcião era originário. Há quem suponha (baseando-se na conhecida habilidade de Marcião para citar as Escrituras) que ele fosse um bispo renegado pela Igreja. Qualquer que fosse o caso, o certo é que Marcião deu origem a uma das mais persistentes heresias de seu tempo e, para isso, fez uso, pela primeira vez, de certas armas que todos os cristãos dissidentes empregariam no futuro até os nossos dias.

O gênio divisionista de Marcião criou uma nova doutrina pseudocristã, modificando a História Sagrada e publicando um cânon próprio das Escrituras. Isto que hoje nos parece tão familiar - depois de tantos séculos de Bíblias cerceadas, lendas negras e traduções deturpadas da Escritura - era então uma assombrosa novidade que cativou a muitos. Marcião sustentava, como muitos vieram a fazer desde então, que o Deus do Antigo Testamento era vingativo e colérico, que não podia corresponder à mansa e amorosa pessoa de Jesus. A partir de então, desenvolveu uma doutrina dualista que sustentava a existência de duas divindades, uma má (a do Antigo Testamento) e outra boa (a do Novo Testamento).

Ao iniciar uma nova igreja, sempre se tropeça com este problema: o que fazer com a Igreja Católica? Marcião não podia destruir a Igreja de Cristo, porém, podia desqualificá-la. Para isso, teve uma idéia que para nós parece bem desgastada, mas que era muito original naquela época: usar as Escrituras para impugnar a veracidade da doutrina católica.

O problema de usar essa estratégia é que as Escrituras do Antigo Testamento - inspiradas por um "deus mau", segundo Marcião - ofereciam amplo e suficiente testemunho da futura vinda de Jesus. Essa "pequena" inconsistência não foi grande problema para o líder herege, que declarou nulo todo o Antigo Testamento. Ao fazer isto, Marcião estabeleceu outro grande princípio, que quase todo movimento herético seguiria no futuro: eliminar as partes da Bíblia que não convenham à nova doutrina enquanto que, ao mesmo tempo, se exalta a Escritura (modificada) como a autoridade sobre a qual o novo grupo eclesial é fundado.

QUEM É O PAPA?

O Papa é sucessor direto do apóstolo Pedro e, mais que uma pessoa, representa um encargo, um múnus deixado pelo próprio Senhor



No começo deste ano, todos os olhares se voltaram para o Vaticano. Era uma triste manhã de segunda-feira, 11 de fevereiro. As redações dos jornais e dos noticiários de todo o mundo anunciavam o inesperado: o Papa Bento XVI iria renunciar. O que levou o Sumo Pontífice a fazê-lo? Por que Sua Santidade abdicara o trono de São Pedro e decidira passar os últimos anos de sua vida em recolhimento? As dúvidas não deixavam dormir as mentes mais preocupadas. Aquilo sequer parecia verídico.
E, no entanto, era. Os católicos tinham pouco mais de duas semanas para se despedir de Joseph Ratzinger. O mês de março começava com a Sé Vacante e, pouco mais de um mês depois da renúncia do Santo Padre, dia 12 de março, os cardeais eleitores entravam na Capela Sistina para eleger o novo bispo de Roma. Depois de um conclave rápido, apareceu na sacada da Basílica de São Pedro a figura de Jorge Mario Bergoglio, que viria a chamar-se Francisco.
Pouco a pouco, a agitação que tomara conta dos fiéis católicos começava a se dissipar e todos se davam conta de que havia um novo Pai em Roma. Habemus Papam! O sentimento de tristeza era lentamente substituído pelo dom da esperança, pela certeza de que Deus não abandona a Sua Igreja, não deixa o barco que Ele mesmo construiu à deriva.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

UMA ANALISE DE EZEQUIEL 37 - OSSOS SECOS

37,1-14 A MÃO DO SENHOR... OSSOS.


Por meio do espirito Santo, Ezequiel ve numa visão um vale cheio de ossos secos. Os ossos representam "toda a casa de Israel" (v.11), isto é, tanto Israel como Judá, no exílio, cuja esperança pereceu na dispersão entre os pagãos. Deus mandou Ezequiel profetizar para os ossos (vv.4-6). Os ossos então reviveram em duas etapas: (1) Uma restauração nacional ligada, ligada a terra (vv.7,8), e (2) uma restauração espiritual , ligada a fé (vv.9,10). Esta visão objetivou garantir aos exilados a sua restauração pelo poder de Deus e o restabelecimento como nação na terra prometia. Apesar das circunstancias criticas de então (vv.11-14). Não há menção da duração do tempo entre as duas etapas.


37,10 O ESPÍRITO ENTROU NELES, E VIVERAM.


A restauração de Israel à vida nos faz lembrar a criação do homem conforme relata Gn. 2,7. Adão foi primeiro formado fisicamente e a seguir, Deus lhe deu "o folego da vida". Semelhantemente, a nação morta de Israel deveria primeiramente ser restaurada fisicamente, e depois, Deus daria aos Israelitas o fôlego de vida (isto é, derramaria sobre eles o seu espírito).


37,12-14 À TERRA DE ISRAEL.


A visão dos ossos vivificados teria seu cumprimento na restauração de Israel, não somente material, mas também espiritual. Essa restauração teve seu inicio no tempo de Ciro, mas só terá pleno cumprimento quando Deus congregar com os israelitas na sua terra, nos tempos do fim, numa ocasião de grande despertamento espiritual. Muitos Judeus crerão em Jesus Cristo e o aceitarão como seu Messias antes dele voltar para estabelecer o seu reino (cf. Rm 11:15 NTLH, Rm 11:25, Rm 11:26).


37,16-23 TOMA UM PEDAÇO DE MADEIRA.


Depois da morte de Salomão, o povo de Deus dividiu-se em dois reinos (ver 1Rs 12) um chamado Judá e  outro Israel (ou as vezes Efraim). Deus agora promete que os dois reinos serão reunificados num só reino, com um só rei sobre eles.


37,24 MEU SERVO DAVI.


O Messias vindouro é chamado "Davi" porque ele seria o Descendente de Davi e o cumprimento do concerto davídico (cf. 2Sm 7,16). Ele purificará Israel do pecado e o povo receberá o perdão e guardará a lei de Deus. Esses benefícios entraram em vigor mediante a sua morte na cruz e o ministério do Espírito Santo (cf. 36,16-32; Jr 31,31-34).


Fontes:  Bíblia de Jerusalém.

Blog: hebreu-israelita.blogspot.com.br/2009/06/ezequiel-37-vale-dosossos-secos.html.

Comentário Bíblico Wiersbe - Antigo Testamento.

Bíblia de estudo Thompson.

PENTECOSTES - Homilia do Papa Bento XVI

São Lucas insere a narração do evento do Pentecostes, que ouvimos na primeira leitura, no segundo capítulo dos atos dos apóstolos. O Capitulo é introduzido pela expressão: “Quando chegou o dia de Pentecostes, encontravam-se todos reunidos no mesmo lugar” (Act 2,1). São palavras que fazem referencia ao quadro precedente, em que Lucas descreveu a pequena companhia dos discípulos, que se reunia assiduamente em Jerusalém depois da Ascenção ao céu de Jesus (cf. Act. 1,12-14). É uma descrição rica de pormenores: o lugar “onde habitavam” o Cenáculo é um ambiente “no andar de cima”; os onze Apóstolos são enumerados por nome, e os primeiros três são Pedro, João e Tiago, as “colunas” da comunidade; juntamente com eles são mencionadas “algumas mulheres”, “Maria, a Mãe de Jesus” e os “irmãos dele”, já integrados nesta nova família, fundamentada não já em vínculos de sangue, mas na fé em Cristo.

A este “novo Israel” alude claramente o numero total das pessoas que era de “cerca de cento e vinte”, múltiplo do “doze” do Colégio apostólico. O grupo constitui uma autentica “qãhãl”, uma “assembleia” segundo o modelo da primeira Aliança, a comunidade convocada para ouvir a voz do Senhor e caminhar pela suas veredas. O Livro dos atos sublinha o fato de que “todos estavam unidos pelo mesmo sentimento, entregando-se assiduamente à oração” (1,14). Por conseguinte, a oração é a principal atividade da igreja nascente, mediante a qual ela recebe a sua unidade do Senhor, deixando-se orientar pela sua vontade, como demonstra também a opção de tirar à sorte para escolher aquele que passará a ocupar o lugar de Judas (cf. Act 1, 25).

Esta comunidade encontrava-se reunida no mesmo lugar, o Cenáculo, na manha da festa Judaica do Pentecostes, festa da Aliança, em que se fazia memoria do evento do Sinai quando Deus, mediante Moisés, tinha proposto que Israel se tornasse a sua propriedade no meio de todos os povos, para ser sinal da sua santidade (cf. Êxodo 19). Segundo o Livro do Êxodo, aquela antiga aliança foi acompanhada por uma terrificante manifestação de poder da parte do Senhor: “Todo o monte Sinai lê-se fumegava, porque o Senhor. havia descido sobre ele no meio de chamas. O fumo que se elevava era como o de um forno, e todo o monte estremecia violentamente” (19,18). Voltamos a encontrar os elementos do vento e do fogo no Pentecostes no Novo Testamento, mas sem ressonancias de medo. Em particular, o fogo adquire a forma de linguas que se pousam sobre cada um dos discipulos, que “ficaram todos cheios do Espírito Santo”, e em virtude de tal efusão, “começaram a falar em outras linguas” (Act 2,4). Trata-se de um verdadeiro e próprio “batismo” de fogo da comunidade, uma espécie de nova criação. No Pentecostes, a igreja é constituida não por uma vontade humana, mas pela força do Espírito de Deus. E é imediatamente claro como este Espírito dá vida a uma comunidade que é uma só e, ao mesmo tempo, universal, superando deste modo a maldição de Babel (cf. Gn 11,7-9). Com efeito somente o Espírito Santo, que cria unidade no amor e na aceitação recíproca das diversidades, pode libertar a humanidade da tentação constante de uma vontade de poder terreno que quer dominar e uniformizar tudo.

“Societas Spiritus”, sociedade do Espirito: assim Santo Agostinho chamava a Igreja num de seus sermões (71, 19, 32: PL 38, 462). No entanto, já antes dele Santo Irineu tinha formulado uma verdade que me apraz recordar: “Onde está a Igreja, ali está o Espírito de Deus, e onde está o espírito de Deus, ali estão a Igreja de todas as graças, e o Espírito é a verdade; afastar-se da Igreja significa rejeitar o espírito” e, por conseguinte, “excluir -se da vida” (Adv. Haer. III, 24, 1). A partir do evento do Pentecostes manifesta-se esta união entre o Espírito de Cristo e o seu corpo Místico, ou seja, a Igreja. Gostaria de refletir sobre um aspecto peculiar da ação do Espírito Santo, isto é, sobre o entrelaçamento entre multiplicidade e unidade. Disto fala a segunda Leitura, discorrendo sobre a harmonia dos diversos carismas na comunhão do mesmo Espírito. Mas já na narração dos atos, que ouvimos, este entrelaçamento revela-se com extraordinária evidencia. No evento do Pentecostes torna-se clarividente que à Igreja pertencem múltiplas línguas e diferentes culturas; na fé, elas podem compreender-se e fecundar-se reciprocamente. São Lucas quer claramente transmitir uma ideia fundamental, ou seja, que no próprio ato do seu nascimento a Igreja já é “católica”, universal. Ela fala desde o início todas as línguas, porque o Evangelho que lhe é confiado, está destinado a todos os povos, em conformidade com a vontade e o mandato de Cristo ressuscitado (cf. Mt 28, 19). A Igreja que nasce no Pentecostes não constitui, acima de tudo, uma comunidade particular a Igreja de Jerusalém mas sim a Igreja Universal, que fala as línguas de todos os povos. Sucessivamente, dela hão-de nascer outras comunidades em todas as regiões do mundo, Igreja particulares que são, todas e sempre, realizações da una e única Igreja de Cristo. Por conseguinte, a Igreja católica não é uma federação de Igrejas, mas uma única realidade: a prioridade ontológica cabe a Igreja universal. Uma comunidade que neste sentido, não fosse católica não seria nem sequer Igreja.


Batman - Cavaleiro das trevas: Uma análise teo-referente

Por
Rômulo A. T. Monteiro
Data 23/04/2012










Do Blog: http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=257

1. INTRODUÇÃONo dia 18 de julho de 2008 estreava a continuação de Batman Begins (2005),Batman – Cavaleiro das Trevas (doravante, BCT). Sem dúvida, um dos grandes sucessos do cinema americano dos últimos anos. Nessa introdução queremos evidenciar dados incontestáveis que nos fazem concluir que BCT é uma obra que não somente merece ser avaliada como também é uma fonte apropriada de entendimento do nossozeitgeist (espírito da época).
Em primeiro lugar, a aceitação da massa. BCT foi o terceiro filme mais rentável de todos os tempos.1 Pressupondo que a relação entre filme e sociedade é de natureza retroalimentativa, a aceitação da massa revela muito dela mesma bem como revela a influência da obra no povo. É fato que em 2008 Batman já tinha noventa e nove anos. Pode-se, portanto, implicar que Morcego teve tempo suficiente para criar várias gerações de fãs. Daí a razão de sua aceitação, pode-se sugerir. Mas trata-se de um grande engano explicar a aceitação de BCT somente pelo histórico do seu herói. Os parágrafos seguintes elucidarão a questão.
Segundo, trata-se de um filme que superou as expectativas da crítica especializada. Uma palavra sobre o contexto histórico ajudará a entender melhor. Para muitos, senão a esmagadora maioria dos admiradores de Batman, Batman e Robin (1997) acabou com a reputação do homem-morcego. Denominado de “horrível”, “infantil” (bobo), “sem conteúdo” e “caro”,2 o filme de Joel Schumacher, que estreou em 1997, foi um fracasso de crítica e de bilheteria. Para os fãs do Cruzado Encapuzado3Begins surgiu como o salvador da imagem do Cavaleiro das Trevas. Por outro lado, a aceitação de Batman Begins tanto da crítica quanto da massa criou um clima de ceticismo para com o próximo da série. A razão é simples: tratava-se de uma sequência. Digo, uma sequência de um filme muito bom. Ora, a reação clássica diante de uma sequência é sempre a mesma – descrença e ceticismo.
Entretanto, BCT surpreendeu. A crítica reagiu empolgada4. Muitos deram nota máxima para a segundo filme de Christopher Nolan (diretor). Comentários como os de Lais Cattassini (Cinema com Rapadura) revelam tal empolgação: “impossível não vibrar com cada segundo de filmagem”5. Tiago Siqueira (Cinema com Rapadura) assegura o lado positivo da obra: “Tenso e emocionalmente pesado, ‘Batman - O Cavaleiro das Trevas’ não é só um mero filme, mas uma experiência cinematográfica única. Uma obra-prima absolutamente recomendada”.6

domingo, 15 de setembro de 2013

ENGENHARIA PARA O DESENVOLVIMENTO - DEUS ESTÁ NESTE PROCESSO!

Inovação, Sustentabilidade e Responsabilidade Social como novos Paradigmas.

AS BASES DO FUTURO

Conhecimento,  inovação  e  espírito  empreendedor  são  o  tripé  do  progresso  e  do  bem-estar  da humanidade.  A associação de elementos científicos disponíveis, a busca pelo novo e a ousadia estão presentes desde a descoberta do fogo até o desenvolvimento das modernas tecnologias, e abriram as portas para a globalização da economia.

A  convicção  de  que  a  educação  de  qualidade  e  a  inovação  são  requisitos  para  o  Brasil  construir uma  economia competitiva e sustentável norteia as ações da indústria brasileira. O estudo Engenharia para o Desenvolvimento – inovação, sustentabilidade e responsabilidade social como novos paradigmas é mais uma contribuição de empresas como o CNI e o SENAI para orientar a reflexão e a construção de uma agenda centrada no desenvolvimento tecnológico e na educação de qualidade.

A avaliação dos modelos econômicos da China, Índia, Escócia, Irlanda e Coreia do Sul apresentadas neste estudo,  feito  em  parceria  com  a  Pontifícia  Universidade  Católica  do  Rio,  confirma  a  necessidade do Brasil  em  adotar  tal  agenda. Ao  fazer  pesados  investimentos  em  educação  e  concentrar  esforços  na formação  de  engenheiros,  esses  países  atraíram laboratórios de ponta de grandes conglomerados internacionais. Hoje, desenvolvem tecnologias próprias, que garantem a competitividade de seus produtos.

Além disso, a CNI lidera a Mobilização Empresarial pela Inovação, que pretende fazer da indústria a protagonista da Iniciativa Nacional pela Inovação, movimento que ampliará de forma significativa a capacidade de gestão da inovação nas empresas. Com educação de qualidade e inovação, reuniremos as condições necessárias para construir um País comprometido com um modelo de desenvolvimento baseado na produtividade, na conservação do ambiente e na responsabilidade social.

Na recente Encíclica Caritas in Veritate(n. 69), o papa Bento XVI escreveu:
Hoje, o problema do desenvolvimento está estreitamente unido com o progresso tecnológico, [de modo especial] com as suas deslumbrantes aplicações no campo biológico. A técnica – é bom sublinhá-lo – é um dado profundamente humano, ligado à autonomia e à liberdade do homem. Nela exprime-se e confirma-se o domínio do espírito sobre a matéria. O espírito, «tornando-se assim mais liberto da escravidão das coisas, pode facilmente elevar-se ao culto e à contemplação do Criador». A técnica permite dominar a matéria, reduzir os riscos, poupar fadigas, melhorar as condições de vida. Dá resposta à própria vocação do trabalho humano: na técnica, considerada como obra do gênio pessoal, o homem reconhece-se a si mesmo e realiza a própria humanidade. A técnica é o aspecto objetivo do agir humano, cuja origem e razão de ser estão no elemento subjetivo: o homem que atua. Por isso, aquela nunca é simplesmente técnica, mas manifesta o homem e as suas aspirações ao desenvolvimento, exprime a tensão do ânimo humano para uma gradual superação de certos condicionamentos materiais. Assim, a técnica insere-se no mandato de «cultivar e guardar a terra» (Gn. 2, 15) que Deus confiou ao homem, e há de ser orientada para reforçar aquela aliança entre ser humano e ambiente, em que se deve refletir o amor criador de Deus.
É  nesse  panorama  de  um  desenvolvimento  tecnológico  acelerado  que  se  enquadra  o  programa iNOVA.  Para  não  nos  ver arrastados  por  uma  tecnologia  desumanizante,  temos  de  nos  perguntar Sobre  o  sentido  de  nosso  progresso.  Em  primeiro  lugar, precisamos fugir de visões parciais. Por isso, o nosso programa envolve o setor produtivo, o acadêmico o governamental e o profissional, num esforço conjunto para construir um projeto de nação. O processo foi liderado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e pelo SENAI. O grande mérito foi articular um sujeito coletivo capaz de indicar um rumo inovador para o desenvolvimento nacional. Como não pretendemos reinventar a roda, houve um estudo de modelos exitosos em países de recente desenvolvimento acelerado.  Sobre  esse  pano  de  fundo, procurou-se  identificar  paradigmas  para  a  estruturação  de  uma  solução  compatível  com a  magnitude dos  desafios  atuais.  Estudaram-se,  assim,  a  Coreia  do  Sul,  a  China,  a  Índia,  a  Irlanda  e  a Escócia. O  resultado  foi  a constatação de que esses países basearam seu modelo de desenvolvimento na Ciência, na Tecnologia e na Inovação, com base na Engenharia. Ainda mais, tal base gerou um Comportamento empreendedor muito forte.

Após esse estudo, ao analisar a crise mundial, que se instalou a partir de setembro do ano passado, chegou-se à conclusão de que, embora ela tenha claros contornos financeiros, não será totalmente debelada, se não forem incluídas na solução as dimensões de sustentabilidade social e ambiental.Em  outras  palavras,  o estudo  mostra  que  a  presente  crise  não  invalida  a  proposta  de  um  desenvolvimento  baseado  na Engenharia. Ao contrário, indica que, no momento em que a sustentabilidade e a equidade social se Tornaram fatores importantíssimos na visão do futuro, o desenvolvimento tecnológico adquiriu um caráter de urgência inquestionável, para a manutenção da democracia e para o respeito a nosso planeta, já tão Fragilizado.

A consequência óbvia é a urgente necessidade de uma revisão profunda das habilidades a ser desenvolvidas pelo engenheiro, a fim de capacitá-lo para a nova sociedade, através de uma educação orientada para a solução dos problemas de nosso tempo.  A presente publicação constitui-se, assim, num marco de referência e numa série de propostas concretas que permitam uma maior tomada de consciência da Relevância, no tempo atual, das Engenharias para um desenvolvimento sustentado e socialmente responsável.

Pe. Jesus Hortal Sánchez, S.J.
//