// Estar com Deus: O que pensar dos dias difíceis, nas vésperas da chegada do Natal?

sábado, 19 de dezembro de 2015

O que pensar dos dias difíceis, nas vésperas da chegada do Natal?

Prezados em Cristo.
Recebi recentemente uma carta de um Padre, o Pe. Rodrigo Hurtado que faz parte dos Legionários de Cristo.

Eu estava muito abatido com as coisas que estavam acontecendo esta semana comigo, inclusive minha arritmia cardíaca voltou novamente. É o meu termômetro que algo está ficando errado e eu preciso descansar urgente!

Realizei uma resenha de sua carta, pois achei interessante a sua mensagem, e vi que Cristo como sempre, estava no comando das coisas e que eu tinha que ficar tranquilo, pois ele não havia me abandonado. Então estou compartilhando com vocês.

Ele começa questionando se alguma vez, a gente teve um desses dias e que tudo deu errado? Ao contrário do que você tinha planejado? Um desses dias quando você pensa: “deveria ter ficado na cama”? Eu tive um desses dias, mais especificamente esta semana.
Ele relata que passou por muitos problemas neste dia, tais como multas de transito, ficou mal por causa de alguma coisa que comeu no almoço, seu carro quebrou, enfim um daqueles dias.
Então ele chega na sua casa pela noite e o mesmo só queria ter um momento tranquilo e não falar com mais ninguém.

Como reagimos quando as coisas que não terminam do jeito que queríamos? Inclusive, poderia ser mais que um dia ruim. Como reagimos quando nossos planos de vida mudam totalmente.

No escritório lhe cobraram: “Precisamos de carta para amanhã”. Carta este que ele sempre escreve a cada dois meses ou menos e envia para seus amigos. Mas naquele dia ele relata que não estava muito inspirado para escrever. Sobre o que falar quando não se está se sentindo bem?
 Nesse momento veio a ideia e ele começa a escrever este belo texto.

Começa dizendo que era o momento de contemplar o Natal por outro ângulo: o nascimento de Jesus, faz 2015 anos, estragou todos os planos que podiam existir, mas... foi bom.

Realizou uma interpretação livre do acontecido em Nazaré relatando que tudo começou quando um anjo apareceu a Maria e disse: “Você vai ficar grávida antes do casamento”. Maria ficou aterrorizada e respondeu devagar: “Ok...”, o anjo continuou: “e o filho não vai ser de José”. E Maria ainda mais assustada: “Ok...”. Então o anjo disse: “A segunda parte do plano é que vai acontecer com você algo nunca antes aconteceu na história nem voltara a acontecer... vamos chama-lo de parto virginal”. E Maria: “Ok...”. E o anjo acrescentou: “Ah, e outro detalhe. O filho que você vai ter será Deus”.

Certamente esses não eram os planos de Maria. Mas ela aceitou e não precisou de mais explicações, mesmo que seguramente não tivesse entendido todo o alcance das palavras do anjo. Nada de dúvidas, nada de questionamentos desnecessários. Só uma resposta de fé. Deixar que as coisas aconteçam ao jeito de Deus.

Mas as coisas não mudaram apenas para Maria. Herodes quis matar o futuro Messias assassinando todas as crianças menores de dois anos, mas Deus mudou os planos de José e o menino Jesus e sua mãe escaparam da perseguição.

Os judeus esperavam um Messias político, um líder militar, um ativista social... Deus mudou todos os seus planos e enviou um rei espiritual.

Os pastores tinham o plano de passar uma noite tranquila junto com as suas ovelhas e depois da aparição dos anjos terminaram convertidos em pregadores de uma grande notícia.
Os reis magos vieram de longe para adorar Jesus e oferecer seus presentes, mas quando o encontraram, Deus mudou seus planos e os fez voltar por outro caminho para despistar Herodes.
Algo interessante foi que todas essas mudanças de planos, eram uma fonte constante de graças de Deus. Quem não mudou perdeu. Foi o caso do pousadeiro. Ele tinha alugado todos os quartos da pousada e não quis dar um jeito de receber Maria e José, não quis mudar seus planos e perdeu a maior oportunidade de sua vida: Deus poderia ter nascido em sua própria casa.

Quantos de nós tivemos nossos planos mudados em 2015? Pegue sua lista: quantos planos foram cumpridos do jeito que você tinha pensado? Deus é um especialista em mudar nossos planos.

Não quero dizer com isto, que tudo o que acontece na nossa vida é vontade de Deus. Vivemos num mundo que está quebrado. Tudo funciona com limitações: nossa saúde, nossas relações, inclusive nosso próprio comportamento. Muitas vezes fazemos coisas erradas, ferimos as pessoas, estragamos os planos de Deus, Por isso cada dia pedimos: “Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu”. No Céu a vontade de Deus se cumpre perfeitamente, aqui não.

Mas o natal, além das luzes coloridas e as canções natalinas, nos ensina uma verdade muito profunda: “Meus planos não são os vossos planos, nem os vossos cainhos são os meus caminhos, diz o Senhor” (Isaías 55,8). E as disposições de Maria, de José, dos pastores, dos reis magos, nos ensinam uma atitude fundamental para a vida: a busca da vontade de Deus.

O anjo falou para os pastores: “Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura...” (Lc. 2,12) os pastores foram apressadamente e encontraram Jesus porque o estavam procurando. Porque procuravam do jeito certo. ”Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo vosso coração” (Jer. 29,13).

Esse é o comum denominador de todos os que contribuíram a fazer o Natal do jeito que hoje conhecemos. Um coração que busca Deus, que escuta Deus nas circunstâncias da vida, talvez um jeito especial, quando as coisas não acontecem à maneira que nós tínhamos planejado. Pode ser Deus quem quer nos dizer algo.

Nesses dias de preparação para o Natal temos muitas coisas para fazer. Preparar a ceia de Natal, comprar os presentes, enfeitar a casa, fechar os últimos negócios, vender as últimas mercadorias ou visitar os últimos clientes. Eu gostaria de convidá-los a fazer um pouco de silencio entre suas, muitas ocupações e colocar seu coração em atitude de busca de Deus.

Neste Natal, para encontrar Jesus a condição é ser um buscador... e então se cumprirá o que Jesus prometeu no evangelho: “Buscai e encontrareis” (Mt. 7,7).

E o que devemos encontrar? “Um salvador”. Assim disseram os anjos aos pastores: “Na cidade de Davi, vos nasceu hoje o salvador” (Lc 2,11). DO que nos vai salvar? Ele nos salvará do pecado: do egocentrismo, do orgulho, do egoísmo e de todas as consequências do pecado: do medo, do rancor, da culpa, do ressentimento, da solidão, da inveja... e com a salvação encontraremos a paz: “Paz na terra aos homens por Ele amados” (Lc. 2,14).

Essa paz é o tesouro mais procurado, ainda inconscientemente, pelo coração dos homens e mulheres do nosso tempo. E sabe qual é a condição para alcançar essa paz? Aceitar que nós não podemos salvarmos por nós mesmos. Que precisamos buscar e aceitar a salvação de Deus.
Acontece na salvação o mesmo que apreendem os salva-vidas na sua profissão. Quando um salva-vidas avista uma pessoa se afogando, rapidamente pula da torre de vigia, se lança ao mar e nada até a pessoa que precisa ser resgatada, mas quando chega nela não a salva de imediato. O salva-vidas tem que ficar esperando que a pessoa se acalme.

Normalmente as pessoas que estão se afogando, batem a água gesticulando a gritam desesperadamente. O salva-vidas tem que tentar acalmar primeiro a situação, porque se tentar salvar a vítima nesse momento, ele mesmo pode terminar afogado. O princípio fundamental do salva-vidas é “ninguém pode salvar uma pessoa enquanto essa pessoa tenta se salvar a si mesma”.

O mesmo acontece com a salvação de Deus. Ele quer ser nossa “salva-vidas” (nunca em sentido tão próprio), mas ninguém pode ser salvo enquanto não se render nos seus esforços por se salvar a si mesmo. Podemos fazer planos (e devemos faze-los), podemos fazer boas obras (e temos que faze-las), podemos esforçarmos para mudar nosso caráter e conquistar a virtude, mas sobre tudo o que precisamos é estar aberto a acolher com simplicidade a salvação de Deus, não insistir na nossa.
Como nós procuramos nos salvar e alcançar a paz? Para alguns a paz é beber até deixar de sentir a dor. Para outros, o que os salva é estar constantemente ocupados para esquecer o sentido da vida. Outros procuram a paz tapando com uma nova relação o vazio que deixou a anterior. Para outros, enfim, a paz significa trabalhar demais para se sentir-se pessoas importantes.

Mas a verdadeira paz não é nenhuma dessas coisas. A paz verdadeira é saber que Deus jamais deixará de amar você. Que seu amor é incondicional, independente de qualquer circunstância. Paz significa receber o perdão de Deus e ter certeza que passe o que passar, Ele ficará sempre ao seu lado. Isto é Natal. Isto é o que temos que aceitar e receber. Essa é a paz que temos que buscar.

Deixe o Natal entrar suavemente no seu coração. Deixe de lutar por ganhar o amor de Deus. Você não pode. Deixe de se preocupar pelas coisas que ainda não deram certo. É Deus que faz acontecer. Se abandone nas mãos d’Ele. Entregue seus planos a Ele. Como disse Deus na escritura: “eu bem sei os planos que tenho a vosso respeito; planos de paz, e não de aflição, para vos dar um futuro e uma esperança” (Jer. 29,11).

Por isso, peca a Deus para ter um coração que busca o Senhor e que sabe acolher a salvação e a paz que Jesus lhe oferece. É um dom gratuito do seu amor. Um presente que Deus quer lhe oferecer neste momento.


Se Deus mudou seus planos em 2015, pense que não necessariamente foi algo ruim. Deus pode estar mudando seus planos precisamente porque quer dar para você a salvação e a paz que por outro caminho você não conseguirá. Seja um buscador de Deus. Ele chegará no momento certo.

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