// Estar com Deus: O sorriso de Maquiavel

terça-feira, 31 de agosto de 2010

O sorriso de Maquiavel

R. B. Marques
Cristão, neurocientista, educador, psicanalista clínico

A notícia veiculada no Estadão sobre o manifesto de Dilma, candidata do PT à presidência da República, para "acalmar o povo de Deus", exige de nós reflexão e posicionamento.

Observem como Dilma faz promessas aos cristãos, promessas que, obviamente, não pretende cumprir. A prova é que as mesmas vão de encontro ao Plano de Governo dela e do PT, vão de encontro às propostas clássicas imorais e anticristãs defendidas pelo PT (a quem ela serve), vão de encontro ao PNDH que ela e Lula promoveram, e assim por diante.

Serra tem feito mais ou menos o mesmo. Contudo, embora também não confie nele e não o queira como presidente, Serra ainda não tem sua imagem tão associada a ideologias por demais perigosas para os cristãos. Mesmo assim, não o imagino liderando a nação, assim como não confio mais em Lula, em quem votei e até defendi por algum tempo.

Só quem é ignorante ou tem memória curta ignora que, na História antiga e recente, uma estratégia muito conhecida (e eficiente) de se chegar legitimamente ao poder é fazer acordos com adversários ideológicos, prometendo, em troca de apoio ou mesmo de silêncio, não persegui-los, não lhes criar problemas, etc. No entanto, depois de eleito democraticamente, o maquiavélico que fez o acordo descumpre-o, num ato golpista.

Não quero comparar, jamais, Dilma, ou quem quer que seja, a Hitler. Contudo, precisamos ser inteligentes para aprendermos a desconfiar de acordos e promessas de campanha, percebendo, inclusive, que déspotas malignos como Hitler chegaram ao poder através do voto, negociando com adversários, fazendo acordos e promessas. Uma vez no poder, manipulou informações, forjou evidências, distorceu acontecimentos e, assim, conseguiu eliminar, jeitosa mas violentamente, todos os adversários; instalou uma perseguição feroz (inicialmente bem camuflada) a qualquer voz que enfrentasse sua ideologia e de seu partido; colocou amigos contra amigos, vizinhos contra vizinhos, filhos contra pais, estimulando a denúncia, gerando um cenário em que as pessoas se vingavam de seus desafetos denunciando-os falsamente ao Estado, acusando-os de crimes que jamais cometeram; e, claro, conquistou o apoio das massas oferecendo, a um povo sofrido com a 1ª guerra, emprego, retomada do crescimento, prosperidade, esperança, honra... Com isso, todo mundo passou a confiar no que quer que ele dissesse ou fizesse. Nos bastidores, porém, instalava-se um Estado fortemente ideológico, de controle social, que criminalizou a opinião, perseguiu os desafetos, matou os que o ameaçavam... 

É evidente, porém, que qualquer semelhança é mera coindicência. Não obstante, não nos custa sermos mais desconfiados.

Entre tantas outras aberrações ideológicas, o PT, e a própria Dilma, têm histórico de apoio a ditaduras, a censura de imprensa (somente quando esta os critica), a anular a anistia (somente do lado dos que se opuseram às tentativas de golpe comunista armado), ao aborto amplo e irrestrito, à promoção da libertinagem sexual, à indução ao homossexualismo, à perseguição à ala de cristãos que ousam manter-se fiéis ao que Deus ensina nas Escrituras, e tanto mais. 

Agora, temos o controle estatal chegando aos lares, usando, como sempre, algo bom — que é proteger as crianças e adolescentes de abusos e violência — para implantar algo mau — que é intervir na educação dos filhos e proibir pais de dar simples palmadas nos filhos, ameaçando-os de prisão por fazerem algo que a Bíblia recomenda, sem considerar as ressalvas e os contextos.

Apesar de acontecer num país que se pensa democrático, apenas porque votamos e — ainda — damos nossas opiniões nas rodas de amigos, a verdade é que se trata de um típico aparelhamento de controle ideológico e de comportamento somente visto em ditaduras grotescas do nível do nazismo, do stalinismo e do maoísmo, assim como em ditaduras capitalistas veladas. 

O interesse, é claro, não é impedir a palmada, mas sim usar argumentos como esse para calar e tirar do caminho aqueles que, por convicção intelectual e espiritual, podem ameaçar esse tipo de ditadura: os cristãos, que, historicamente, são os guardiões das liberdades. (Observação: favor não confundir cristãos com as religiões institucionalizadas, que em muito se assemelharam às piores ditaduras comunistas e fascistas). 

Especialistas já alertam: além de uma palmadinha não fazer mal nenhum (o que é diferente de espancamentos, por exemplo, que já eram denunciados e tratados dentro das leis já vigentes), com a "lei da palmada" surgirá um clima inadministrável, em que pessoas se sentirão tentadas a prejudicar outras de quem elas não gostam por algum motivo, apenas denunciando-as ao poder público. Imagine o Conselho Tutelar invadindo sua casa e tomando a guarda de seus filhos, e você sendo preso e processado, só porque uma vizinha sua, que zangou-se com sua recusa em cortar a árvore que derruba folhas no quintal dela, lhe denunciou por "violência doméstica"... Uma outra pessoa da rua pode até testemunhar contra você, apenas por ter ouvido, por exemplo, um filho seu chorar, um dia, e entendeu que você agride suas crianças...

É de assustar como autoridades por nós eleitas para nos representar, e sustentadas com nosso dinheiro, podem chegar a esse nível de estupidez; pior, é de assustar como tantas pessoas tidas como "inteligentes", inclusive alguns profissionais da mente e da saúde, chegam ao ponto de apoiar uma lei absurda como essa; e mais grave ainda é observar como uma população inteira parece ignorar o perigo de se fazer de cega, surda e muda diante da escalada crescente de estratégias de controle social que nos tornarão, a todos, reféns dos interesses específicos de um grupo.

Entretanto, como diz o livro de Eclesiastes: "nada de novo sob o sol". Estratégias como essas aqui mencionadas, de conquista astuta e ardilosa do poder, e consequente controle ideológico de todo um povo, já constavam dos escritos e conselhos do renascentista Maquiavel — embora alguns digam que ele fora "mal interpretado". Mas, se Maquiavel realmente pensou desse modo, fico imaginando-o se estivesse vendo o que hoje fazem tantos políticos - parece até que o ouço maliciosamente sorrindo...

Tudo bem, sei que me exponho em escrever sobre esse assunto, ainda mais nesse tom. Exponho-me, inclusive, ao risco de ser tido como paranóico, tratado como adepto da teoria da conspiração. Mas a questão é, gostemos ou não, que os fatos estão aí, e merecem, no mínimo, ser objeto de alerta e reflexão, antes que cada um tome sua decisão.

Fica aqui um pedido: em vez de apenas votar — ou não votar —, ore pelos candidatos. Ore por Dilma e pelo acordo que alguns evangélicos pensam que lhes assegurará alguma coisa. Ore por Lula, pelo governo deste país. Ore para que o contato com cristãos, interesseiro ou não, sirva como porta de entrada do verdadeiro evangelho no coração dos candidatos, especialmente Dilma e Serra, que estão firmando estes acordos. Ore para que o Espírito de Deus revele-se a eles, e o levem aos pés de Cristo Jesus.

Encerro recordando que, sabemos bem, perseguir e tentar calar os cristãos lembra-nos de perto o cumprimento de profecias bíblicas bastante claras que caracterizam a chegada dos últimos tempos. Sem esquecer que, junto, vem a tentativa de desacreditar as Escrituras, de colocar a opinião pública contra a Palavra de Deus, e até de forçar os cristãos a terem de escolher entre algumas leis de um país insano, e as leis de Deus reveladas na Bíblia. Esse é o cenário ideal que precede o advento do Anticristo, e estamos assistindo, com nossos próprios olhos, os passos sutis, porém cada vez mais expostos e ousados, do doutrinamento mental da sociedade, necessário à construção desse cenário.

A pergunta é: você está preparado para o que vem por aí?

Fonte: www.juliosevero.com

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