// Estar com Deus: janeiro 2018

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

É difícil resolver o problema dos outros.

É chegado mais um ano. 2018 está vindo com toda força, querendo nos trazer, paz, saúde e muita felicidade, um novo ciclo.

Entre o natal e a virada de ano, eu costumo realizar as minhas lições aprendidas. O que de fato eu aprendi com o ano que se passou e o que posso fazer para melhorar no próximo ano.

Neste momento, eu sempre me apoio na retrospectiva de tudo o que me aconteceu, o que eu achei importante e em Jesus Cristo, através de sua palavra.

Faz um certo tempo que meu coração me fala sobre como fazer as pessoas me entenderem, como eu poderia fazer com elas pensassem da mesma maneira que eu, como eu poderia ajudar as pessoas a crescer, como eu poderia resolver o problema delas?

Pois, sendo eu, empresário, tenho em mente que, se meu pessoal ou as pessoas que estiverem a minha volta crescerem, eu também cresço e consequentemente a empresa cresce, pois todos no mesmo foco e união, os problemas ficam mais fáceis de se resolver no dia a dia. Mas, passam-se os dias e eu fico cada vez mais frustrado, pois não consigo alcançar algumas pessoas.

Então, num determinado momento de minha meditação, eu me lembrei de um artigo que tinha lido na internet (https://thoughtcatalog.com) e lendo a Bíblia, Jesus, colocou em meu coração a palavra que está no Livro de São Marcos, Capítulo 12 verso 31. Jesus afirma: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo...”

Mas o que de fato é: “amar ao Próximo como a ti mesmo? ”

Sobre o Texto: “a Ti mesmo...” Não se tem muito o que saber, basta entendermos que todo o amor ao próximo que damos, gostaríamos de recebe-lo na mesma medida (proporção). Mas, devemos nos amar primeiramente para depois podermos amar ao próximo. O sentimento de satisfação que temos ao ajudar o outro é realmente muito gratificante. Nos sentimos interiormente numa grande paz e o sorriso das pessoas ao nosso redor cria uma nuvem de positividade da qual nunca queremos nos afastar. Isto remete ao receber em troca, o amar a si mesmo.

Mas e quanto ao Amar? Bem, me aprofundando no texto em uma pequena exegese bíblica, encontro que para a palavra “Amarás”, do texto bíblico, o termo grego: αγαπαω agapao, talvez de agan (muito), trata de ter um enorme respeito com as pessoas, de recebe-las com alegria, acolher, gostar muito, de amar eternamente e com respeito as coisas, estar satisfeito.
Mais a fundo, encontro a relação com outra forma de amor, o Phileo: φιλεω phileo, que São Paulo cita muito forte nas escrituras, que é aquele que ama, aceita, gosta, trata carinhosamente ou cuidadosamente, que gosta de fazer tudo e nada quer em troca. Este amor, está mais relacionado com Deus, pois ele tem o maior poder para fazer isto, o ser humano ainda está aprendendo a usar o amor Phileo.

Enfim, gostamos de respeitar o outro, ajudá-lo, tentar ser seu amigo, talvez até resolver algum de seus problemas. Mas, começo a chegar a algumas conclusões. Tentar resolver os problemas dos outros pode causar muitos transtornos e ainda impedir o crescimento de quem você ama. Vejamos como cheguei a isto:

As pessoas não são iguais a min, são diferentes.
Toda vez que começo a pensar “a vida desta pessoa seria muito melhor se…”, eu lembro que essa é a vida dela e não a minha. Por mais que eu queira ajudar, a perspectiva dela sobre o mundo é diferente da minha e projetar expectativas sobre o outro não vai me ajudar nem um pouco.

Não posso resolver o problema de pessoas que não querem ter seus problemas resolvidos. 
Existem pessoas que, literalmente, cultivam seus problemas e se apegam a eles de tal maneira que já não conseguem mais se ver sem aquele algo sobre o qual se lamentar. Quanto a mim… bem, eu não posso mudar ninguém. A única coisa que eu posso fazer é compreender, aceitar e amar essa pessoa do jeito que ela é. 

Tentar “resgatar” alguém pode te fazer ir para o fundo. 
E a partir do momento que eu afundar em problemas que não são meus, eu os transformo em meus também. A gente se envolve com tanta profundidade que passa a viver em função da vida do outro, esquecendo-se de si mesmo (Amar...como a ti mesmo). Resultado? Ninguém ajuda ninguém! 

Potencial significa “poder”, não “querer”. 
Não é porque achamos incrível a maneira como determinada pessoa se expressa que vamos tentar convencê-la de que está na profissão errada. Ou então que deveria fazer um intercâmbio. Ou que poderia abrir um novo negócio. Existe uma teoria básica da Administração ao qual sugere que devemos sempre observar os nossos colaboradores para ver no que eles se encaixam melhor dentro de uma empresa. Esta pessoa pode ser muito boa em números, mas está entregando material no almoxarifado. Se pudermos realoca-la ótimo. Mas temos que ter o maior cuidado. Não é porque esta pessoa é muito inteligente que precisamos ter a “obrigação de amigo” de informá-la que ela simplesmente não pode cursar uma graduação tão simples ou abandonar o mestrado ou deixar a presidência de uma grande empresa. Mais uma vez: a vida não é nossa. Portanto, não posso cuidar dela! 

Ajudar não significa resolver. 
Podemos ajudar um amigo (a), companheiro (a) ou familiar com uma boa conversa, demonstrando como somos gratos por sua companhia, convidando-o para almoçar e até dizendo o quão especial ele (a) é na nossa vida. O que eu não posso é me sentir na obrigação de tomar as rédeas da vida da pessoa e organizá-la sozinho; mesmo que ela queira, mesmo que ela peça, mesmo que ela implore. 
Com essa atitude eu só irei desestimulá-la a acreditar no seu próprio potencial e vou torná-la dependente de mim para sempre. Se eu desejo isto creio que está na hora de procurar um psicólogo – isso pode ser carência! 

Eu não preciso que o outro seja feliz para eu ser feliz! 
Parece simples, mas pode ser que o meu desespero para ajudar as pessoas seja reflexo do depósito de expectativas que eu coloco sobre ela. Eu tenho que me lembrar: Eu não preciso que o outro seja feliz para eu ser feliz! 
É claro que compartilhar alegrias é uma forma maravilhosa de viver nossas relações, mas como já sabemos, felicidade não vem de fora: ela parte de dentro de nós. Se a pessoa a quem eu quero ajudar não consegue ser feliz, isso é um problema dela, não meu. 
Por mais que doa ler isso, devemos respirar fundo, olhar para dentro e simplesmente sorrir sinceramente para nós mesmos. (Insisto no: Amar ao próximo como a si mesmo). Se nós formos capazes disto, seremos capazes de inspirar quem a gente ama a ser feliz como nós, e isso vale muito mais do que servir de muleta aos outros. 

Cuidar de si mesmo ajuda mais do que você imagina! 
Cuidar de si mesmo exige tempo e dedicação. Podemos até subir na linha do egoísmo. Não adianta varrermos os nossos próprios problemas para debaixo do tapete e correr na casa de alguém para lhe dar conselhos. Esta hipocrisia só vai nos fazer adoecer, o nosso amigo e à nossa relação. 
Sejamos sinceros, vamos encarar as nossas dificuldades, olhar para o nosso interior e, quando tudo estiver em harmonia (não necessariamente perfeito), a nossa energia positiva será o suficiente para inspirar todos ao nosso redor. 

Problemas não são necessariamente coisas ruins. 
Eles nos ajudam a crescer e a entender que a vida não é um mar de rosas. É preciso ter o discernimento para perceber que coisas ruins acontecem e que ninguém é obrigado a ser feliz o tempo inteiro. 
A partir do momento que entendermos isso, percebemos que as dificuldades precisam acontecer para que nós amadureçamos e aprendamos a desapegar: afinal de contas, ao contrário do que a nossa sociedade consumista prega, nada é para sempre. Tem um ditado muito interessante que fala: “
Nascemos sem trazer nada, morremos sem levar nada. E no meio disto, brigamos por algo que não trouxemos e não levaremos”. Precisamos encarar com outra ótica os problemas que nos acontecem.

Não podemos mudar as pessoas, apenas amá-las. 
Vamos nos lembrar: “Amar ao próximo...”. Aceite isso. Consequentemente, não podemos mudar as pessoas, nem resolver seus problemas, muito menos julgar o que é bom ou não para elas. Elas mesmo vão se adaptar a nós ou ao nosso meio social, intelectual e outros. Podemos apenas direcioná-las, contar um pouco da nossa experiência, tentar ensinar o que é certo ou errado. Mas lembrando que o que pode ser certo para a minha pessoa, não necessariamente é certo para aquela pessoa. Devemos ajudar apenas se formos cogitados e mesmo assim, devemos agir com a maior cautela.
Se nos lembrarmos do ditado popular “cada macaco no seu galho”, podemos pensar apenas em dar uma passadinha no galho do colega para doar um pouquinho do nosso amor e voltar logo para o nosso próprio para não quebrar o de ninguém e acabar estrebuchado no chão!


Christo Nihil Praeponere.
//