// Estar com Deus: julho 2014

domingo, 20 de julho de 2014

Você sabe mesmo o que é Teologia?

A Paz de Jesus!

Estamos novamente aqui para lhe dar uma 
nova visão do que é Teologia e do que é ser teólogo.

Em primeiro lugar, Teologia não é discutir religião, pois, embora seja necessário discutir alguns pontos das religiões não é, necessariamente, uma discussão sobre qual a melhor religião.

Teologia é, principalmente, apresentar os pontos de vistas teológicos das religiões e, consequentemente, relacioná-los com a sociedade onde o teólogo vive, partindo, da pergunta: o que isso contribuiu, contribui ou contribuirá para o melhoramento da sociedade em que vivemos?

Em segundo lugar, ser teólogo não é ser radical ou fundamentalista. Nada disso! Precisa-se colocar lado-a-lado a fé (para compreender Deus e sua justiça perfeita) e a razão (para suportar a fraqueza humana e levá-lo a reconhecer suas fragilidades).

Radicalismo e posicionamento teológico não podem ser confundidos. Enquanto este evidencia nossa opinião e crenças sobre determinados assuntos, aquele não nos permite enxergar o impacto de outras opiniões sobre as nossas.

Nenhuma vertente teológica cristã é um mundo em si mesmo.
Sempre dependerá de outros posicionamentos para uma fundamentação equilibrada.

Em terceiro lugar, ser teólogo não é levantar questionamentos sem aplicação prática para as pessoas, para
a Igreja ou para a sociedade.

Em quarto e último lugar: ser teólogo não é "plagiar" idéias. Além de ilegal é imoral. Isso não é teologia!

É certo que devemos ter como fundamentação teológica a Bíblia, bem como tantos outros teólogos influentes e importantes de tempos passados ou atuais... Mas, não podemos "plagiar" suas idéias... E pior, dizer que a ideia foi nossa. É ilegal e não reflete uma prática teológica cristã e equilibrada.

Ser teólogo e praticar teologia equilibrada é buscar compreender a influência que o divino exerce sobre o homem e a resposta humana mediante o poder dessa influência.

Ou seja, o teólogo levar o homem ao conhecimento das suas necessidades para empreender uma busca constante e um relacionamento sincero com Deus.

Esse trabalho também pode ser realizado no campo político, social, familiar, educacional, sentimental, profissional.

Por exemplo, você sabia que uma das áreas que mais dá visibilidade e retorno financeiro é a ÉTICA? Isso porque vivemos em tempos que a ética tem se tornado escassa.

As empresas estão loucas por profissionais éticos, as igrejas desesperadas por líderes éticos, a sociedade
manifesta seu desejo por políticos éticos, as instituições sociais buscam avidamente por indivíduos éticos...

Não sei se você percebeu o EXTENSO campo que é aberto à exploração de um teólogo. Mas vou lhe adiantar: suas chances de crescer em seu ministério ou sua profissão são MUITO GRANDES.

terça-feira, 15 de julho de 2014

A Excelência da Palavra de Deus

O vocábulo “excelência” expressa aquilo que está em primeiro lugar, o que tem a primazia, o que a tudo supera. A palavra pronunciada por Deus, sempre se coloca numa posição superior a todas e demais palavras. A razão é óbvia, quem pode proferir palavras com maior sabedoria e autoridade do que aquele que criou o universo e tudo o que nele se encontra? A Bíblia é a Palavra de Deus dirigida aos homens.
Ela é, sempre, uma palavra final, soberana e eterna – “Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor; a palavra do Senhor, porém, permanece para sempre” (I Pedro 1.24,25). O que procede de Deus é imutável e permanente, o que se origina no homem é efêmero e precário. Eis um das fortes razões para que a igreja, serva de Deus para servir ao mundo, deve conhecer e viver sob a instrução da Palavra divina.

Deus ao decidir criar o homem e a mulher, anunciou o fato com a sua própria voz – “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. Tudo se origina da palavra que Deus pronuncia. Após criar o primeiro homem, ele “os abençoou e lhes disse...” (Gênesis 1.26), isso atesta que ele busca se comunicar com o ser que criou, falando-lhe. Deus nunca deixou de se dirigir aos homens, pois, ele é o afetuoso Pai que anseia por tê-los como membros da sua família eterna.

A PALAVRA FEITA CARNE

O testemunho que encontramos no livro de Hebreus diz: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a que constituiu herdeiro de todas as cousas, pelo qual também fez o universo” (Hebreus 1.1,2). E o evangelho de João atesta: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” – “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade” (João 1.1,14). Jesus é o Verbo – a Palavra – de Deus por excelência – “Pois o enviado de Deus fala as palavras dele” (João 3.34). Jesus é a Palavra de Deus que é amor, mesmo quando ele profere um julgamento.

Na Bíblia nós encontramos - de Gênesis ao Apocalipse - testemunhos sobre a pessoa e a obra de Jesus. Essas declarações são os pontos mais altos de toda a palavra que veio de Deus, para que o homem conheça o seu propósito eterno de salva-lo, pois, está distante dele. Desde Abel, no Antigo Testamento, até os profetas, encontramos homens e mulheres que “morrem na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe” (Hebreus 11.13); eles creram nas palavras proféticas de Deus, e compreenderam que elas se realizariam com a vinda de seu Filho ao mundo – “Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele [em Jesus] o sim” (II Coríntios 1.20).

O imutável pedido de Jesus a todos que são seus discípulos é: “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (João 15.7). Essa é uma das muitas razões pela qual nós, individualmente, e a igreja, coletivamente, precisamos amar, conhecer e viver a palavra divina.

A PALAVRA E A ORAÇÃO

Assim como Jesus teve que abrir a mente dos discípulos em Emaús para que pudessem entender as Escrituras (Lucas 24.27) e, também, dos demais discípulos reunidos quando lhes apareceu após a ressurreição (Lucas 24.40), ele deseja abrir, hoje, as nossas mentes para que possamos “ouvir” e “crer” mais profundamente. Para que isso ocorra, o estudo, a leitura, o ouvir da Palavra, requerem, de nossa parte, uma atitude de oração. Assim, o Espírito Santo revelará, ao que ora, toda a riqueza que os textos bíblicos contem - “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Romanos 8.16). Nunca o Espírito Santo deixa de revelar a verdade eterna aos que são filhos de Deus e estão atentos para ouvi-lo.

O PROPÓSITO DE PALAVRA DE DEUS

II Timóteo 3.15-17 diz que as sagradas letras “podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus”, e que, “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda a boa obra” - “Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido dadas todas as cousas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo” (II Pedro 1.3,4).

A PALAVRA DE DEUS PRODUZ:

VIDA – I João 6.63 - “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida”.

PRODUZ FÉ – Hebreus 11.3 – “Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das cousas que não aparecem”.

LIMPA – João 15.3 – “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado”.

LUZ - II Pedro 1.19 – “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração”.

ENTENDIMENTO – Salmo 119.105 – “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz, para os meus caminhos”.

FIRME SEGURANÇA – Mateus 7.24,25 – “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha”.

REGENERA – I Pedro 1.23 – “pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas da incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e permanece para sempre”.

A Palavra é eterna – “a palavra do Senhor, porém, permanece para sempre” (I Pedro 1.25).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Friend A Bíblia deve ser o nosso alimento espiritual diário se desejamos ser fortes e vigorosos na fé que professamos. Precisamos ter: decisão para ler a Palavra constantemente; graça para assimilá-la; presteza para reproduzi-la no viver diário e conhecimento para darmos testemunho dela aos outros. Se alguém não possui o necessário entendimento para isso, o útil conselho que a própria Escritura dá é: “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida” (Tiago 1.5).

Não esqueçamos que a Palavra é - (a) leite que nutre – “desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” (I Pedro 2.2); (b) água que limpa – “tendo-a purificado por meio da lavagem e da água pela palavra” (Efésios 5.26); (c) espada para as lutas – “Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Efésios 6.17); (d) mel que deleita – “os juízos do Senhor são verdadeiros e igualmente justos,... são mais doces do que o mel e o destilar dos favos” (Salmo 19.10); (e) fogo e martelo – “Não é a minha palavra fogo, diz o Senhor, e martelo que esmiúça a penha?” (Jeremias 23.29); e, finalmente, “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos” (Salmo 19.7,8). Amém.

Os exemplos gritam mais que as palavras

Amigos, este fragmento de texto retirei de um livro de Augusto Cury Chamado: Ansiedade Como enfrentar  mal do século.
O Livro é um grande sucesso e já vendeu mais de 20 milhoes de exemplares.
O livro nos fala de um novo transtorno chamado SPA (Sindrome do Pensamento Acelerado) Uma doença moderna que está atacando diretamente a humanidade e adoecendo coletivamente desde as ciranças aos adultos.
O Livro nos fala da construção do nosso Eu e das janelas que compões nossas memorias, (killer, neutras e light).
Este pedaço do texto, fala sobre a criação das pesonalidade dos filhos. Vale a pena dar uma lida.
Provavelmente, mais de 90% da influência que os pais exercem no processo de formação da personalidade ds seus filhos, se deve não aquilo que falam, corrigem, apontam, mas àquilo que são, pelos comportamentos que expressam expontaneamente e que são fotografados pelo fenômeno RAM dos filhos. Quando os pais corrigem erros dos seus filhos, forma-se uma janela light solitária, e isso somente se a correção for inteligente. Porém, como vimos, as janelas solitárias não estruturam a personalidade, não formam um núcleo de habitação do Eu. Faz-se necessária uma plataforma de janelas.
Muitos pais perdem o respeito e a capacidade de educar porque não entendem que os comportamentos espontâneos  de seus filhos formarão grande parte dessas plataformas de janelas. Pais que querem ensinar seus filhos a ser pacentes mas eles mesmos são impulsivos, ou ensiná-los a a ser flexíveis quand eles mesmos são engessados e rígidos terão pouco sucesso. O exemplo não é apens uma boa forma de educar; é a mais poderosa e eficiente. O exemplo grita mais do que as palavras.
Um grande executivo conquista a admiração e influencia seus liderados muita mais pelos seus comportamentos do que pelas suas palavras. Quem trais suas palavras com suas ações precisa aumentar o tom de voz e exercer pressão para ser ouvido. É, portanto, um péssimo líder. Devemos ser plantadores de janelas Light para contribuir paraa formação de mentes livres e emoção saudável. 

CORPVS CHRISTI: Novo livro de Dom Athanasius em Português

Por Wendell Mendonça

Publicado inicialmente em italiano pela Livraria do Vaticano, já se encontra em português o novo livro de Dom Athanasius Schneider.



O autor é bispo auxiliar de Santa Maria Santíssima, em Astana (Casaquistão), e um dos bispos que apoiam nosso apostolado. Dom Athanaius escreveu ainda: "DOMINUS Est: Reflexões de um bispo da ásia sobre a Sagrada Comunhão", publicado inicialmente pela Editora do Vaticano e traduzido para diversos idiomas. Publico uma tradução do texto que se encontra na contra-capa do livro:

"A Encarnação de Deus atinge o seu verdadeiro ápice de auto-humilhação e auto esvaziamento no Mistério da Eucaristia. Neste sacramento o mistério do “Deus conosco” se revela de modo insuperável, com todas as consequências do incomensurável amor de Deus.

Cristo não é somente o “Deus conosco”, Ele é o Deus que na pequena Hóstia Consagrada se entrega de modo incondicional nas mãos dos homens, renunciado a sua própria defesa. Jesus Eucarístico na Hóstia Consagrada é verdadeiramente o mais pobre e o mais indefeso na Igreja, e isto acontece em primeiro lugar durante a distribuição da Comunhão.Durante a distribuição da Comunhão se constata nos nossos dias o fenômeno de uma surpreendente falta de sensibilidade e de cuidado diante de todas as exigências concretas da presença real e substancial do Deus Encarnado na pequena Hóstia Consagrada. Os necessários atos exteriores de adoração, de sacralidade e respeito no trato com a Hóstia Consagrada são geralmente reduzidos ao mínimo. O modo exterior de tratar a Hóstia com gestos de adoração conduzem a uma fé na Encarnação e na Transubstanciação eucarística.

A Eucaristia é o verdadeiro coração da vida da Igreja. Se o culto concreto ao Deus Eucaristia se torna objetivamente reduzido, o coração da vida da Igreja estará ferido. Para curar o coração da vida da Igreja nos nossos dias é necessário recuperar o modo de tratar Jesus Eucarístico na Hóstia Consagrada – ainda no seu menor fragmento, que não é nada menos que Nosso Senhor mesmo."

Dom Athanasius foi durante muitos anos professor de Patrística no Institutum Sapientiae, aqui no Brasil.


Maiores informações: http://www.salvemaliturgia.com/

sábado, 5 de julho de 2014

Primeiro e segundo mandamentos (Mc 12,28-34)

Jesus de Nazaré pertencia ao povo judeu. Ou seja: “Sua autocompreensão religiosa, sua ancoragem social [...] e sua restrição geográfica” são ligadas à sociedade judaica nas terras de Israel, nas primeiras décadas do século I.[1]

Ao imaginar o cotidiano do povo judeu na época de Jesus, surge como elemento característico uma vida influenciada pela Lei. E isso vale para todos os grupos de judeus, inclusive Jesus. Por mais que existam interesses práticos e compreensões diferentes, é em torno da Lei que giram, em geral, as discussões.[2]

A Lei é, em primeiro lugar, a Torá, fixada por escrito nos cinco livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Ao termo hebraico Torá – que significa, literalmente, ensino ou instrução –, são equivalentes as expressões Pentateuco – palavra grega que indica os cinco rolos/livros da Torá – e Lei (do Sinai) ou Torá/Lei de Moisés.[3] Em vista do conjunto da Torá, importa sublinhar o seguinte aspecto: “História e lei são, de forma indissolúvel, interligadas e constituem, juntamente, a primeira parte da Bíblia, a Torá de Moisés, o Pentateuco. Sem história não há lei, não há Torá, pois os mandamentos de Javé na Torá encontram-se justificados pela história, ou seja, pelas ações salvíficas de Javé, especialmente, pela salvação de Israel por Javé da escravidão no Egito e pela dádiva da terra”.[4]

Neste sentido, basta lembrar o fato de a metade dos textos no Pentateuco ser narrativas que contam a história da salvação. A outra metade, por sua vez, é formada por tradições jurídicas, ou seja, leis.

O texto da Torá chegou a sua redação final no início do quarto século antes de Cristo.[5] Contudo, o processo de elaboração das tradições contidas no Pentateuco ocupou muitos séculos, sendo que o mundo narrado, ou seja, o contexto histórico pressuposto nas narrativas dos patriarcas e do êxodo, pertence aos séculos XIX a XII a.C.

No mais, observa-se, na parte das tradições jurídicas, a elaboração de vários conjuntos de leis durante os séculos X a V a.C., no sentido de que o Pentateuco, em sua forma final, ainda apresenta complexos processos legislativos, dos quais fizeram parte diversas reformas jurídicas.

Além disso, a Torá agregou a si mesma, com o tempo, os Profetas e os demais Escritos, que formam a segunda e terceira partes na Bíblia hebraica. Já em torno de 190 a.C., atesta-se a divisão das Sagradas Escrituras do povo judeu em três partes (cf. Eclo 38,34–39,1). Contudo, Profetas e Escritos revelam-se como que centrados na Torá. Querem “manter em aberto o potencial de sentido” presente no Pentateuco, o qual ocupa o preeminente primeiro lugar.[6]

Com a Torá escrita, nasceu ainda na história do povo judeu a chamada Torá oral. Trata-se daquelas tradições que se propõem a interpretar a Torá escrita. Em sua época, Jesus participou de forma significativa desse processo. Afinal, “quem queria organizar toda a sua vida de acordo com a vontade de Deus, precisava ir, em muitas questões, além da vontade de Deus expressa na Escritura”, por causa da necessária adaptação do conteúdo das antigas leis às novas circunstâncias.[7] No decorrer da história, a Torá oral também foi fixada por escrito.

Observando tais processos, nascem as seguintes questões: até que ponto Jesus se manteve fiel à Lei antiga? Ou será que adotou uma postura marcada pela oposição às tradições mosaicas, ensinadas pelos sacerdotes e escribas? Enfim, como Jesus compreendeu, de forma mais exata, o conjunto das tradições jurídicas contidas na Torá, comumente visto como patrimônio religioso-cultural de maior importância entre seu povo?

Em vista destas perguntas, proponho-me a interpretar, neste pequeno livro, a narrativa presente em Mc 12,28-34. Nela, Jesus é convidado a destacar, dentro da Lei de Israel, o primeiro mandamento de todos. Surge, a meu ver, uma resposta capaz de revelar o sentido de toda a Lei e, com isso, de toda a religião do Antigo Israel, assim como uma visão clara da fé do próprio Jesus.

* Este texto faz parte da Introdução da obra de Matthias GRENZER: Primeiro e segundo mandamentos (Mc 12,28-34), da Ed. Paulinas.

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[1] Ekkehard W. STEGEMANN & Wolfgang STEGEMANN, Urchristliche Sozialgeschichte, p. 99.

[2] Cf. Ingo BROER, Jesus und die Tora, p. 222.

[3] Ver: Jean Louis SKA. Introdução à leitura do Pentateuco, pp. 15-17.

[4] Ansgar MOENIKES. Der sozial-egalitäre Impetus der Bibel Jesu und das Liebesgebot als Quintessenz der Tora, p. 120.

[5] Cf. Erich ZENGER et al. Einleitung in das Alte Testament, p. 128.

[6] Igual lógica vale também para a Bíblia cristã, a qual segue, na parte do Antigo Testamento, as antigas traduções da Bíblia hebraica para o grego e o latim, com a opção delas por uma subdivisão em quatro partes: Pentateuco,Livros Históricos, Livros Sapienciais e Profetas. O Pentateuco continua a ocupar a primeira posição. Tal realidade mantém-se quando o olhar recai sobre a Bíblia cristã como um todo, ou seja, o conjunto formado por Antigo e Novo Testamento. Enfim, todos os escritos bíblicos após o Pentateuco desenvolvem sua reflexão à luz deste último. Ou seja: a Torá possui uma “pré-posição constante” (Erich ZENGER. Der Pentateuch als Tora und Kanon, pp. 5-6).

[7] Ingo BROER. Jesus und die Tora, p. 221.
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