// Estar com Deus: dezembro 2010

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O MAL EXISTE MESMO ?

Um professor ateu desafiou seus alunos com esta pergunta :
 - Deus fez tudo que existe?
 Um estudante respondeu corajosamente :
 - Sim, fez!
 - Deus fez tudo, mesmo?
 - Sim, professor - respondeu o jovem.
 O professor replicou:
 - Se Deus fez todas as coisas, então Deus fez o mal, pois o mal existe, e considerando-se que nossas ações são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau.
 - O estudante calou-se diante de tal resposta e o professor, feliz, se vangloriava de haver provado uma vez mais que a Fé era um mito.

 Outro estudante levantou sua mão e disse:

 - Posso lhe fazer uma pergunta, professor?
 - Sem dúvida. Respondeu-lhe o professor.
 O jovem ficou de pé e perguntou:

 - Professor, o frio existe?
 - Mas que pergunta é essa? Claro que existe, você por acaso nunca sentiu frio?
 O rapaz respondeu:
 - Na verdade, professor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é ausência de calor. Todo corpo ou objeto pode ser estudado quando tem ou transmite energia, mas é o calor e não o frio que faz com que tal corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Criamos esse termo para descrever como nos sentimos quando nos falta o calor.

 - E a escuridão, existe? - continuou o estudante.
 O professor respondeu :
 - Mas é claro que sim.
 O estudante respondeu :

 - Novamente o senhor se engana, a escuridão tampouco existe. A escuridão é na verdade a ausência de luz. Podemos
estudar a luz, mas a escuridão não. O prisma de Newton decompõe a luz branca nas varias cores de que se compõe, com seus diferentes comprimentos de onda. A escuridão não. Um simples raio de luz rasga as trevas e ilumina a superfície que a luz toca.
 Como se faz para determinar quão escuro está um determinado local do espaço? Apenas com base na quantidade de luz presente nesse local, não é mesmo?

 Escuridão é um termo que o homem criou para descrever o que acontece quando não há luz presente.

 Finalmente, o jovem estudante perguntou ao professor :

 - Diga, professor, o mal existe?
 - Ele respondeu :
 - Claro que existe. Como eu disse no início da aula, vemos roubos, crimes e violência diariamente em todas as partes do mundo, essas coisas são o mal.

 Então o estudante respondeu :

 - O mal não existe, professor, ou ao menos não existe por si só. O mal é simplesmente a ausência de Deus. É, como nos casos anteriores, um termo que o homem criou para descrever essa ausência de Deus. Deus não criou o mal.
 Não é como a Fé ou o Amor, que existem como existe a Luz e o Calor. O mal resulta de que a humanidade não tenha Deus presente em seus corações. É como o frio que surge quando não há calor, ou a escuridão que acontece quando não há luz."

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Para 2011 - A Barreira

A barreira.

Porque?
Porque nós seres humanos temos que gerar barreiras?
Porque temos que ter em nossas mentes que devemos nos proteger de tudo e de todos?
Porque tentamos sempre impor nossas idéias, pressionarmos o que achamos de correto e questionarmos o que pensamos ser errado em relação a nós mesmos?
Porque não aceitarmos nossas fraquezas, nossos erros?
Porque não pensarmos mais fortes, mais maduros?
Porque não conseguimos captar as idéias do nosso próximo, porque temos que achar que sempre somos corretos?
Gloria a Deus pelas pessoas que conseguem aos poucos mudar este sentimento.
Gloria a Deus pelas pessoas que conseguem ensinar a outras pessoas a maneira correta de se pensar.
Todos nos somos importantes para Deus, todos nos temos um potencial, algo de bom existe dentro de nós, precisamos somente achar isto, explorar este poder interior que habita em nossa alma, em nosso ser.
Deus nos fez pessoas importantes, cada qual com seu dom, sua habilidade.
Como posso eu culpar uma pessoa somente pelo fato de ela possuir um vocabulário diferente do meu, ou costumes que não se assemelham a mim.
Como posso julgar alguém, pelos seus atos.
Albert Eisten foi um brilhante gênio, porem todos pensavam que era um louco, seus começos nos estudos foram um fracasso, e poucos acreditavam nele.
Grandes descobertas como a aspirina, o mundo ser redondo, vieram de grandes pensadores que flutuavam em seus pensamentos, e acreditavam naquilo que poderia ser a verdade para eles.
Ah, porque as pessoas querem ser dominadoras, famintas pela sua razão, pelas suas idéias, pela sua ganância.
E o Maldito respeito, onde fica ele?
Existe uma regra em nossa sociedade a qual ministra que o direito de um cidadão termina onde começa o de outro, mas que espaço é este? Que dimensão é esta? Qual o simbolismo empregado nisto?  Que tipo de filosofia devemos adotar? As das regras criadas pelo homem, ou o nosso pensamento, que divaga e nos gera consciência do que é certo e do que é errado.
Possuímos o livre arbítrio, possuímos o poder de pensar sem que ninguém interfira nisto, então porque não pensarmos a coisa certa, claro, devemos criar regras pára que nos não extrapolemos em nosso pensamento e possamos fugir de uma realidade a qual não poderíamos ter controle, sempre devemos ter limites, limites para o obvio, para o social, para o convívio, mas o resto. O resto é apenas divagação, pensamento livre que viaja sobre o tempo e lugar, sobre o que é fixo e o que é infinito, sobre o que é a realidade.
Maravilhoso é quando descobrimos que somos importantes, que nossas idéias fluem para o positivo, que podemos construir algo, que podemos auxiliar alguém.
Devemos nos preocupar com o próximo. Como podemos verificar se alguém esta sofrendo, se alguém esta precisando de algo, se não conseguimos discernir a idéia básica do respeito, o limite em nosso próprio eu, de sentirmos as mesmas coisas, isto parece obvio, aquilo que não concebo a mim, com certeza não deveria passar ao meu próximo.
Esta barreira deve ser quebrada, devemos nos conscientizar que somente o pensamento puro, a troca de idéias, a verdade, é a grande arma para quebrar qualquer grilhão que nos cerca, somente assim destruiremos  preconceitos, predestinações, pensamentos inaptos sobre o nosso ser semelhante e a nós próprios.
Ah, quando quebraremos esta barreira!

sábado, 25 de dezembro de 2010

E se a Bíblia for realmente verdadeira?

Evidências da encarnação de Jesus

David Limbaugh

Gostaria de desafiar você a considerar que a “boa notícia” que celebramos durante a época do Natal é realmente verdadeira.
Você pode escolher crer que a Bíblia é meramente um livro de fábulas com lições morais bacanas, mas há mais abundantes e exatas evidências de manuscritos em apoio ao Novo Testamento do que a qualquer outro livro da antiguidade. Além disso, o número de testemunhas da vida, morte e ressurreição de Cristo, assim como a natureza do testemunho delas, é forte prova da confiabilidade dos relatos da Bíblia, assim como são também as corroboradoras provas arqueológicas e testemunho secular.
Aliás, os escritores do Novo Testamento tinham todo motivo secular para negar que a ressurreição tivesse ocorrido. Por que eles inventariam e apoiariam uma história que os levaria a ser surrados, torturados e mortos?
Portanto, na próxima vez que você ler a Bíblia, considere que você está lendo a inspirada Palavra de Deus e que Jesus realmente disse e fez o que a Bíblia relata, começando com as afirmações dEle sobre Sua própria divindade:
Ele disse: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai… Quem me vê a mim vê o Pai” (João 14:6-9). Ele também disse: “Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou” (João 8:58). Aqui, Jesus afirmou não só ter existido antes de Abraão, mas também que sua pré-existência é eterna. O que é mais importante é que “EU SOU” é um dos nomes de Deus. Além disso, Ele se identificou como o Deus do Antigo Testamento ao proclamar “Eu sou a luz do mundo” (O Salmo 27:1 diz: “O SENHOR é a minha luz e a minha salvação”) e “Eu sou o bom pastor”. (O Salmo 23:1 diz: “O SENHOR é o meu pastor”.) Ao responder ao supremo sacerdote quanto à Sua deidade, Jesus disse: “Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do céu” (Marcos 14:62).
Jesus também cumpriu as profecias do Antigo Testamento acerca do Messias: Ele nasceu de uma virgem, em Belém, na linhagem de Abraão e Davi; Ele foi rejeitado por Seu próprio povo; Suas mãos, pés e lado foram furados, mas nenhum osso foi quebrado; e Ele ressuscitou dos mortos e subiu ao céu.
Jesus afirmou ter autoridade para perdoar pecados. Ele disse ao homem paralítico: “Para que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados”. Ele disse que Ele é o juiz da humanidade (João 5:25-29).
Jesus atribuiu para si uma honra que só Deus merece (Isaías 42:8), quando Ele disse: “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.” (João 17:5) e “Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai” (João 5:23). Jesus nos convidou a orar no nome dEle: “E tudo quanto pedirdes em meu nome” (João 14:13). Ele aceitou que outros O adorassem (Mateus 8:2, 14:33, 15:25, 20:20, 28:17), embora o Antigo Testamento claramente proíba adoração a qualquer pessoa, a não ser Deus (Êxodo 20:1-4; Deuteronômio 5:6-9). Até mesmo os anjos se recusam a receber adoração (Apocalipse 22:8,9).
Jesus disse que Ele nos daria coisas que só Deus pode dar. “Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer” (João 5:21).
Jesus não nos orientou apenas a seguir Seus ensinos, mas também a seguir a Ele (Mateus 10:38).
Jesus realizou muitos milagres, e o maior deles foi Sua ressurreição, que Ele predisse (João 2:19, 21) e foi testemunhada por todos os escritores dos quatro Evangelhos e, entre outros, por Paulo, que disse que Jesus foi visto por mais de 500 testemunhas oculares, a maioria das quais ainda estava viva e poderiam refutá-lo se não fosse verdade (1 Coríntios 15:4).
Os Apóstolos dEle também afirmaram que Ele era Deus: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (João 1:1); Jesus é o “primeiro e o último” (Apocalipse 1:17, 2:8, 22:13); e “Porque um menino nos nasceu… e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6).
Jesus, que afirmou e provou ser Deus, defendeu a autoridade divina do Antigo Testamento (Mateus 5:17-18) e prometeu que o Espírito Santo inspiraria as revelações do Novo Testamento (João 14:26, 16:13). Os escritores do Novo Testamento também deram testemunho de que toda a Escritura foi inspirada por Deus (2 Timóteo 3:16).
A partir do momento em que concluímos que a Bíblia é a Palavra de Deus, teremos prazer nas Escrituras (Salmo 119:92) e, conforme descreveu certo escritor, adquiriremos “aquele grande sentimento de que estamos vivendo na esfera da segurança eterna”.
É real segurança eternal, pois Cristo morreu para que, por meio do nosso arrependimento e confiança nEle, possamos viver. Ora, esse é o verdadeiro significado do Natal e é a melhor notícia que já houve.
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com

Fonte: WND

Divulgação: www.juliosevero.com

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Sem palavras, simplesmente Lindo

Pessoal boa tarde.
Não vou escrever muito, apenas deixo aqui agora este vídeo para voces.
Paz Na terra aos homens de Boa Vontade.
Que Deus Abençoe a todos.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

TOKONOMA

Eu vim a este mundo para um julgamento, afim de que aqueles que não viam vejam, e aqueles que viam se tornem cegos (Jo 9,39)

Nas casas tradicionais do Japão, existe um lugar sagrado, especial. Em geral, ele fica na sala, onde são recebidas as visitas. Trata-se de um alvéolo, de um canto ou nicho, destinado a acolher o que a família possui de mais precioso: obras de arte, antigas armaduras de samurais, objetos exóticos, bonsais, estampas, estátuas, quadros... É o tokonoma. Mas, ao contrário do que imaginaríamos no Ocidente, o verdadeiro tokonoma é fechado por uma cortina de seda impenetrável, que nunca é aberta. Assim o essencial fica invisível aos olhos.

As visitas chegam, são recebidas com pompa e cortesia. Conduzidas diante do tokonoma, contemplam, sonham e deixam até, escapar alguma emoção, diante do tesouro que não se vê.

Ninguém retira a cortina para os hóspedes. A eles é oferecida uma das coisas mais expressivas que possa parecer: uma ausência. Ou mais exatamente, como diz meu caríssimo amigo Gilles Lapouge, com quem tenho percorrido esses décalos do invisível trata-se de uma presença manifestada por uma ausência. As obras de arte estão ali, abrigada pela seda, mas ficam para sempre desconhecidas, impenetráveis, inimagináveis.

Dizem que alguns tokonomas são pura invenção do dono da casa. Diante das visitas, ele faz todo um teatro de palavrório, reverências e sinais de espanto face à cortina de seda, quando na realidade, por detrás, não há nada. O alvéolo estaria desabitado. Alguns talvez se indignem com esta atitude considerada uma hipocrisia. Mas é um gigantesco engano. O mais fantástico dos tokonomas é o tokonoma vazio. Não há nenhuma malandragem ou prática enganosa nesse tipo de atitude, por parte de um verdadeiro anfitrião. Pelo contrário, quanto menos o objeto existe mais ele é. De ser pura ausência, ele satura tudo de uma presença absoluta. Por ser nada, ele soma tudo.

Isso choca-se de frente com roda a tradição Ocidental de exibir suas conquistas e maravilhas em museus, salões de arte, exposições ou páginas de internet. Ou, como nas mansões, nos carros e nas coleções individuais dos "emergentes", forma renovada de designar os parvenus ou nouveaux riches. Esses empórios de fausto e da conquista armazenam e exibem. Como as jóias penduradas nos pescoços das visitantes, presentes para verem e serem vistas, em sua grotesca materialidade. Algo parecido ocorre com a pantagruélica festa de consumo materialista que abocanha, a cada final de ano, o sentido profundo do Natal, e a qual conseguimos sobreviver, mais uma vez. Talvez por isso o verdadeiro Natal se torne mais presente e necessário na ausência neopagã dos presentes bem empacotados.

Enquanto o Japão fala que o real é invisível, ausente, intocável, inimaginável, leve e clandestino, nessas ocasiões e locais, O Ocidente pretende o contrário. Ele aponta a beleza de algo a ser acumulado, conquistado, comido, engolido e digerido, também com os olhos. Para nós, em nosso raciocínio simples e tosco, o que não está não existe. Gostamos de materialidade, cores, volumes, luzes, coisas bem pesadas, brilhantes, que valem o quanto pesam e que o dinheiro pode comprar. De alguma forma, recusamos que a beleza seja invisível.

Mas existe uma exceção gloriosa na história do Ocidente. Um dos objetos mais nobres de toda sua história e que nós nos preparamos para festejar em 2001; em Campinas: a hóstia consagrada, a carne sofredora de Deus. Ela segue a lei dos tokonomas japoneses. Reside no fundo de um tabernáculo, onde ninguém pode vê-la ou tocá-la. Em sua noite de Transcendência, ela responde às nossas Trevas de imanência. E, por isso, inclinamos as cabeças e fechamos os olhos no momento de sua elevação no altar. Sua luz cósmica, infinita e fulgurante nos cegaria. Muito além da fonte da missão e da vida solidária, das torres de Babel ilusórias que nossa pretensa solidariedade humana tenta recriar um tomo da ceia do Senhor, a beleza eucarística transborda do vazio, de um lugar que nunca poderá ser ocupado. A não ser pelo infinito, pois a beleza excede todo e qualquer objeto, ultrapassa qualquer forma, Sua ausência também cega os homens.

Quem experimenta, sabe. E o que dizem todos os místicos. No Carmelo de São Geraldo, as monjas carmelitas contemplativas transbordam de vida, na experiência do Vazio. Diante de uma placa de bronze, perdida em meio à relva de um cemitério, uma amiga, como tantos outros, contempla o esplendor do seu tokonoma, neste início de 2000. Quem reserva em sua vida um lugar para o Mistério, vive no extraordinário. Fora do delírio da onipotência ou da ilusão da onisciência. Dentro da poética convivência dos viventes. E disso nós temos provas, cotidianas, na riqueza dos caminhos indecifráveis de nossas vidas e de nossa igreja.


Evaristo Eduardo de Miranda.

CÂNON

Coisas interessantes que deveriamos saber sobre o CÂNON, escritura sagrada que todos conhecemos.

1) Quanto se define um cânon judaico.

É proposto que o cânon palestinense teria sido estabelecido em Jâmnia por volta dos 90-100 d. C. no período de Gamaliel II e Eleazar bem Azariah (80-117 d. C.), embora não há provas de que ali tenha se constituído uma lista definitiva, pois, não se conhece os livros que teriam sido excluídos em Jâmnia.
Oscilação do cânon entre os cristãos antes de Trento: Igreja Primitiva, Padres, Jerônimo, Concílios.
Os escritos do novo testamento mencionam a Lei, os Profetas e os Salmos, tem várias alusões aos deuterocanônicos e poucas ou nenhuma de alguns livros canônicos, além de algumas citações de apócrifos. A maioria das citações do período neotestametário eram oriundas da versão LXX, 300 de 350 mais precisamente, embora esta também reflete a ausência de um Cânon, os cristãos não tinham portanto diretrizes precisas sobre um cânon naquele período. Os Padres eram bastante familiarizados com os livros deuterocanônicos e também com algumas citações apócrifas como do livro de Henoc, depois da fixação do cânon pelos judeus a repercussão entre os cristãos será de ir em sentido contrário, nestas controvérsias afirmar-se-á a manutenção da LXX como integrante da Escritura.
Nos concílios de Hipona (393) e Cartago (397), a Igreja ocidental aceitou no cânon os livros deuterocanônicos rejeitados pelos judeus, as posições são oscilantes entre os concílios e sínodos até Florença (1441) aceitar o cânon mais amplo da Escritura, embora não se apresente como um cânon solene e normativo.

2) Cânon no século IV e V: unidade e variação.

Embora os Concílios de Cartago e Hipona tenham aceito os livros deuterocanônicos rejeitados pelos hebreus, alguns padres orientais e ocidentais optaram pelo cânon estabelecido pelos judeus como Atanásio, Cirilo de Jerusalém, Gregório Nazianzo, Rufino.

3) Critérios Utilizados para definir o Cânon no Concílio de Trento e no Concílio Vaticano II.

Somente Trento em 1946 definiu o cânon mais amplo do AT, sob os critérios da leitura litúrgica dos livros pela comunidade cristã e sua presença na versão Vulgata. A Igreja baseou-se no uso mais comum e universal dos livros pelos cristãos na história do cristianismo. O Vaticano II segue a linha do Vaticano I na manutenção do cânon estabelecido por Trento, identifica na Tradição o critério definitivo para a definição do cânon, utilizando três critérios: a inspiração pelo Espírito Santo, Deus por autor e os livros confiados por Deus à própria Igreja, a Tradição.

4) Lista do NT segundo Lutero: “verdadeiros, seguros, mais importantes dos livros do NT”, critérios utilizados por ele e posição de K. Barth.

Lutero apelava para o testemunho dado pela Escritura em Cristo e sua obra redentora, e com esta base distinguia diversos graus de autoridade entre os livros sagrados do NT. K. Barth afirma que a fixação do cânon, como regra de fé, é obra da Igreja por volta dos anos 400. Para os luteranos ouve uma contaminação do Evangelho puro pelos escritos mais recentes. Dever-se-ia encontrar dentro do NT, no cânon atual a “pureza do Evangelho”.

5) Distinção entre Sagrada Escritura e Tradição.
A teologia católica apresenta duas posições que vão um pouco além dos critérios de Trento:
P. Grelot – afirma que a constituição do cânon foi o primeiro ato solene do magistério da Igreja pós-apostólica, com relação ao depósito da Revelação que ela é chamada a guardar e conservar, isto significa não diminuí-la, nem modificá-la, nem ampliá-la, pois, de acordo com Grelot foi o mesmo Espírito que inspirou os autores sagrados e os apóstolos, bem como, assistiu a Igreja em sua infalibilidade na conservação e integridade do depósito da Revelação.
K. Rahner – para ele as Escrituras nascem como uma genuína auto-representação da Igreja apostólica, e somente elas, são por isso mesmo inspiradas e canônicas, ainda que o definitivo reconhecimento explícito de sua inspiração e canonicidade se verifique apenas mais tarde.

6) Diferença entre livro inspirado e livro canônico.

No novo testamento um texto é considerado canônico, portanto, pertencente à Sagrada Escritura quando deriva de um apóstolo exprimindo seu carisma e ministério com caráter normativo aos que se destina. Se alguns destes textos não foram ainda encontrados, seguindo os critérios de Trento, eles não podem integrar a Sagrada Escritura, pois, embora inspirados e, portanto, pertencentes à Tradição da Igreja não acrescentam nada de novo à Revelação já inspirada na Sagrada Escritura. Assim, toda a Sagrada pertence à Tradição da Igreja, pois, é oriunda do modus vivendi do povo cristão, mas nem tudo o que é Tradição nos tempos bíblicos pertence ao cânon das Escrituras.

7) A LXX é inspirada: segundo qual critério?

A LXX tornou-se a “Bíblia cristã em oposição a Bíblia hebraica nos primeiros séculos e teve sua inspiração afirmada por Justino, Irineu, Clemente Alexandrino, Cirilo de Jerusalém e Agostinho. No Oriente sua inspiração é afirmada até hoje. No Ocidente, embora seja a fonte da Vertus Latina, sua inspiração foi questionada, sobretudo, no século XX, autores como Benoit, Grelot e Le Déaut afirmam sua inspiração, Shökel opta pela canonicidade das partes citadas no NT, já Valério Mannucci diz que o problema é antes de tudo uma questão de crítica textual que deve ser resolvido por esta ciência em específico. Embora vale lembrar sempre que LXX não é uma mera tradução, mas revela uma evolução na interpretação dos textos hebraicos, o que remete a um questionamento se não haveria aí uma evolução da própria Revelação.

8) As Questões do Protocatolicismo no NT e do “Cânon no Cânon”

O termo foi cunhado pelo luterano Harnack, e designa os estágios iniciais do sacramentalismo e da hierarquia, dos ministros ordenados e do dogma, ou seja, o início das características do cristianismo católico. Para a Reforma o catolicismo havia tomado corpo apenas na Idade Média, mas Bultmann afirma no século XX que sua origem remonta já ao NT, que haveria na descrição da organização da Igreja nas cartas pastorais e nos AT uma organização tipicamente protocatólica.
Segundo os luteranos ouve uma contaminação do “Evangelho puro” pelos escritos mais recentes, o que implica na necessidade de reencontrar dentro do cânon atual, a “pureza evangélica”, neste aspecto as opiniões são diversificadas e a decisão fica remetida aos critérios marcados pelo subjetivismo da Reforma.

VERDADE DA BÍBLIA.

1) Por que verdade e não inerrância bíblica?

A terminologia inerrância é pré-conciliar e se refere a uma forma de compreender o texto bíblico como sendo um “ditado de Deus” e, portanto, isento de qualquer tipo de erro. Entretanto, as incoerências e erros são vários nos textos bíblicos, mas não é na “letra dos textos” que está a verdade da Bíblia e sim, na Palavra de Deus que pela inspiração fala nas palavras humanas.

2) A verdade Bíblica em S. Justino, Sto. Agostinho e S. Tomás de Aquino.

S. Justino – não concebia que as Escrituras pudessem opor-se entre si, preferia confessar que não as compreendia do que admitir uma possível contradição, ele procurava persuadir a todos que não era possível uma contradição na Bíblia.
S. Agostinho – da mesma forma concebia que nas Escrituras não havia nada contrário a verdade de Deus. Para ele Deus queria antes de tudo cristãos e não cientistas, Deus falava pelos autores sagrados e não quis ensinar nada aos homens que não fosse para sua salvação.
S. Tomás – para ele a verdade da Escritura é uma questão de direito, pois, deriva do conhecimento profético dos autores que foram beneficiados, o dado da fé da verdade na Escritura deve ser objeto de exame crítico, ou seja, quando a Escritura permitir interpretações diversas, a razão deve mostrar o caminho a ser seguido.

Devido a ausência de conhecimentos científicos mais elaborados, os padres recorriam geralmente à interpretação alegórica da Bíblia.

3) Verdade Bíblica nas encíclicas Providentissimus Deus, Divino Afflante Spiritu e no Concílio Vaticano II.

Providentissimus Deus – a inspiração divina é incomparável com qualquer erro, é totalmente ilícito conceder que a inspiração se restrinja a algumas partes da Escritura ou mesmo que um autor sagrado tenha errado.
Divino Afflante Spiritu – repete a mesma perspectiva, contudo, dá um passo além admitindo que quando há algum tipo de inexatidão ou erro histórico na Escritura deve-se aos modos usuais e nativos de dizer e narrar que os antigos costumavam usar em sua convivência humana. Ela admite pela primeira vez uma variedade no gênero literário histórico e convida os exegetas a um amplo e correto uso dos gêneros literários para resolver o problema da variedade bíblica nas narrações históricas.
Concílio Vaticano II – o número 11 da constituição Dei Verbum, afirma que tudo o que é afirmado pelos autores bíblicos e hagiógrafos se deve ter como afirmado pelo Espírito Santo. Em contraponto a tradição pré-conciliar, o Vaticano II concebe a verdade da Bíblia como “verdade de Salvação”, ou seja, Deus se revela nas Escrituras em vista da nossa salvação, este é o princípio formal segundo o qual se deve julgar o que Deus quer comunicar e o que o hagiógrafo quis exprimir.

4) Objeto formal da revelação e da verdade Bíblica (P. Grelot), os gêneros literários, o progresso da Revelação e a verdade das afirmações bíblicas: ponto de vista moral e ponto de vista dogmático.

Segundo Grelot, quanto a metafísica a Bíblia não tem nada a dizer, pois, não pretende emitir uma explicação racional das coisas, apenas ratifica os dados racionais obscurecidos relacionando-os com o desígnio salvífico. Do mesmo modo, a Bíblia não trás instruções sobre a realidade física das coisas. Já no âmbito histórico os autores bíblicos experimentam a história como um “mistério”, consideram os acontecimentos históricos sob o ponto de vista da relação do homem com Deus, como atos de Deus no tempo. Isto porque a Revelação nas Escrituras não se apresenta na forma de verdades abstratas, mas como um fato histórico encarnado, Cristo.
De acordo com a Divino Afflante Spiritu, o exegeta deve através dos gêneros literários, buscar o sentido que o hagiógrafo segundo as condições de seu tempo e sua cultura pretendeu exprimir em seu texto usando gêneros literários próprios.
Ponto de vista dogmático – uma vez que nenhum texto do AT apresenta uma doutrina dogmática elaborada e completa, é necessário relê-los a partir de Cristo.
Ponto de vista moral – a revelação da lei de perfeição só veio com Cristo e o Espírito Santo. Contudo, o antigo testamento apresenta o relato de alguns problemas morais concretos como: o costume de herém do interdito sobre as cidades inimigas de Israel (Js 6-8; 10,28; 11,20), a matança do monte Carmelo (1Rs 18) e a discussão em torno da lei de talião superada somente por Jesus Cristo que revela um Deus que é amor, cuja ação é a misericórdia, e a justiça definitiva acontece apenas no Reino escatológico.

INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA.

Aqui estão algumas perguntas relacionadas a Inspiração da Bíblia para os Leitores.
Boa Leitura.

1) O Espírito de Deus na inspiração e suas formas.
O Espírito Santo é uma ação real de Deus presente na história, porém, invisível aos olhos do homem, o Espírito é a entrada de Deus na história que faz o povo reencontrar a esperança, reviver, voltar a sua base, Ele torna o homem capaz de ser, agir e falar de uma novidade absoluta. É o Espírito que “pairou sobre as águas” no Gênesis (Gn 1, 2), que soprou na libertação do povo (Ex 15, 10), que soprou em pentecostes (At 2) e edificou a Igreja em uma comunhão de fé e de amor, abrindo o mundo à Salvação. A inspiração se refere a um Espírito que é a presença e ação de Deus, que permeia todo o mundo da história e da revelação bíblico-cristã, agindo em eventos e palavras. O Espírito “faz agir” conduzindo Moisés a tirar o povo do deserto e “faz falar” (Ez 11, 5), na inspiração dos profetas. O Espírito guia a ação missionária como em (At 8, 29-39) e estabelece pastores para a Igreja de Cristo (At 21-28). Os eventos e as palavras em que o Espírito de Deus se revela estão intimamente ligados e reunidos na Revelação bíblica. Na Sagrada Escritura se dá a íntima relação entre o Espírito de Deus e a Palavra de Deus.

2) Comentar a inspiração segundo: 2Pe 1,16-21 e 2Tm 3,14-17.
A inspiração divina do Espírito, em ambos os textos, apresenta-se como estando presente na história de um homem, ou seja, do autor textual. Ambos os textos deixam que a Palavra pronunciada na Escritura, é de “conteúdo” divino, ou seja, inspirado, contudo, sua “forma” histórica é a linguagem humana. Pedro deixa claro que foram “os homens que falaram da parte de Deus”, embora a profecia narrada seja de “conteúdo divino”. A inspiração (presença) do Espírito de Deus na Escritura encontra-se “mergulhada” na história humana, fala e age em seus elementos, na sua tradição, como nos fala Timóteo: “permanece firme naquilo que aprendeste e de que estás convencido”. A inspiração do Espírito Santo não pode, portanto, ser apreendida em “estado puro”, em si, mas somente ser pela fé percebida e sentida nas palavras e nas ações da comunidade de fé, da qual e para qual o texto bíblico é narração. Na Bíblia, as palavras humanas contém a Palavra de Deus, e é somente por elas e nelas que Ele se manifesta.

3) A inspiração segundo o Concílio Vaticano II: autor divino e humano, instrumento humano.
O Concílio Vaticano II trás esta questão na Dei Verbum, nela conserva a categoria de autor aplicada a Deus e a idéia de instrumentalidade aos autores sagrados. Contudo, não chama aos hagiógrafos de instrumentos, mas de verdadeiros autores. Assim, segundo o Concílio a inspiração não elimina nem substitui a plena, livre e consciente atividade do autor humano, o que derruba definitivamente a perspectiva que entendia a Sagrada Escritura como um “ditado de Deus” ao autor inspirado.

4) Inspiração do autor ou da obra?
Os livros da Bíblia não foram escritos por uma anônima coletividade, mas por indivíduos que integravam uma comunidade de fé. O autor bíblico é condicionado pela força social da língua de sua comunidade, ele adapta-se às necessidades desta comunidade, age sobre ela, e reflete em seu texto o “sensus fidei” da comunidade. Para Schökel, deve haver um equilíbrio entre os escritores sagrados e a obra literária, é preciso cuidar as estreitezas do psicologismo e do fisiologismo, o enfoque não deve ser dado nem no âmbito psicológico, tampouco somente literário, pois, ambos constituem um mesmo processo que parte de uma experiência vital até chegar à intuição da obra literária a ser produzida literaria e criativamente na linguagem humana.

5) A sagrada escritura é a Palavra de Deus ou somente contém a Palavra de Deus? Explique.
Para responder a esta questão a constituição dogmática do Concílio Vaticano II Dei Verbum, nos trás a compreensão mais clara desta relação: “as Sagradas Escrituras contém a Palavra de Deus, e, pelo fato de serem inspiradas são verdadeiramente a Palavra de Deus” (DV. 24). Embora na Bíblia ela não nos seja oferecida diretamente, uma vez que está por vontade do próprio Deus submetida a contingência da linguagem humana, ela é seu testemunho mais fiel, não pode dizer todo o mistério, mas nos disse o que um homem podia nos dizer (Agostinho), mesmo a Bíblia contendo a Palavra de Deus, o acesso imediato a Ela é somente o Logos de Deus, Jesus Cristo.

TEXTO DA BÍBLIA E CRÍTICA TEXTUAL

Boa noite pessoal, a paz do senhor A todos.
Depois de longo tempo afastado, consegui novamente publicar material no blog.
Este material é de minha cadeira de Introdução a Bíblia no Seminário Paulo VI. É o inicio de alguns outros materiais que publicarei, e fala da introdução de exegese e Hermeneutica, de como devemos começar a entender as escrituras sagradas.
Boa Leitura a todos.

CRITICA TEXTUAL

1) Quatro regras básicas para crítica textual.
        1. A leitura mais difícil: onde apresenta mais chance de ser original.
        2. A leitura mais breve: onde no curso da transmissão de um texto, produz-se uma tendência a ampliação do texto ou a repetição de passagens paralelas.
        3. A leitura que explica a origem das demais: onde é preferível estas.
        4. A leitura que difere dos seus paralelos: onde é a leitura que difere de seus paralelos e as que mostram sinais de assimilação a estes.

2) Crítica externa: Atitudes a evitar e regras a seguir.
1. ATITUDES A EVITAR.
        1. Dar a última palavra à autoridade dos autores.
        2. Última palavra ao número de manuscritos.
        3. Última palavra à antiguidade.
2. REGRAS A SEGUIR.
        1. A leitura mais garantida é a mais antiga.
        2. O número maior ou menor de manuscritos que reproduzem uma determinada leitura.
        3. A maior ou menor difusão geográfica do manuscrito.
        4. A documentação mais ou menos precisa no tocante à data, origem, caráter e filiação genealógica.
        5. Coligações de diversas variantes do texto.

3) Crítica Interna: princípios e três critérios básicos.
1. PRICÍPIOS.
        1. A maior adequação de uma leitura ao estilo literário e as tendencias teológicas do autor e de sua obra.
        2. A maior adequação da leitura ao grego Koiné, em contraposição ao grego ático.
        3. Maior adequação às formas de expressão semíticas.
        4. O menor grau de adequação ao contexto ou de harmonização com passagens paralelas do NT ou com citações e passagens do AT.
        5. A leitura que explica as diferenças variantes e a que se deve escolher.
2. OS TRES CRITÉRIOS BÁSICOS.
        1. È preferível aquela leitura que explica a origens das demais.
        2. É preferível a leitura mais difícil.
        3. É preferível a leitura mais breve.
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